Estratégias de grantmaking: o caso da B3 Social

 22 de maio de 2023 
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A B3 Social é uma associação sem fins lucrativos responsável pela atuação social da B3, a bolsa do Brasil, formalmente constituída em 2007 para contribuir com a redução de desigualdades sociais no Brasil. 

Por meio da busca ativa de organizações, apoia programas, projetos ou ações com atuação baseada em evidências que promovam melhorias estruturais na educação pública brasileira. 

O apoio às organizações da sociedade civil (OSC) e seu programa de voluntariado estão conectados a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como o ODS 2, que versa sobre fome e agricultura sustentável; o ODS 3, sobre saúde e bem-estar; o 4, sobre educação de qualidade para todos; o 5, sobre igualdade de gênero; o 8, sobre trabalho decente e crescimento econômico; o 10, sobre redução das desigualdades e, finalmente, o 17, sobre parcerias e meios de implementação. 

Atualmente, são duas categorias de investimentos: por recurso e apoio direto e via leis de incentivo. 

Confira a seguir a história da criação da B3 Social, as escolhas realizadas quando o assunto é encontrar as organizações sociais que serão apoiadas, as mudanças de rota por conta da pandemia de Covid-19 e os aprendizados durante esses anos de existência. 

O material foi elaborado a partir de conversa com Fabiana Prianti, gerente de investimento social na B3 Social e Julia Salem, analista de investimento social na B3 Social.

 

CRIAÇÃO

Se atualmente a B3 Social tem como propósito contribuir com a redução de desigualdades sociais no Brasil por meio do investimento e financiamento de organizações e projetos que atuem pela melhoria da educação pública brasileira, nem sempre foi assim. 

Em 2007, houve a fusão das bolsas Bovespa e BM&F, que já tinham iniciativas de responsabilidade social e corporativa, só que com enfoques diferentes dos atuais. Naquela época, era realizado, por exemplo, o patrocínio de atletas de alto desempenho, além de um centro de formação de jovens na região do Brás, em São Paulo, que atendia cerca de 300 pessoas por ano. As ações passaram a ser gerenciadas pelo Instituto BM&FBOVESPA.  

Com uma nova fusão, desta vez com a Cetip, que resultou, mais tarde, na criação da B3, a bolsa do Brasil, todas as áreas passaram por uma mesma provocação: rever sua atuação visando maior impacto. Assim, a área de responsabilidade social decide descontinuar os projetos e ações existentes e posicionar a instituição como grantmaker

É criada, então, a partir do Instituto BM&FBOVESPA, a B3 Social, que assume a responsabilidade pela atuação social da companhia.

 

Grantmaker: tendência internacional 

A escolha por ser uma organização única e exclusivamente grantmaker foi baseada em diversos fatores que apontavam para a mesma direção. 

Em um processo de benchmarking com outras organizações para compreender melhor sua atuação, a B3 Social notou que realizar os próprios projetos não seria o melhor caminho para promover avanços e melhorias das desigualdades sociais, pois, considerando as diversas temáticas escolhidas dentro do campo da educação, seria necessário montar um grande time de especialistas e dispor de um altíssimo volume de recursos para investimento. 

Além disso, a organização correria o risco de ficar concentrada em poucos locais de atuação, não sendo o ideal ao considerar o tamanho e a complexidade do Brasil, sobretudo na pauta das desigualdades, e o impacto em escala que a B3 Social desejava. 

A B3 Social é uma financiadora de projetos, o que permite atuar com escala e eficiência, apoiando iniciativas sociais com ações baseada em evidências. A organização usa seu conhecimento em gestão, impacto e avaliação de resultados para selecionar e financiar projetos sociais via doação direta ou leis de incentivo fiscal.

Além disso, ao observar o cenário mundial, como institutos e fundações corporativas, empresas de tecnologia, bancos e outros pares da B3, notou-se a tendência de apoiar projetos de terceiros em detrimento de um perfil implementador de projetos próprios, o que também foi comprovado em diversas análises de relatórios produzidos pelo GIFE, que sublinha a tendência de um investimento social privado (ISP) mais doador e menos executor.

A ideia, portanto, é reconhecer que muitas pessoas e organizações competentes e eficientes já contam com amplo conhecimento sobre temas diversos na educação e estão realizando bons projetos e ações que precisam de apoio nos territórios.

 

A escolha por educação 

Ao optar por ser grantmaker, a B3 Social decidiu apoiar projetos que contribuíssem no combate às desigualdades sociais e, para isso, optou pelo pilar da educação pública.

No processo de redefinição de sua estratégia, a organização entendeu que estava muito focada em indivíduos concentrados em São Paulo, quando, na verdade, o intuito era produzir impactos e mudanças estruturais a nível nacional. A isso, somam-se evidências de que a educação pública de qualidade é um dos principais pilares para a transformação social, com o potencial de alavancar o crescimento do Brasil. 

Entretanto, mesmo com esse direcionamento, ainda se tratava de um tema muito amplo, sendo necessário afunilar ainda mais as possibilidades de investimento.

Em 2019, a organização contrata um instituto de economia em educação que apoia o processo de definição das frentes prioritárias de atuação dentro da educação, com a lógica de onde o investimento social poderia alavancar desafios importantes. São elas: 

  1. Alfabetização;
  2. Combate ao abandono e evasão escolar; 
  3. Desenvolvimento de habilidades socioemocionais; 
  4. STEM (sigla em inglês para designar as disciplinas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática); 
  5. Formação para a vida e o trabalho.  

 

PRÁTICAS

Princípios e critérios transversais 

A B3 Social conta com uma matriz de alinhamento estratégico utilizada para avaliar os apoios que serão realizados nas dimensões estratégica e de complexidade. Os critérios dessa matriz informam a escolha de todos os projetos apoiados, permitindo uma comparação analítica do potencial de alinhamento de todos os projetos com a estratégia da B3 Social. 

Um dos critérios de seleção é que a ação, projeto, programa ou organização tenha um olhar intencional e direcionado para a questão da diversidade e inclusão. Isso significa que um projeto que faça formação de jovens para o mercado de trabalho, por exemplo, deve apresentar estratégias, ações e metas especialmente direcionadas para recortes como meninas, mulheres e pessoas negras. 

Outros critérios relevantes são: o potencial que o projeto tem de influenciar políticas públicas, a atuação em diversos territórios, buscando promover a descentralização dos recursos do investimento social privado do eixo Rio-São Paulo, bem como atuação de forma estruturante e escalável, devido à crença de que são essas as iniciativas com maior capacidade de promover impacto social duradouro.

Outro critério relevante é o projeto ou ação ser baseado em evidências. No edital da B3 Social, a organização solicitante deve preencher os tipos de evidência utilizados para a concepção do projeto proposto, como teoria da mudança, estudos científicos, análises de dados, entre outros. O objetivo é demonstrar se o projeto tem, de fato, potencial de gerar impacto. Esse critério é associado a outros, como a capacidade de monitorar e avaliar os resultados de curto e longo prazo.

A B3 Social conta, ainda, com dois princípios de atuação que regem todo o modelo de atuação, desde a prospecção de projetos até a avaliação: a confiança na expertise das organizações apoiadas e transparência nos critérios de seleção, avaliação e monitoramento. 

Mesmo com todos esses critérios e premissas, a B3 Social ainda sentia falta de uma base de evidências científicas mais robusta para apoiar a escolha dos projetos, diante não só da grande diversidade de tipos de projeto apoiados, mas também a dificuldade em comparar projetos com atuações distintas. Por isso, em 2022 a organização deu início à construção de sua teoria da mudança, o que trouxe um novo olhar para o potencial de impacto e indicadores das propostas avaliadas. 

 

Filantropia estratégica

O princípio da confiança nas organizações conversa diretamente com a filantropia estratégica, abordagem de atuação no qual a B3 Social se inspira. Em linhas gerais, esse modelo coloca o impacto em primeiro lugar e tem como característica principal uma parceria personalizada, financeira e não-financeira, com apoio estratégico no longo prazo e gestão e mensuração de impacto, sempre baseada em dados e evidências. O objetivo é fortalecer a estrutura, a gestão e os processos das organizações apoiadas, trazendo aspectos não financeiros para as organizações, como uso de dados, conexões e participações em eventos, por exemplo.

Foi o processo de construção da teoria de mudança que permitiu à B3 Social criar uma nova classificação dos projetos, que ajuda na avaliação das iniciativas apoiadas e permite a identificação baseada em evidências sobre como cada projeto se conecta com a redução de desigualdades sociais, que é a missão da B3 Social. São três os pilares de impacto: 

  1. No indivíduo – projetos e iniciativas com foco direto em questões enfrentadas por indivíduos; 
  2. Na comunidade/escola – projetos e iniciativas com impacto que vai além dos beneficiários diretos, mas também nos arredores e fortalecendo a comunidade escolar;
  3. No sistema – projetos e iniciativas que atuam de forma mais ampla, com potencial de influenciar políticas públicas de educação. 

 

Reduzindo o funil: modelo de seleção 

O modelo de seleção das organizações e projetos que serão apoiados pela B3 Social se dá exclusivamente por carta convite. Ao longo do ano, a B3 Social faz uma prospecção ativa, isto é, recebe indicações e busca organizações que atuam por uma mudança estruturante na educação pública brasileira. Nesse processo, a equipe já observa quais instituições mais se alinham com sua matriz estratégica e teoria da mudança. 

A partir daí, as organizações escolhidas são convidadas a submeter projetos. A aplicação dessas iniciativas requer tempo e dedicação, uma vez que o volume de documentos a serem preenchidos é alto. O processo de due diligence (processo de investigação e análise aprofundada sobre uma organização ou empresa) é rigoroso, com análise de questões que vão desde o funcionamento da organização a ser apoiada até o mapeamento de riscos. Todas as instituições que entram na carteira de apoio da B3 Social passam por esse caminho.

 

Campanha de indicação de organizações 

Anualmente, a B3 Social realiza uma campanha de indicação de organizações junto a seus funcionários. Durante um período, os colaboradores podem indicar organizações sociais para concorrer a um apoio de R$ 10 mil. Em 2022, 148 instituições foram contempladas. Essa é uma maneira da B3 apoiar e reconhecer causas importantes para os funcionários por meio do apoio a pequenas e médias organizações sociais.

 

Vantagens e desvantagens do modelo de carta convite 

– Vantagens: 

  • Otimização do tempo e das equipes das organizações solicitantes, pois somente aquelas que realmente têm condições operacionais e técnicas de passar no processo de seleção serão convidadas a apresentar um projeto;
  • Trata-se de uma seleção mais direcionada e, portanto, amplia as chances de caminhos mais assertivos e resultados mais efetivos;
  • Um número menor de projetos para avaliar permite uma leitura mais aprofundada por parte da B3 Social, aumentando o entendimento do potencial de impacto de cada projeto e permitindo discussões estratégicas e esclarecimento de dúvidas se necessário;
  • Possibilita um feedback individual no caso de não aprovação, tendo em vista o número reduzido de organizações.

– Desvantagens: 

  • Ao realizar prospecção ativa das organizações, é inevitável conversar com as que já estão no circuito de investimentos. Falar com quem está ‘fora da bolha’ é mais desafiador e, assim, corre-se o risco de existir organizações fora do radar que não são alcançadas com esse modelo de seleção. 

 

A relação entre B3 e apoiadas 

A B3 Social busca estabelecer uma relação próxima com cada instituição em sua carteira de investimentos. Além do processo de monitoramento e avaliação, a B3 Social promove uma série de oportunidades formativas para as organizações sociais apoiadas. 

A principal delas é o encontro anual, que reúne as organizações mais estratégicas da carteira para um dia de palestras e trocas na B3. Além desse encontro, são realizados momentos online e conexões individuais entre parceiros, bem como divulgação periódica de conteúdos relevantes para a rede de organizações apoiadas.

Entre as características da relação que a B3 estabelece com as organizações apoiadas estão: 

  1. Autonomia para que a organização social tome as decisões estratégicas do projeto;
  2. Diálogo constante para que o apoio seja também um processo formativo;
  3. Cronogramas e formas de pagamento personalizadas, que façam sentido para cada projeto;
  4. Conexões com outros parceiros para ampliar impacto e atuação em rede; 
  5. Relevância para mensuração e gestão de impacto social; 
  6. A B3 Social sempre busca exercitar a escuta ativa ao ouvir o que as organizações sociais precisam, avaliando como é possível apoiá-las enquanto financiadora de projetos.

 

Monitoramento e avaliação 

A ideia é que cada processo de acompanhamento não seja encarado como uma auditoria, mas como um processo formativo, no qual todos os envolvidos possam aprender e, com isso, elevar o impacto do projeto. 

Tudo é acordado em contrato. Na reunião inicial da parceria, são estabelecidas as metas do projeto e cada organização recebe um kit de acompanhamento, composto pelo relatório padrão – em planilha de excel -, bem como todos os indicadores que serão solicitados nas reuniões trimestrais de acompanhamento, a depender do tema e do pilar de impacto no qual o projeto se encaixa. 

A cada três meses, a organização envia para a B3 Social o relatório preenchido, que passa a ser personalizado para cada iniciativa apoiada. A equipe interna revisa o conteúdo e marca a reunião de acompanhamento com a pauta pré-acordada, em um movimento de promover maior transparência e permitir que a reunião seja um momento de troca e discussão estratégica, e não apenas uma apresentação do que foi feito no período. A ideia é que a B3 Social consiga dividir sua visão externa enquanto apoiadora que acompanha diversos projetos. 

Por se tratar de projetos muito diferentes entre si, mesmo que atuem no grande tema que é a educação, o acompanhamento é pensado individualmente. Há os indicadores padrão para projetos que atuam nos mesmos temas e pilares de impacto e os indicadores específicos para cada proposta. 

Além disso, os projetos são avaliados utilizando os mesmos critérios de seleção da matriz de alinhamento estratégico. Ou seja, se no momento da seleção uma organização recebeu nota máxima em ‘influenciar políticas públicas’, esse é um dos principais indicadores que será observado no acompanhamento, com o objetivo de avaliar se o projeto está atingindo o potencial de impacto previsto no momento da sua aprovação.

Nos relatórios de acompanhamento, são solicitados indicadores quantitativos e qualitativos, como depoimentos e histórias de sucesso, com bastante espaço disponível para a organização comentar o que julga relevante. Todos os relatórios passam por um processo de análise interna na B3 Social, e são devolvidos às organizações com comentários e observações em tom propositivo. O modelo costuma ser bem recebido pelas instituições, que se sentem olhadas em suas particularidades por uma equipe interessada no aprimoramento das práticas realizadas. 

Ao final de cada período de acompanhamento (realizados quatro vezes ao ano), o time de monitoramento apresenta para toda a equipe da B3 Social e lideranças internas os resultados de cada projeto, os destaques e pontos de atenção, permitindo conversas estratégicas sobre direcionamentos futuros.

 

Continuidade do apoio

A B3 Social não tem uma regra que determina a duração de seus apoios, que são analisados caso a caso. Para solicitar apoio para um novo projeto ou renovação de apoio, a organização precisa passar novamente pelo processo seletivo, que é aberto anualmente.

No momento de definição de quais organizações serão convidadas na carta convite, o time de acompanhamento e avaliação apresenta ao time de prospecção os resultados de todos os projetos aprovados anteriormente, para definição de quais serão convidados para submeter um novo projeto e quais não obtiveram os resultados esperados. Quando o projeto não está atingindo os resultados, são marcadas reuniões para discussão dos pontos de atenção de forma transparente. Dessa forma, no caso de não renovação, a organização é informada anteriormente a respeito dos pontos de atenção na implementação do projeto.  

 

APRENDIZADOS

Desafios e mudanças de rota 

Prestes a iniciar sua primeira rodada de seleção de organizações no seu novo modelo de atuação, a B3 Social precisou mudar os planos em razão da pandemia de Covid-19. Com isso, todo o recurso reservado para aquela rodada foi destinado ao combate dos impactos da pandemia, além de o conselho aprovar, de maneira perene, um aumento considerável de recursos anuais a serem destinados para projetos sociais. Durante a pandemia, os recursos doados foram destinados para projetos ligados à saúde, alimentação e renda. A B3 Social ainda realiza apoios na frente emergencial, mas em menor escala se comparado aos aportes de 2020. 

Outra mudança importante no planejamento da B3 Social foi a forma com a qual os projetos eram analisados e comparados internamente. No início da organização, todas as iniciativas eram comparadas entre si, o que gerava análises não equiparáveis, tendo em vista que as propostas não tinham a mesma área de atuação. Por isso, a B3 Social optou por criar os três pilares de impacto, o que facilitou as comparações entre projetos com semelhanças entre si. 

Além desses, outros desafios surgiram ao longo do processo: 

– Foco: ter um desenho bem definido dos temas de atuação da B3 Social, de forma a não expandir em excesso; 

– Expectativa de mensuração do impacto: em muitos casos, sobretudo em um campo complexo como educação, são necessários investimentos de médio e longo prazo para que seja possível notar mudanças. Por isso, a pergunta ‘qual foi o impacto?’, com a expectativa de um valor numérico, deve ser encarada com cuidado. Nesse sentido, é importante um processo de elucidação para quem não atua no setor; 

–  Alinhamento do conselho: ter o apoio do conselho da instituição, seja empresarial ou familiar, é importante e conecta-se com o desafio da expectativa de mensuração do impacto. Se o conselho compreender de forma nítida os processos de investimento e os resultados, as reuniões e alinhamentos acontecerão com maior facilidade; 

Menos auditoria, mais acompanhamento qualitativo: durante seu primeiro ano, a B3 Social promoveu um acompanhamento semelhante aos moldes de uma auditoria. Porém, tendo em vista que seu objetivo era estabelecer uma relação de parceria com as organizações, passou a promover acompanhamentos com caráter formativo, compreendendo que esse era um potencial que agregaria para as organizações.   

 

Aprendizados 

Dezesseis anos depois da constituição oficial da B3 Social, são muitos os aprendizados para que a organização conseguisse potencializar seu modelo de trabalho. Confira a seguir experiências e lições aprendidas durante esse período: 

 

>> Redesenho da área de atuação e cuidado com expectativas 

Pensar intencionalmente as áreas nas quais a B3 Social mais pode fazer a diferença e diminuir, portanto, o número de organizações que são contatadas durante a prospecção foi uma estratégia útil para não criar expectativas que não poderão ser alcançadas posteriormente, já que apenas um número reduzido de organizações conseguem percorrer e passar por todo o processo de due diligence da empresa. 

 

>> Explicar modelo de grantmaking 

Compreender que algumas organizações ainda não conhecem o modelo de grantmaking adotado pela B3 Social, isto é, de fazer o apoio, seja financeiro e não financeiro, juntamente com um acompanhamento da aplicação dos recursos e desenvolvimento das ações foi fundamental para melhorar o diálogo com as organizações apoiadas em prol de relacionamentos poderosos de parceiras, que possibilita ideias em conjunto e conexões. 

 

>> Parcerias e rede 

Compreender e aceitar que uma organização não conseguirá resolver todos os problemas sozinha foi fundamental para a B3 Social, mentalidade que foi transmitida às instituições da carteira de investimentos a partir dos encontros anuais. Em março de 2023, foi realizada a segunda edição, no qual mais de 40 organizações se reuniram para trocar experiências e conhecimentos. Na ocasião, também foi importante que as instituições se reconhecessem como parte de uma rede seleta de organizações que podem realizar projetos entre si. 

 

>> Abrir mão do controle 

Abrir mão do controle foi um grande aprendizado que pode ser observado em diferentes momentos, como no encontro anual das instituições apoiadas, quando a B3 Social incentiva que os conhecimentos circulem de forma mais autônoma, ou a partir de sua compreensão de que as organizações podem ou não seguir as sugestões durante o processo de acompanhamento. Isso significa que, enquanto apoiadora e financiadora, a B3 Social continuará a dar sugestões de caminhos e possibilidades, mas não encerrará o financiamento caso essas orientações não forem acatadas.  

 

>> Importância do feedback voltado aos destaques  

Se no início da B3 Social a equipe focava no que as organizações ainda precisavam melhorar, com o passar do tempo, as reuniões de acompanhamento começaram a destacar para as apoiadas o que elas fazem de melhor. Ou seja, ao mesmo tempo em que é importante reforçar pontos de melhoria, também é necessário elencar diferenciais e fortalezas das instituições.

 

>> Escuta e perfil voltado a melhorias 

A B3 Social tem um perfil de resposta rápida ao erro e voltado a melhorias. Nesse sentido, investe em processos de escuta das organizações apoiadas, com o objetivo de colher feedback sobre suas ações. Todas as instituições que participam do processo de aplicação de projetos, bem como aquelas que encerram um período de apoio, são convidadas a preencher um questionário de satisfação. As respostas são consideradas no desenho das edições seguintes de seleção e apoio. 

 

*Este texto foi elaborado pelo Estudio Cais a partir de entrevista com Fabiana Prianti, gerente de investimento social na B3 Social e Julia Salem, analista de investimento social na B3 Social. Foto de Cauê Diniz.