Racial Equity and Philanthropy: Unlocking Social Progress by Addressing Structural Racism

What if philanthropy did whatever it takes to finally achieve racial equity? What would that look like? For many funders, it is hard to say, but this report can help. Across the United States, organizations, collaboratives, networks, and grassroots efforts are addressing structural racism in their work – and their achievements and lessons learned offer funders a behind the curtain look at what it takes to truly create lasting social change.

Human Rights Grantmaking Principles

These principles are intended to help funders align their grantmaking practices with human rights values. They were developed by Ariadne – European Funders for Social Change and Human Rights, Human Rights Funders Network (HRFN), and Gender Funders CoLab in consultation with their members, peer funder networks, and representatives from civil society organizations that receive human rights funding.

Estratégias de grantmaking: o caso do Instituto Ibirapitanga

Criado em 2017 como uma organização dedicada à defesa de liberdades e ao aprofundamento da democracia no Brasil, a trajetória do Instituto Ibirapitanga se difere da história de outros institutos e fundações com características semelhantes. 

O cineasta Walter Salles e seu irmão e documentarista, João Moreira Salles, vivenciaram, durante aproximadamente dois anos, um processo de aprendizado para conhecer mais a fundo o trabalho de organizações da sociedade civil (OSC) e a natureza da filantropia no Brasil. Ao final desse período, fundaram os Institutos Ibirapitanga e Serrapilheira. 

À frente da concepção do Ibirapitanga, Walter Salles estudou causas que encontravam ressonância com suas preocupações pessoais e analisou o cenário atual do Brasil em busca de agendas nas quais um instituto de caráter doador tivesse maior potencial de contribuição.

Confira a seguir o percurso de criação do Instituto, suas práticas e escolhas quando o assunto é apoiar e incentivar o avanço de agendas socioambientais no país. O material foi elaborado a partir de conversa com Andre Degenszajn, diretor presidente do Instituto Ibirapitanga.  

 

CRIAÇÃO

A vontade por uma contribuição sistemática em causas e agendas socioambientais no Brasil foi a principal motivação para a fundação do Instituto Ibirapitanga. 

A organização foi fundada em 2017 por uma vontade do cineasta Walter Salles em criar algo mais significativo em termos de instituição que pudesse contribuir com causas socioambientais, uma vez que já realizava apoios mais pontuais e menos sistemáticos. Desde então, o Instituto opera com recursos próprios a partir dos rendimentos de um fundo patrimonial. 

Algumas características pessoais de Walter Salles ajudam a explicar o caminho percorrido pelo Instituto. Apesar do desejo de criar uma organização para reunir ações de investimento em desafios e agendas importantes para o Brasil, não havia uma causa definida de antemão, já que o doador nunca se percebeu como um filantropo. Walter Salles acreditava que o Ibirapitanga não deveria ser um reflexo de seus desejos e interesses pessoais, mas que, a partir de seu trabalho, encontrasse questões pertinentes e relevantes em uma área na qual pudesse produzir contribuições significativas. 

 

Jornada de aprendizado 

Partindo da motivação compartilhada em realizar investimentos mais estruturados, Walter Salles e seu irmão, o documentarista João Moreira Salles, passaram por um período de aprendizado de cerca de dois anos, quando conheceram experiências, organizações, fundações e associações dentro e fora do Brasil. 

A dupla transitou por diversos espaços e organizações, como o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), e conheceu pessoas como Andre Degenszajn, atualmente diretor presidente do Instituto Ibirapitanga, e Ana Toni, que, por meio da Gestão de Interesse Público Pesquisa e Consultoria (GIP), estruturou diversas conversas e reuniões para que os irmãos pudessem compreender um pouco mais sobre o ambiente da sociedade civil e da filantropia. 

Em sequência a esse processo, Walter Salles procurou Andre para apoiá-lo na estruturação do que viria a ser o Instituto Ibirapitanga, enquanto João Moreira Salles seguiu com a criação do Instituto Serrapilheira, dedicado a apoiar o desenvolvimento da ciência no Brasil. 

 

Imaginação institucional 

A primeira etapa de elaboração do Instituto foi chamada de imaginação institucional, um período de conversas iniciais para explorar questões gerais de interesse do doador e discutir o perfil geral da organização que seria criada. 

Nessa fase, já com a participação da Iara Rolnik, que viria a assumir a posição de diretora de programas do Instituto Ibirapitanga, foram feitas doações quase que experimentais, antes que o Instituto fosse de fato consolidado e suas estratégias programáticas definidas. Essa foi uma forma de gerar aprendizado conforme o processo se desenvolvia.

Uma das poucas definições de partida trazidas por Walter foi a escolha do nome Ibirapitanga. A palavra tem origem tupi-guarani e é uma das nomenclaturas do pau-brasil. ‘Ybirá’ significa pau ou árvore, e pitanga, vermelho, uma referência à coloração do cerne do seu tronco, utilizado no tingimento de tecidos, e faz alusão à retomada de uma identidade própria do Brasil a partir da ibirapitanga, algo originário do país e expropriado pelos colonizadores.

Seja pelas suas qualidades, seus usos ou sua ausência, a ibirapitanga traz na sua história as marcas da construção do Brasil. Como destaca o escritor Eduardo Bueno no epílogo de Pau-brasil (2002), ela seria “a metáfora mais bem acabada, mais perfeita e mais pertinente dos recursos naturais do Brasil; o símbolo botânico da usurpação de nossa cidadania e de nossa própria omissão ao longo do processo”.

O Instituto Ibirapitanga é, então, criado em 2017 como uma organização dedicada à defesa de liberdades e ao aprofundamento da democracia no Brasil. 

 

Por que ser grantmaker

Foi nessa fase de imaginação institucional, antes mesmo de definir as estratégias programáticas do novo instituto, que ficou decidido que o Ibirapitanga se constituiria como uma organização doadora (grantmaker). 

A opção foi por apoiar organizações, movimentos e coletivos da sociedade civil brasileira que desejam produzir transformações estruturais positivas no país. 

Assim, a escolha por realizar doações se dá a partir da visão de transformação que a equipe do Instituto tem, a qual defende que a sociedade brasileira conseguirá lidar com problemas e desafios estruturais à medida que contar com organizações da sociedade civil fortalecidas, colaborando e interagindo entre si, formulando suas próprias teorias de mudança, construindo coalizões e estratégias de enfrentamento e exercendo controle social sobre o governo. 

Outro ponto que contribuiu para a escolha foi a percepção de que potenciais soluções para desafios socioambientais encontram-se muito mais em organizações que atuam nos territórios ou na linha de frente do que nos financiadores. Nesse sentido, é necessário ativar esses conhecimentos, provocar as organizações e estimular o trabalho. 

Entretanto, é válido ressaltar que o papel de um doador não é algo distanciado, mas sim uma interação com as organizações atuantes em um processo de reconhecimento de ativos, capacidades e conhecimentos da sociedade civil, o que, por sua vez, possibilita a alocação de recursos e estabelecimento de diálogo para enfrentamento coletivo de problemas que, na maioria dos casos, não são solucionáveis apenas por uma iniciativa ou organização. 

 

Definindo a atuação: a importância do potencial de contribuição  

Mesmo que não tivesse uma única causa orientadora, a estruturação do Instituto precisava de um ponto de partida. Por isso, diversas conversas foram realizadas inicialmente para entender quais, dentre as diversas causas que mobilizavam o doador, poderiam se constituir como um programa consistente, relevante e viável.

Mais do que observar a relevância dos temas, considerando a impossibilidade de elencar em ordem de importância as agendas socioambientais, foram consideradas as áreas nas quais o Instituto poderia trazer contribuições mais significativas, o que também incluía observar a existência ou não de um campo de trabalho promissor, a demanda de atuação na área em questão, o sistema de financiamento, as redes estabelecidas, entre outros pontos. 

Uma linha que foi definida com certa rapidez foi a de equidade racial. Já a outra frente de ação surgiu, de início, orientada à redução no uso abusivo de agrotóxicos. Por ser uma área ainda pouco consolidada, foram pesquisadas organizações e especialistas para que a equipe analisasse a viabilidade ou não de um programa a partir deste campo. Depois de um período de estudos, foi definido o recorte de apoio à construção de sistemas alimentares justos, saudáveis e sustentáveis. 

A atuação do Instituto é organizada, então, em dois programas: Sistemas alimentares e Equidade racial, cada qual com três linhas prioritárias para apoio a iniciativas.  

As duas áreas foram escolhidas pela equipe por considerarem ambas definidoras para o desenvolvimento do país e para sua inserção internacional. São agendas críticas para definir a qualidade da democracia brasileira, para a redução das desigualdades e para limitar os impactos sobre o clima e a saúde das pessoas.

 

Processos participativos 

Todo o processo de definição das estratégias programáticas e áreas de atuação do Instituto Ibirapitanga foi participativo. 

O processo de definição das duas frentes de atuação foi acompanhado por diálogos com mais de 100 atores e organizações em cada uma das áreas para compreender as questões, reconhecer os desafios, dilemas e oportunidades de incidência, além de começar o processo de construção de legitimidade do Instituto. 

Esse é um dos momentos centrais que marca o início da trajetória do Ibirapitanga. Se na etapa de imaginação institucional havia sido definida a criação de um Instituto para apoiar OSCs, a equipe entendeu que um dos primeiros passos desse processo deveria ser uma ampla escuta de integrantes do setor, com o objetivo de compreender como eles percebem os desafios e soluções possíveis e o potencial de contribuição de um novo instituto como o Ibirapitanga. 

A experiência foi fundamental, pois permitiu conhecer mais sobre os temas e iniciar um campo de relacionamento para a nova instituição. Nesse processo, o Instituto contou também com o apoio e contribuição de especialistas para ajudar a estabelecer o contorno da estratégia em cada uma das áreas.

Na frente de Equidade racial, participaram Sueli Carneiro, filósofa, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora executiva do Geledés Instituto da Mulher Negra, e Denise Dora, advogada, defensora de direitos humanos e diretora regional da Artigo 19, organização internacional que defende a liberdade de expressão e informação. Já na frente de Sistemas alimentares, colaborou Ricardo Abramovay, professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Atualmente, os três integram, juntamente com Walter Salles e outros profissionais, o conselho de administração do Ibirapitanga.

As conversas com os especialistas foram seguidas de dois encontros com ativistas e pesquisadores para momentos de imersão, que deram origem às duas primeiras publicações do Instituto Ibirapitanga, seguindo seu princípio de sistematização, produção e divulgação de conhecimento sempre que possível. 

 

PRÁTICAS

Programas e linhas prioritárias 

O Instituto Ibirapitanga organiza sua atuação em dois programas: Sistemas alimentares e Equidade racial. 

O primeiro, com o objetivo de contribuir para a construção de sistemas alimentares saudáveis, justos e sustentáveis, conta com as seguintes linhas prioritárias: 

  • Abordagens sistêmicas sobre alimentação; 
  • Alimentação e saúde;
  • Transição para sistemas alimentares sustentáveis. 

Já o programa Equidade racial, ao reconhecer o racismo como elemento estrutural das desigualdades no Brasil, apoia iniciativas nas linhas prioritárias: 

  • Ampliação da representatividade simbólica e política da população negra;
  • Consolidação das iniciativas de ação afirmativa;
  • Fortalecimento de movimentos antirracistas. 

Apesar de ter programas e linhas definidas, não se tratam de medidas imutáveis. As linhas prioritárias do programa Sistemas alimentares, por exemplo, foram recentemente reformuladas. Os parâmetros, portanto, devem ser revistos sempre que necessário para que possam dialogar com o contexto e o cenário atual, possibilitando, inclusive, uma eventual incorporação de novas temáticas. 

 

Submissão simplificada 

Enquanto uma instituição grantmaker, o Instituto prioriza parcerias com iniciativas que dialogam com suas prioridades e linhas programáticas, que são selecionadas por meio de: identificação direta (carta-convite) ou editais específicos, ambos via apresentação de propostas por meio de seu sistema de gestão de doações. 

Um diferencial da prática do Instituto é a abertura permanente a propostas não solicitadas: a todo momento, qualquer organização que desejar submeter uma proposta ao Ibirapitanga pode fazê-lo via site, mesmo que não conheça ninguém da equipe do Ibirapitanga para intermediar o processo.  

O Instituto também optou por criar um processo de submissão simplificada das iniciativas para financiamento. Na primeira etapa, as interessadas devem preencher uma carta de intenção, que consiste em um documento mais curto, apenas para que o Instituto possa compreender aspectos básicos da organização, bem como linhas gerais do projeto. Caso essa tenha alinhamento com a estratégia e se houver a possibilidade de apoio, a proponente é convidada a apresentar uma proposta completa e detalhada, que então é avaliada internamente. 

Em alguns casos, a ideia apresentada inicialmente encontra ressonância junto ao Instituto, mas ainda precisa ser melhor desenvolvida. Nessas ocasiões, o Ibirapitanga realiza um processo de diálogo com a organização para refinamento da submissão e uma nova avaliação. 

Com esse formato, a ideia é que o maior filtro de propostas aconteça justamente na primeira fase, o que desobriga as instituições a arcarem com os custos para elaborar projetos extensos e complexos de submissão e que podem não receber apoios.  

O Instituto também solicita que, no momento de submissão, as inscritas indiquem a qual linha prioritária a iniciativa se alinha melhor, como uma forma de evidenciar desde o princípio as prioridades de atuação do Instituto. 

 

Pouco controle, mais confiança 

Um dos princípios do Instituto Ibirapitanga na relação com as instituições apoiadas é exercer menos controle sobre o que pode ou não ser feito com os recursos financeiros repassados. Na maioria das vezes, quando um apoio é concedido, a beneficiada pode custear qualquer tipo de despesa com o recurso, mesmo que ao longo da execução a proposta inicialmente apresentada ao Instituto seja alterada. 

Uma das únicas solicitações é que a equipe do Ibirapitanga seja informada sobre mudanças significativas ao longo da parceria. O princípio dessa postura é o fato de que o Instituto confia que as organizações têm capacidade de tomar a melhor decisão sobre a alocação de recursos a cada momento de sua trajetória. 

A mesma lógica se aplica na prestação de contas. Para o Instituto, trata-se menos de uma forma de controle do que está sendo feito e mais um instrumento para compreender a lógica do trabalho realizado. Dessa forma, cada entidade deve apresentar um relatório final – narrativo e financeiro – que descreve o que foi implementado de fato com o recurso recebido. 

 

APRENDIZADOS

Passados cinco anos de atuação desde sua criação em 2017, o Instituto Ibirapitanga teve a oportunidade de ocupar diferentes espaços, debater e dialogar com múltiplos atores, sentar-se à mesa com organizações de inúmeros portes, desenhos e configurações. Tudo isso trouxe conhecimento e aprendizados em sua trajetória. Confira alguns saberes e desafios que o Instituto carrega:

 

Uso de estratégias complementares às doações 

Com a prática, o Instituto percebeu que, além das doações, poderia ter um papel mais ativo no fortalecimento institucional das organizações, apoiando suas capacidades ou promovendo o aprendizado entre pares. Assim, em 2022, realizou um projeto piloto de um programa de fortalecimento institucional. Foram escolhidas seis organizações que já recebiam apoio do Ibirapitanga para terem sessões de diálogo com consultoras visando identificar desafios e criar interação entre elas. A experiência vai até o primeiro trimestre de 2023 e, então, será analisada internamente a possibilidade de criação de uma estratégia mais ampla nessa frente. 

 

Potencial de cruzamento dos programas 

Quando o Instituto teve início em 2017, os programas se desenvolveram paralelamente e operavam a partir de lógicas distintas, sem alinhamento entre si. Com o passar do tempo, a necessidade de buscar intersecções entre os programas tornou-se evidente, de modo a evitar que se constituíssem de maneira dicotômica: de um lado, um programa constituído quase integralmente por organizações negras, na linha de Equidade racial; do outro, quase todas as organizações brancas beneficiadas na linha de Sistemas alimentares. Por isso, passou a promover intersecções entre as duas temáticas, o que, inclusive, conferiu mais coerência ao trabalho desenvolvido pelo Instituto.  

 

Desafio quanto ao sistema de monitoramento 

Para acompanhar os apoios concedidos, o Instituto Ibirapitanga desenvolveu um processo de monitoramento das doações. Entretanto, a equipe está estudando a melhor forma de funcionamento da solução, que ainda exige muito tempo de leitura de relatório, feedback e interação com as organizações. Na prática, a gestão desse sistema exige mais tempo do Ibirapitanga e das organizações apoiadas do que seria desejável.

 

Protagonismo versus suporte 

Considerando que o Ibirapitanga concede apoios para fortalecer o trabalho desenvolvido pelas OSCs e optou por ser um Instituto que trabalha para ampliar espaços de participação, incidência e atuação de terceiros, o resultado dessa mobilização não deveria ser um protagonismo do próprio Ibirapitanga, que se enxerga mais como uma organização de suporte. Mas a equipe tem identificado que, em certos momentos, é interessante e importante que o Instituto tenha uma voz pública mais forte. O desafio atual é equilibrar esses dois lados: ter alguma projeção e, ao mesmo tempo, abrir espaço e dar suporte ao protagonismo de outras organizações. 

 

*Este texto foi produzido com a colaboração de Andre Degenszjan. Foto de Valentina Fraiz / Acervo Ibirapitanga.

Generosity and Impact Aren’t Enough: Let’s Judge Philanthropy on How Well it Shifts Power

The writer and editor Tate Williams has developed an uneasy ambivalence toward philanthropy over the years he has been writing about it. It stems from a kind of inner conflict over the fact that nearly every case of philanthropic impact is also a case of concentrated wealth exerting its power. This time, he writes about a new concept that may change the way to measure philanthropy: the shifting power.

How can power-shifting philanthropy learn from power-shifting programmes?

When a philanthropist takes a power-shifting approach to deciding who, when and how to donate then the impact of that gift is transformed. This article details what’s necessary to start making power-shifting in philanthropy possible.

Resetting the Grantor-Grantee Relationship

Simple changes in mindset and behavior can break the cycle of strain and mistrust in grantor-grantee relationships. In this way, Matthew Forti and Dave Peery share some examples, based on their experiences, that provide an illustration of how to build better relationships to unlock real value for the communities both – grantors and grantees – serve.

Project Grants Still Need Not Be the Enemy: An Equity-Oriented Update One Year Later

On a CEP blog post, Rodney Christopher made a controversial statement: that institutional funders do not have to defend or explain why multiyear general operating support (MYGOS) is not their primary form of funding. In this post, he argued that project grants need not be the enemy. If funders adequately and fairly account for overhead costs within project grants, they can be an important tool to combatting the nonprofit starvation cycle, especially when they are multi-year. One year later, here is an update on that discussion.

Estratégias de grantmaking: o caso do Instituto ACP

Muito antes de definir as duas estratégias centrais do Instituto ACP – o investimento direto em organizações da sociedade civil (OSCs) referência em suas áreas de atuação e apoio a iniciativas de escala, que possam fortalecer e beneficiar o conjunto das OSCs -, Antonio Carlos Pipponzi, com o desejo de deixar um legado, reúne a família para que possam investigar suas vocações filantrópicas e aprender conjuntamente sobre a atuação da sociedade civil organizada. 

Durante cerca de um ano, filhos e sobrinhos tiveram a oportunidade de entender de perto o funcionamento do terceiro setor a partir de doações e acompanhamento de organizações do campo. Os aprendizados reunidos a partir dessa experiência, bem como outras vivências e trajetórias, somadas a inúmeros alinhamentos e planejamentos, deu origem ao instituto familiar em 2019, que atua a partir de apoio para o desenvolvimento e fortalecimento institucional a organizações da sociedade civil que atuam em diferentes agendas e iniciativas que contribuem para fortalecer o próprio campo e pautar esta agenda.

Confira como é a implementação e as estratégias de grantmaking adotadas pelo Instituto ACP. O material foi elaborado a partir de conversas com Erika Sanchez Saez, diretora executiva do IACP, e Rodrigo Pipponzi, fundador doador do IACP e presidente do Conselho.

 

CRIAÇÃO

Um pouco da história: falar sobre o Instituto ACP é falar sobre uma expertise familiar que foi canalizada em um instituto familiar. 

Criado oficialmente em 2019, o Instituto ACP, que traz o nome de Antonio Carlos Pipponzi, foi criado pela segunda geração de uma família empresária. Antes de reunir a atuação social da família em um mesmo escopo, vivenciaram um período de reflexão e dedicação para compreender as vocações filantrópicas e quais caminhos poderiam seguir no ecossistema da filantropia brasileira. 

O filho mais velho de Antonio Carlos, Rodrigo Wright Pipponzi, enquanto empreendedor, fundou a Editora Mol, um negócio de impacto social cuja renda das publicações se transforma em doações a OSCs, o que o permitiu transitar e discutir diariamente esse ambiente da sociedade civil.

A mudança de posição de Antonio Carlos – de presidente da empresa para presidente do Conselho – possibilitou que passasse a pensar em novas maneiras de colaborar com o desenvolvimento do país. Além disso, a trajetória profissional de Rodrigo influenciou que o pai olhasse com mais profundidade para o tema da doação e para a importância da atuação das organizações da sociedade civil. 

Com o desejo de deixar um legado, Antonio Carlos Pipponzi convida seus filhos e sobrinhos a pensarem sobre a criação de um instituto familiar. Durante um ano de aprendizado conjunto, com apoio de uma consultoria, conhecem mais do terceiro setor por meio do acompanhamento de doações experimentais para OSCs escolhidas pelos membros da família por serem atuantes em causas que faziam sentido para cada um.

Com o fim da experiência, a família decide criar o Instituto ACP para centralizar todo o processo de filantropia e investimento social privado. 

 

Trajetória familiar e potencial de mudança 

A trajetória empreendedora da família Pipponzi e o processo de investimento em organizações da sociedade civil deu pistas de um possível nicho de atuação e foco a ser escolhido para o novo Instituto. Durante a vivência de investimento nas OSCs, foi possível identificar desafios estruturais e institucionais comuns a grande parte das organizações, desde dificuldades de pagar contas no dia a dia, atrair e reter talentos até ampliar seu conhecimento técnico para gestão.

A experiência de Rodrigo na Editora Mol também ajudou a direcionar a escolha da causa de atuação do IACP, já que o empreendedor notava desafios semelhantes em todas as organizações apoiadas pela Mol. A importância do que chama de “verba não carimbada”, isto é, que não é destinada a um projeto específico e pode ser usada da forma que a organização identificar como fundamental para sua atuação, começou a chamar sua atenção durante sua experiência na Editora Mol. 

Ao mesmo tempo, a família identifica um desejo grande de não apenas doar, mas participar das parcerias e contribuir com as organizações para além do investimento financeiro. Entende, também, que a sua contribuição potencial é maior em temas relacionados ao desenvolvimento da gestão e governança das organizações.

Percebendo que essa é uma demanda não atendida das OSCs e que esse posicionamento seria inovador e estratégico no campo da filantropia brasileira, define-se o foco do Instituto ACP, criado formalmente em 18 de abril de 2019.

O Instituto ACP é, então, criado com o propósito de contribuir para o fortalecimento institucional das organizações da sociedade civil brasileira para que sejam vetores de desenvolvimento do país. 

 

Por que ser doador? 

Segundo o Mapa das Organizações da Sociedade Civil, existem hoje, no Brasil, 815.676 OSCs. Nesse universo, há muitas iniciativas com impacto comprovado, mas que carecem de recursos de financeiros ou que poderiam alcançar melhores resultados se não existissem tantas sobreposições de ações ou se o setor atuasse ainda mais em colaboração, algo que avançou, mas que precisa ser ainda mais fortalecido.

Um ponto crucial nesse contexto, que vem sendo debatido nos últimos anos por organizações do campo, como o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), é a importância do fortalecimento institucional das organizações da sociedade civil e o reconhecimento de que a filantropia brasileira ainda é muito executora de projetos próprios. 

Atenta a esse cenário, a equipe decide que o IACP seria uma organização grantmaker, isto é, majoritariamente doadora de recursos. Dessa forma, pode não apenas incentivar que outras instituições façam a mesma escolha, mas também potencializar organizações apoiadas com possibilidade de incentivar outros movimentos, coletivos, grupos e frentes em seus respectivos territórios e causas, além de promover mais escalabilidade, um dos critérios de seleção de organizações do IACP. 

Além disso, o Instituto também desenvolveu, a partir desse perfil escolhido, uma estratégia de atuação que combina as aspirações dos membros com as reflexões que estão sendo feitas no campo da filantropia brasileira. Trata-se, portanto, de um jeito de fazer que coloca como prioridade os desafios e questões que estão sendo debatidos no setor e a interação constante entre quem doa e quem recebe. 

 

PRÁTICAS

Para desenvolver o seu trabalho, o Instituto ACP aposta em duas estratégias centrais.

Na linha estratégica correspondente ao investimento direto, o IACP apoia planos de desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil que são referência em suas áreas de atuação. São exemplos de iniciativas apoiadas: projetos de planejamento estratégico e tático; fortalecimento de governança; avaliação; desenvolvimento de capacidades para mobilização de recursos e parcerias; maior eficiência administrativa e de gestão; desenvolvimento de lideranças e times; comunicação e inovação; dentre outros. 

Já a estratégia de investimento em escala do IACP tem como premissa a importância da atuação em rede, do apoio e fortalecimento da infraestrutura do campo e da possibilidade de viabilizar boas iniciativas que contribuem com o fortalecimento do conjunto de organizações da sociedade civil por todo o Brasil. A frente de atuação envolve doação para iniciativas como estudos, pesquisas e eventos, e organizações de infraestrutura do campo, bem como a produção e disseminação de conhecimento para o desenvolvimento organizacional e a promoção de serviços e negócios focados em demandas de desenvolvimento institucional das OSCs. 

 

Ciclo de seleção 

Por se tratar de uma organização grantmaker com uma equipe reduzida, a seleção das organizações que podem apresentar projetos para apoio na linha estratégia de investimento direto são contatadas via carta convite. 

O Instituto ACP convida que cada organização apresente seu plano de desenvolvimento institucional, as prioridades do plano, incluindo a forma como o IACP poderia apoiar e os recursos necessários. Há, inclusive, à disposição das OSCs, horas de consultoria de uma profissional que apoia as organizações com reflexões para elaboração do plano que será apresentado para financiamento. 

Depois da apresentação do plano a uma banca com pessoas do time executivo e do Conselho do Instituto, o grupo define quais organizações serão apoiadas. 

São utilizados seis critérios para selecionar as iniciativas: tenham um histórico de realizações; sejam referências na sua área de atuação; possuam perfil colaborativo, flexível e aberto para relações de parceria e trocas constantes; apresentem desafios ou oportunidades estratégicos e latentes para o seu desenvolvimento institucional; demonstrem ter bons planos para superá-los; tenham lideranças inspiradoras, que sejam porta-vozes da sua causa de atuação, comprometidas e que demonstrem capacidade de realização.

Caso o valor solicitado seja maior do que o disponível, a proposta é readequada em conjunto com a organização. A direção executiva comunica o resultado da seleção individualmente a cada OSC candidata.

Após a seleção, o Instituto envia uma carta de boas-vindas a cada organização selecionada e realiza uma primeira reunião de trabalho – um kick-off – em que se alinha expectativas com a revisão do plano de apoio.

 

Valores e princípios

Confiança e transparência, diálogo e empatia, compromisso, aprendizagem mútua e desburocratização. O conjunto de cinco valores e princípios não só orientam a relação com as organizações apoiadas, mas toda a forma de fazer do Instituto ACP. 

Na frente de apoio direto, por exemplo, no estabelecimento das parcerias com as OSCs, o IACP optou por fazer contratos de doação livre, uma vez que esse formato desobriga a apresentação de notas fiscais que comprovam a destinação dos recursos recebidos caso fosse um contrato de doação com encargos.

Cada organização deve apresentar um projeto necessariamente focado em desenvolvimento institucional. Em um acordo verbal com o IACP, as OSCs comprometem-se a destinar os recursos àquele fim. Esse processo mostra que os princípios adotados pelo Instituto conversam entre si: para que essa desburocratização seja possível, é necessário confiança no acordo verbal entre as duas partes. 

O IACP também trabalha com flexibilidade e abertura no trato com as organizações. Em quase 100% das organizações apoiadas, há processos de revisão do plano aprovado inicialmente, que perde sentido à medida que sua implementação avança. 

O diálogo e empatia também marcam forte presença desde o momento do acordo com as organizações: na primeira reunião com o IACP, cada participante conta, de forma detalhada, sua trajetória de vida e o que lhe levou até aquele lugar. Isso ajuda a criar conexões e empatia. 

A prestação de contas também é diferente: são em formato de reuniões nos quais o IACP prioriza ouvir sobre os aprendizados, desafios e soluções encontradas para superá-los e as realizações positivas das organizações apoiadas.  

Além dessas, outras escolhas refletem a implementação dos princípios no dia a dia da instituição, como a realização de apoios com duração mínima de três anos, o que demonstra uma relação de compromisso e confiança do IACP para com as organizações apoiadas.

 

Fortalecimento das OSCs: muito além do financeiro 

Além do repasse financeiro que deve ser destinado ao projeto de desenvolvimento e fortalecimento institucional das organizações da sociedade civil, o Instituto ACP também promove outros tipos de apoios durante o ciclo de relacionamento com as OSCs, uma vez que sua estratégia está baseada em quatro pilares: 

– capital financeiro (doação de recursos financeiros para projetos de desenvolvimento organizacional); 

– capital intelectual (ampliação de conhecimento e troca entre pares); 

– capital social (colaboração na articulação e pontes);

– capital humano (fortalecer equipes e lideranças por meio de mentorias, coaching e assessoria em gestão de pessoas). 

Apesar da oferta de múltiplos apoios, o Instituto ACP trabalha com a premissa de que todas as escolhas pertencem às organizações. Ou seja, a equipe institucional faz sugestões, mas nenhuma delas é obrigatória.

Entras as iniciativas oferecidas está, por exemplo, o coaching para as lideranças, no qual o profissional que oferecerá as formações pode ser indicado pelo Instituto ou escolhido pela própria organização. 

Outras oportunidades às quais as organizações têm acesso na frente de capital humano são as mentorias técnicas para aspectos mais específicos, como briefing para avaliação de impacto, assessoria para gestão de pessoas e uma conversa anual com o presidente do IACP, Antonio Carlos Pipponzi.

Uma prática que tem sido disseminada no campo do investimento social privado, as Comunidades de Aprendizagens, também é desenvolvida pelo Instituto ACP, mas ganhou novos contornos. Em um espaço de apoio mútuo, os membros das instituições beneficiadas podem compartilhar conhecimentos e experiências entre si e com organizações parceiras. 

A Comunidade de Aprendizagem pode ser vivenciada pelos participantes em três modelos: em dois encontros gerais anuais; em encontros dos Grupos de Afinidade, nos quais os participantes dividem-se em pequenos grupos com temáticas específicas para compartilhar suas trajetórias; e, por fim, nos encontros com especialistas, mapeados e convidados a partir dos principais interesses das organizações. 

O formato tem dado tão certo que, em 2023, o Instituto tem planos de levar a Comunidade a um novo patamar com a criação de um podcast. 

Por fim, o IACP busca também, ao longo de todo o processo de apoio, promover conexão direta das OSCs com potenciais investidores e indicação de fornecedores às organizações parceiras, a partir de suas demandas e necessidades para o fortalecimento institucional.

 

APRENDIZADOS

Desde sua criação oficial em 2019, o Instituto ACP tem acumulado conhecimento, práticas e novos aprendizados diante dos desafios enfrentados no dia a dia, no diálogo e na articulação com as organizações da sociedade civil apoiadas. 

Os ensinamentos se dão em múltiplas frentes, desde a decisão sobre qual seria o modelo de governança mais adequado que conversasse com a missão e os propósitos do Instituto, a própria causa de atuação do IACP e adequação de expectativas quanto aos resultados dos apoios, até a seleção das parcerias e realização dos processos cotidianos. Confira a seguir alguns destes aprendizados: 

– Construção de um modelo de governança 

Definida a missão e a área de atuação do Instituto, um desafio relevante foi o formato de governança. Há obrigatoriedade de envolver todos os membros da família no Instituto, mesmo aqueles que não têm interesse em fazê-lo? Com o tempo, a equipe, principalmente Rodrigo Pipponzi, entendeu que essa participação deveria ser exercida por aqueles que desejassem.

– Trabalhar em família 

Unir pais e filhos em um mesmo propósito – seja um negócio ou um instituto familiar – pode ser desafiador. Paciência, humildade e disposição em aprender e construir coletivamente são aprendizados que a família Pipponzi acredita que tem construído e vivenciado nesta experiência.  

– Processos de desenvolvimento institucional não têm fim 

Em alguns casos, é possível notar, depois de três anos de apoio do IACP, diferenças nítidas e grandes transformações nas organizações. Entretanto, não observar resultados espetaculares não significa que não houve desenvolvimento, pois processos de desenvolvimento institucional são perenes e para sempre, isto é, será necessário que a organização se comprometa constantemente com essa forma de fazer e invista no processo, independentemente do seu tempo de existência. Além disso, é importante considerar que cada organização está em um ponto da caminhada e tem um grau de maturidade diferente em relação às dimensões de desenvolvimento institucional. Assim, cada uma avança em uma velocidade diferente, a partir das suas possibilidades e capacidades naquele momento.

– Seleção das organizações 

Atualmente, a seleção das organizações que poderão inscrever projetos para apoio é feita a partir de carta convite. O desafio do IACP é chegar a um modelo mais democrático e aberto de inscrição de projetos em um número que possa ser analisado pela pequena equipe do Instituto. 

– Processos padrão, mas com flexibilidade 

É possível ter processos padrão, mas é necessário ter muita flexibilidade no trato entre uma organização e outra. Isso porque cada organização é diferente, uma vez que são formadas por pessoas, com trajetórias, experiências, visões e conhecimentos distintos. Nesse sentido, é necessário algum nível de customização nas relações.

 

*Este texto foi produzido com a colaboração de Rodrigo Pipponzi e Erika Sanchez Saez. Foto de Mariana Brunini.

Project Grants Need Not Be the Enemy: Part 3

This is the final of a series of three articles that share the work of a collaborative of 12 large private funders, called Funders for Real Cost, Real Change (FRC). The first piece synopsized the group’s work and lessons about the importance of equity considerations in project grantmaking. The second shared the results of groundbreaking research on the impact of the starvation cycle on NGOs worldwide, based on data among organizations in 10 countries across five regions of the globe. This article describes four grantmaking approaches explored by FRC for project grants that cover true costs and support healthy, resilient and innovative organizations.

Five Accelerators of Equitable Grantmaking and How to Harness Them

A study found that crises like the COVID-19 pandemic to be one of five key accelerators propelling grantmakers to cover the full costs of achieving mission, in ways that share power with grantees, vest trust, and spur greater impact.

This article examines five accelerators of change, ways that leaders can harness them, and their overall implications for redefining foundation roles. Importantly, the findings calibrate the observations of grant providers with the experience of organizations doing the work.

 

Funders for Real Cost, Real Change: Indirect Cost Rate Guide

This guide provides a framework for determining and calculating an overall indirect cost (IDC) rate for a US-based nonprofit organization. This rate would then be applied to grants from participating funders, rather than calculating indirect costs on a funder-by-funder or grant-by-grant basis.

Breaking the Starvation Cycle: How international funders can stop trapping their grantees in the starvation cycle and start building their resilience

Humentum, in partnership with Funders for Real Cost, Real Change (FRC), released a groundbreaking research report revealing inadequate coverage of administrative costs by funders. The data demonstrates how international funders are trapping their grantees in a “starvation cycle” by not sufficiently funding their administrative or so-called overhead costs.

Key recommendations for funders coming out of the report are:

  • consistently covering a full and fair share of all associated administration costs
  • directly funding financial management capabilities for grantees and making some contribution to unrestricted funds
  • systematically collecting data on the extent of adequate cost coverage.

Partnering for Philanthropic Impact: Developing the strategy and institutional capacity required to maximise Foundations’ impact through partnerships and systems leadership

This report draws on a year of Partnering for Philanthropic Impact inquiry, in collaboration with Johnson & Johnson (J&J) Foundation and Z Zurich Foundation, which are keen to strengthen their own institutional capacities to partner and to share their learning with the sector. These early insights, combined with TPI’s 17 years of experience in supporting the theory and practice of effective partnerships, inform the models that are presented in the report.

At the core of the report are four core models through which foundations are currently choosing to partner: Trusted Partner, Connector, Supporter and Systems Leader. In considering which partnering model is most appropriate to a particular foundation’s strategic goals, organisations can learn from the partnering journey taken by others and ensure the partnerships they engage in are as effective as possible.

Precisamos falar sobre colaboração

A colaboração é um dos ingredientes fundamentais para encarar os desafios estruturais e urgentes que se apresentaram após a pandemia da Covid-19. “Juntos somos mais fortes” parece ser o slogan ideal para o terceiro setor, mas será que é tão simples assim? Como se dá a colaboração entre setores tão diferentes? Quais as responsabilidades de cada um? Por que é tão difícil agir em conjunto?

Para iluminar essas e outras questões, a equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” conversou com a Erika Sanchez Saez, diretora-executiva do Instituto ACP e autora da publicação “Filantropia Colaborativa”, que faz parte da série “Temas do Investimento Social” do GIFE.

Precisamos de leis para doar mais?

A doação no Brasil ainda encontra entraves na legislação que impõe tributos e burocracias que dificultam e desmotivam doadores em potencial. Apesar dos avanços (como isenção da tributação em doações pós-morte e regulamentação dos endowments e fundos patrimoniais), há muito o que se fazer para que a cultura de doação entre em pauta nas leis e planos do governo.

Nesse contexto, como o advocacy pode impulsionar as mudanças necessárias? Quais são as principais pautas e reivindicações do setor que poderiam alavancar as doações? Será que é preciso mais leis para que as pessoas doem mais? Neste episódio, a advogada Aline Viotto, que atuou como coordenadora da área de advocacy do Grupo de Instituições, Fundações e Empresas (GIFE), explica em detalhes como funciona o advocacy e Luciana Quintão, presidente da ONG Banco de Alimentos, traz a experiência da instituição sobre como esse trabalho ajuda a influenciar o poder público no avanço de projetos de lei que visam a erradicação da fome.

Como taxar grandes fortunas para a justiça social?

Um relatório da Oxfam, lançado na segunda reunião do Fórum Econômico Mundial de 2022, abordou o risco de 250 milhões de pessoas caírem na extrema pobreza no mesmo ano. Enquanto isso, a fortuna dos bilionários já havia aumentado o equivalente a 23 anos em apenas 24 meses. Para mudar esse cenário, o documento cobrou que os governos instituam medidas tributárias que incluam a taxação de grandes fortunas.

No Brasil, dezenas de projetos de lei para instituir um Imposto sobre Grandes Fortunas nunca saíram do papel. Mas taxar grandes fortunas é a solução? Como isso funcionaria na prática? Para falar sobre o tema, a equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” conversou com Jefferson Nascimento, Coordenador de Pesquisa e Incidência em Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil.

Interest in participatory grantmaking leads to… where?

There was significant interest in Participatory Grantmaking at Philea’s Forum. But where will this interest lead? To harm? Or greater equity and justice in philanthropy?

This article presents some tips about how to implement Participatory Grantmaking correctly.

Os desafios e oportunidades de avanço do grantmaking no Brasil

 

Sistematização dos encontros da Rede Temática de Grantmaking do GIFE em 2022

Muito se fala em uma sociedade civil forte como ator fundamental para a defesa da democracia no Brasil. Para isso, é importante que as organizações da sociedade civil (OSCs) sejam financiadas e apoiadas sob múltiplos formatos, nos seus mais diferentes territórios e temas de atuação. Discutir aspectos conceituais e práticos sobre os modos de fazer grantmaking é um dos principais objetivos da Rede Temática (RT) de Grantmaking do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE). 

O grupo reúne diferentes organizações associadas ao GIFE que praticam a doação em seu dia a dia e consideram a importância de refletir coletivamente sobre os desafios, as oportunidades e as estratégias para um investimento social privado (ISP) brasileiro mais doador.

Atualmente, seis organizações se dividem na coordenação do grupo: Instituto ACP, Instituto Clima e Sociedade, Instituto humanize, Instituto Ibirapitanga, Itaú Social e Laudes Foundation.

Se comparada a outras RTs do GIFE, a Rede de Grantmaking foi lançada recentemente, no X Congresso GIFE, em 2018, durante a mesa: Cultura de doação e grantmaking: superando barreiras para um país mais doador. 

Nesses quatro anos de existência, entretanto, foi possível promover inúmeros debates, que incluíram o próprio significado da palavra que dá nome à rede, além de reflexões como o que significa fazer doações a organizações da sociedade civil em um país tão desigual como o Brasil? Que tipos de apoios e financiamentos essas instituições mais precisam? Quais são as principais análises que organizações grantmakers devem fazer sobre sua própria prática? 

O presente material tem como objetivo fazer uma sistematização não exaustiva dos debates trazidos pelos quatro encontros da Rede Temática de Grantmaking em 2022, sendo três realizados no formato online e um de forma presencial, em São Paulo, além de propor um chamamento para que mais organizações destinem tempo, recursos e esforços no financiamento, apoio e fortalecimento da sociedade civil brasileira nos próximos anos. 

 

1º encontro de 2022 

Data: 12 de abril de 2022

Formato: Online 

Tema: Fortalecimento das organizações da sociedade civil 

Debatedores: 

  • Adriana Barbosa, CEO da Plataforma PretaHub e Presidente do Instituto Feira Preta;
  • Lucas Mauricio Silva, da equipe de relacionamento com parceiros e Endowment do Instituto Rodrigo Mendes;
  • Naiara Leite, coordenadora executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra;
  • Domingos Armani, sociólogo, cientista político e consultor em desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil (mediação).  

Mais do que promover um diálogo entre organizações doadoras, o primeiro encontro de 2022 da Rede Temática de Grantmaking do GIFE foi um espaço de escuta do conhecimento, da expertise, das experiências e visões de organizações da sociedade civil sobre uma agenda que, a cada dia, vem ganhando mais importância: o fortalecimento institucional das OSCs. 

O tema torna-se ainda mais relevante diante dos dados do Censo GIFE 2020. 64% dos investidores sociais afirmaram repassar recursos para OSCs, mobilizando um montante de R$ 2,16 bilhões. Entretanto, embora o apoio institucional às organizações tenha aumentado em 17 pontos percentuais sua presença no campo, mais da metade dos respondentes ainda não adota essa estratégia de fortalecimento da sociedade civil.   

Realizado de forma online, o evento contou com a participação de Adriana Barbosa, CEO da Plataforma PretaHub e presidente do Instituto Feira Preta, Lucas Mauricio Silva, da equipe de relacionamento com parceiros e Endowment do Instituto Rodrigo Mendes, e Naiara Leite, coordenadora executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra, que comentaram sobre o significado de fortalecimento institucional, os principais desafios enfrentados em seu campo de atuação e quais experiências e aprendizados têm acumulado nesse processo de receber apoio destinado ao desenvolvimento de suas organizações. 

Um dos pontos debatidos diz respeito a avanços e conquistas em agendas como equidade racial. Ao mesmo tempo que a notícia é boa, requer que OSCs atuantes nesse campo repensem e adaptem suas práticas, o que demanda tempo, empenho e recursos financeiros. 

Outro ponto do diálogo foi o apego, ainda grande, por parte de grantmakers, ao financiamento pontual, voltado especialmente a projetos com prazos pré-definidos de 12, 18 ou 24 meses. Os participantes reforçaram que mudanças perenes em agendas sociais complexas, como é o caso do racismo, machismo, sexismo e educação inclusiva de pessoas com deficiência (PCDs) – temas trabalhados pelas organizações presentes no encontro -, não são possíveis apenas com apoios que têm começo, meio e fim. 

A própria relação entre grantmakers e grantees, os doadores e beneficiários, também foi abordada. Não é incomum encontrar organizações doadoras que, ao buscar organizações da sociedade civil para apoio, alegam que essas não estão prontas: têm baixo nível de formalização e ausência de requisitos como auditoria externa e documentação em ordem. Isso porque, durante décadas, essas organizações foram invisibilizadas e não tiveram as mesmas oportunidades de desenvolvimento e aprendizado que outras. Além disso, a exclusão de parte das OSCs também implicou na não compreensão das terminologias e nomenclaturas usadas pelo campo de grantmaking, que conta com uma variedade de conceitos em inglês. 

O tópico da relação entre as partes também engloba confiança e transparência, aspectos necessários para que, de um lado, a organização se sinta à vontade para explicar suas necessidades para o parceiro, e esse, por sua vez, consiga compreender os desafios enfrentados no campo em que a organização atua e nas ações desenvolvidas por ela.   

O encontro contou, ainda, com uma breve apresentação da Conjunta, plataforma que visa promover o desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil. A nova iniciativa está sendo desenvolvida por múltiplas organizações grantmakers e profissionais do campo, com o objetivo de realizar uma reflexão aprofundada e colaborativa sobre práticas de gestão, conhecimento, ferramentas e recursos que fortaleçam a missão social das OSCs. 

Confira as principais reflexões do encontro:

  • Fortalecimento institucional está relacionado com uma visão mais sistêmica da instituição, observando aspectos como a relação com a equipe e com os apoiadores, modelos de governança, recursos aportados, entre outros;
  • Apoiar o fortalecimento institucional de determinada organização significa aceitar que está apoiando a visão de mundo daquele sujeito político que promove ações em determinado território, agenda e recorte da população; 
  • O que mais tem impacto no campo não são projetos com começo, meio e fim, mas organizações que constroem trajetórias duradouras de atuação;
  • Organizações sociais atuam em agendas e temas complexos, que não serão resolvidos, melhorados ou alterados apenas a partir de apoios pontuais; 
  • Para que uma organização consiga atuar para alcançar sua missão e objetivos, é necessário uma base organizacional que viabilize sua atuação; 
  • A lógica de apoios de curto prazo e voltados apenas a projetos não só inviabiliza o desenvolvimento e fortalecimento institucional das OSCs, mas gera incerteza, angústia e sofrimento mental para as organizações e suas equipes;  
  • Financiadores e instituições doadoras muitas vezes podem oferecer mais do que o recurso financeiro, como mentorias, apoios técnicos e promoção de conexões com outros apoiadores e parceiros.  

 

2º encontro de 2022 

Data: 20 de junho de 2022

Formato: Online 

Tema: O processo de seleção e grants realizado por MacKenzie Scott para organizações da sociedade civil brasileiras em 2022

Debatedores: 

  • Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá
  • Eugenio Scannavino Netto, fundador e coordenador do Projeto Saúde e Alegria (PSA); 
  • Camila Feldberg, gerente de fomento no Itaú Social e uma das coordenadoras da Rede Temática de Grantmaking (mediação).  

De acordo com estimativas da Forbes, MacKenzie Scott, autora, ativista e filantropa, já doou um total de 14,4 bilhões de dólares para mais de 1.500 organizações no mundo todo desde seu divórcio de Jeff Bezos, CEO da Amazon, em 2019. Em 2022, mais precisamente em março, foi anunciado que a filantropa havia escolhido 465 organizações da sociedade civil para doar 3,8 bilhões de dólares, sendo 16 organizações brasileiras. 

O segundo encontro da Rede Temática de Grantmaking do GIFE em 2022 teve como objetivo entender o processo de seleção das organizações, os critérios utilizados e todas as etapas percorridas até a concretização da doação, buscando inspirar as práticas de grantmaking no Brasil. 

Para isso, o grupo contou com a participação de Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá, e Eugenio Scannavino Netto, fundador e coordenador do Projeto Saúde e Alegria (PSA), representantes de duas organizações da sociedade civil (OSCs) escolhidas para a doação. 

As instituições tiveram experiências diferentes no processo de recebimento da doação, o que indica, possivelmente, que ainda não há uma metodologia única para os repasses financeiros da filantropa. Se com uma das instituições o processo se estendeu por alguns meses, inclusive com solicitações para que a organização apresentasse seus propósitos e agenda de atuação, a outra passou por menos etapas e, desde o início,  já sabia que se tratava de um processo que poderia resultar em uma doação. 

Nos dois casos, entretanto, o ponto comum foi a exigência de sigilo absoluto sobre o repasse, bem como o poder conferido às donatárias: elas deveriam escolher se preferiam receber o recurso em uma ou mais parcelas, quando e sob qual formato. 

O processo de prestação de contas é simplificado: cada organização deve produzir um relatório anual de, no máximo, três páginas, durante os três primeiros anos a partir do apoio para que a doadora possa compreender de que forma o recurso está sendo utilizado e qual impacto está produzindo. 

Um dos principais pontos do debate foi a importância da doação de recursos livres, isto é, desatrelado da execução de projetos específicos, considerando a instabilidade de ter somente recursos pontuais e passageiros, que não cobrem custos operacionais das instituições. 

A doação livre significa possibilidades diferentes para cada organização donatária. Durante o encontro, falou-se, por exemplo, sobre a possibilidade do recurso permitir a criação ou o incremento de um fundo patrimonial, o que, por sua vez, poderia significar maior sustentabilidade e segurança financeira para as organizações, aspectos fundamentais para seu fortalecimento e atuação.

As organizações também compartilharam percepções e aprendizados a partir da doação realizada por MacKenzie Scott, como, por exemplo, a vontade de manter relações de proximidade com doadores, o que possibilita um processo de aprendizado para grantmakers sobre como doar mais e melhor e os efeitos disso. 

Confira as principais reflexões do encontro:

  • Processos de doação que questionam a atuação da organização podem ser cansativos quando as informações já estão detalhadas no site da instituição; 
  • Importância de manter documentações, relatórios e auditorias em dia e publicadas no site da instituição e, se possível, traduzidos para o inglês; 
  • Uma grande doação não significa, necessariamente, que a beneficiária ficou mais rica, mas que ficou mais fortalecida para buscar seus propósitos e missão;  
  • Importância da constituição de endowments para estabilidade financeira das organizações; 
  • O trabalho de captação de recursos ainda ocupa mais da metade do tempo das equipes, esforço que poderia ser dedicado a projetos ou outras frentes;
  • Recursos livres permitem que organizações invistam em infraestrutura, na capacitação das equipes e em custos operacionais; 
  • Importância da escolha, no caso de MacKenzie Scott, pela doação de recursos a instituições maiores e reconhecidas, que comprovadamente trabalham o fortalecimento de outras organizações menores, na ponta, as quais grandes investidores não conseguiriam acessar diretamente; 
  • Decisões sobre os investimentos e os temas de enfrentamento dentro da causa racial não podem ser feitas exclusivamente por pessoas e organizações brancas, reforçando a importância de processos de decisão sob responsabilidade de pessoas negras; 
  • O apoio realizado por organizações intermediárias, como os fundos independentes, não precisa ser, necessariamente, sob o formato de repasse de recursos, mas também promovendo articulações entre doadores e organizações menores, da ponta. 

 

3º encontro de 2022 

Data: 8 de setembro de 2022

Formato: Online 

Tema: Como associados GIFE realizam seleção e acompanhamento de organizações que recebem grants 

Debatedores: 

  • Erika Sanchez Saez, diretora executiva do Instituto ACP;
  • Elizabeth Mac Nicol, diretora da B3 Social
  • Pamela Ribeiro, coordenadora de projetos especiais no GIFE (mediação). 

O terceiro encontro de 2022 da RT de Grantmaking do GIFE retomou as discussões sobre os processos de doação para OSCs brasileiras realizados pela filantropa MacKenzie Scott e convidou duas organizações grantmakers com perfis distintos – um instituto familiar e uma organização empresarial – para dividir com o grupo seus processos de escolha das organizações apoiadas e destinação de recursos. 

Criado em 2019, o Instituto ACP (IACP) nasceu com o propósito de contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento institucional de organizações da sociedade civil brasileiras para que sejam vetores de desenvolvimento no país. A escolha pela área de atuação conversa diretamente com o que a família de empreendedores acredita ser seu maior potencial de contribuição: desenvolvimento e aprimoramento de processos de gestão e governança das OSCs. 

Em reuniões periódicas, o conselho bate o martelo sobre temas sociais que considera importantes após uma reflexão analítica sobre o contexto do país. A partir disso, a equipe faz uma busca ativa por organizações nas agendas definidas e dispara cartas convite para que as instituições enviem e apresentem seus planos de desenvolvimento institucional e suas prioridades ao IACP. Depois de uma apresentação ao conselho e equipe executiva, são selecionadas as OSCs que receberão apoio de três anos. 

Apesar de o contrato ser de doação livre, a OSC deve destinar o recurso ao plano de desenvolvimento institucional apresentado, mesmo que esse mude ao longo do processo de três anos de apoio. São realizadas duas reuniões anuais para que o IACP possa entender os progressos e desafios de cada organização. O Instituto oferece, ainda, horas de consultoria para mentorias, coaching para as lideranças e o espaço da comunidade de aprendizagem, entre outros momentos de troca e aprendizado. 

Já a B3 Social, associação sem fins lucrativos responsável por integrar e coordenar os projetos de investimento social privado e voluntariado da B3, a bolsa de valores do Brasil, atua com foco na redução das desigualdades sociais a partir de três agendas: educação pública (principal frente), projetos incentivados e ações emergenciais.  

A seleção das organizações é feita por carta convite, edital e busca ativa. O processo da B3 é maior se comparado ao do IACP, uma vez que é necessário obedecer às regras da companhia. Depois do preenchimento de um formulário denso, os documentos enviados pelas organizações passam por análises técnicas, de compliance e de saúde financeira, e a escolha das OSCs é feita pelo conselho. 

As parcerias são baseadas em confiança e o monitoramento dos projetos acontece a partir de um formulário padrão que é personalizado a partir da resposta de cada OSC, em reuniões individuais com representantes de diferentes setores da B3 Social. Além dos apoios financeiros, a instituição também promove, a depender das necessidades das OSCs, diálogos entre especialistas da companhia e as organizações, visando a melhoria de processos e das ações. Acesse a apresentação usada no encontro.

Confira as principais reflexões do encontro e os desafios enfrentados e percebidos por organizações grantmakers

  • Se a vontade é por uma mudança da filantropia, será necessário mudar as práticas de todos ou grande parte dos investidores; 
  • Gestão de pessoas ainda é um tema pouco trabalhado pelas organizações sociais, e não aparece como prioridade em planos de desenvolvimento institucional; 
  • Como desconstruir padrões de relacionamento entre financiador e financiado? A organização donatária precisa se sentir confortável em conversar abertamente com o financiador, enquanto o financiador precisa colocar sua opinião e não ser compreendido como uma ordem ou ameaça de descontinuidade do apoio; 
  • Organizações sociais aparentam receio de apresentar metas e números verdadeiros nos relatórios iniciais por insegurança de não alcançá-los e serem cobradas pelo financiador. Como transformar esse contexto em relações de confiança?; 
  • Os conselhos das organizações grantmakers não são formados por especialistas nas agendas e temas apoiados; 
  • Como promover maior diversidade nos conselhos e pensar as melhores maneiras para que a caminhada e as parcerias sejam fonte de aprendizagem para todos, inclusive para os próprios conselheiros?; 
  • Como promover processos mais abrangentes e democráticos de seleção de organizações considerando equipes pequenas de organizações grantmakers e pouca capacidade de analisar grandes volumes de inscrições?; 
  • Ainda nota-se competição velada entre organizações sociais;  
  • Como todas as etapas de um processo de seleção podem promover aprendizados e momentos de reflexão para organizações da sociedade civil, desde o formulário de inscrição até as etapas de monitoramento?; 
  • Ainda é importante falar sobre gestão e governança dos próprios institutos e fundações, para criar novas práticas e aprimorar ações. 

 

4º encontro de 2022 

Data: 18 de novembro de 2022

Formato: Presencial, no Instituto Unibanco, em São Paulo (SP) 

Tema: Temas e dilemas que desafiam a prática do grantmaking e o fortalecimento de organizações da sociedade civil

O último encontro de 2022 da RT de Grantmaking marcou a volta, com os devidos cuidados, às reuniões presenciais. 

Realizado no Instituto Unibanco, em São Paulo, o evento contou com a participação de cerca de 14 organizações em uma dinâmica de open space com a pergunta: quais são os temas e dilemas que desafiam a prática do grantmaking e o fortalecimento das organizações da sociedade civil que precisamos discutir aqui e agora?

Os representantes das organizações foram divididos em três mesas para fazer duas rodadas de debates. As discussões foram pautadas por alguns temas norteadores dentro do universo da prática de grantmaking e a relação entre as organizações doadoras e donatárias: 

  • Como apoiar OSCs que apresentam fragilidades técnicas e/ou institucionais?;
  • Como tornar OSCs-chave multiplicadoras de boas práticas?;
  • Como receber, e o que fazer, com feedback de grantees sobre práticas de grantmaking?; 
  • Estratégias de saída de apoios institucionais; 
  • Onde/como conseguir mais recursos?. 

Depois dos debates nos grupos, as discussões foram sistematizadas e compartilhadas com todos os participantes.  

Confira a seguir as principais reflexões e aprendizados: 

  • Diversificar o olhar para múltiplos tipos de OSCs nos processos de seleção – com formatos de formulários, editais e cartas convite que contemplem diferentes tipos de organizações -, além de ter atenção às necessidades de cada uma delas de acordo com suas especificidades, é uma forma de apoiar o desenvolvimento do campo como um todo; 
  • Todos os apoios podem ter pelo menos um percentual de recursos livres, e o apoio institucional não pode ser somente para quem já está fortalecido;
  • É necessário investir em formação das OSCs e em um trabalho com as lideranças; 
  • Ao fortalecer organizações consideradas mais frágeis – que precisam de apoios de longo prazo -, doadores estarão contribuindo para o fortalecimento do setor; 
  • Desafios de ordem institucional e financeira são transversais. Sendo assim, as capacidades institucionais e a sustentabilidade financeira são pontos de partida e de saída que devem ser observados de perto; 
  • O início das parcerias e apoios já deve considerar o potencial de multiplicação como indicador de sucesso da OSC; 
  • Alta rotatividade de profissionais nas organizações, principalmente em posições estratégicas, como na diretoria, dificultam o desenvolvimento de indivíduos com potencial multiplicador;
  • É necessário que grantmakers estejam verdadeiramente abertos para ouvir os feedbacks e fazer uma autoanálise se há disposição genuína para mudar alguma coisa, considerando o potencial do feedback para aprimorar seus próprios processos; 
  • Ter em mente que nunca haverá consenso entre todos os grantees e que não é função do grantmaker agradar a todos em todos os aspectos;
  • Avaliar se os próprios doadores sabem realizar feedback sincero e não acusatório para as organizações apoiadas;  
  • É importante que, desde o início de uma parceria, a organização grantmaker tenha em mente o prazo limite para o apoio e os critérios que serão utilizados para terminar o processo com uma OSC;
  • A finalização do apoio deve ser feita de forma transparente, com retornos sinceros e verdadeiros e com antecedência, minimizando eventuais efeitos e dependências por parte dos grantees;  
  • Trazer mais atores para o campo da doação se faz necessário e uma estratégia para isso é investir na comunicação de boas práticas e na importância de uma cultura de doação, bem como na realização de parcerias entre instituições doadoras para potencializar os apoios;  
  • Produzir e compartilhar boas experiências como resposta ao desconhecimento e desconfiança quanto à prática de doação.

 

2023: por um ISP mais doador 

Enquanto espaço seguro para que associados GIFE e outras organizações possam debater a melhoria das práticas de doação no investimento social privado, ao longo desses quatro anos de existência a Rede Temática de Grantmaking promoveu e participou de encontros, produziu e divulgou conhecimento e debateu ideias para promover avanços e novas formas de apoiar organizações da sociedade civil. 

Atualmente, a página da RT no portal do GIFE conta com quase 30 reportagens publicadas, que tratam sobre temas de interesse da área e os principais debates realizados durante os encontros do grupo. 

Além disso, em 2020, o GIFE, com o apoio do Instituto ACP, Instituto Clima e Sociedade, Instituto Humanize e Instituto SICOOB e em conexão com a RT, criou o GrantLab, uma plataforma de compartilhamento de conhecimento prático sobre grantmaking. O portal traz artigos, guias, cases, infográficos, podcasts, vídeos e outros formatos de conteúdo destinados principalmente para fundadores, conselheiros, diretores e equipes executivas de instituições financiadoras, mas também para organizações da sociedade civil, consultores, acadêmicos e outros profissionais do setor social.

Para 2023, a RT irá continuar atuando para qualificar cada vez mais a atuação de organizações doadoras do ISP brasileiro e chamar atenção para temas importantes dentro da agenda de grantmaking

Serão promovidos novos encontros da Rede para troca de conhecimentos e experiências, bem como a ocupação de outros espaços, como a 12ª edição do Congresso GIFE e produção de conteúdo tanto no portal do GIFE como no GrantLab. 

Os esforços já surtiram efeito, com o aumento de organizações apoiando projetos de terceiros e olhando com mais dedicação e empenho ao campo das OSCs.  

Que 2023 possa ser um ano de novas conexões e atores somando forças para promover avanços na filantropia e nas práticas de grantmaking, sobretudo em temas fundamentais, como o fortalecimento de organizações da sociedade civil para afastar ameaças e assegurar a democracia brasileira. 

Henry Duncan Project Grants: Bringing a racial justice lens to our grantmaking

This insight briefing is based on learning gathered from Corra staff involved in the design, delivery and decision making of Henry Duncan Project Grants for Black, Asian and Minority Ethnic communities. It also incorporates feedback received from applicants to the fund. These lessons will continue to inform this fund and Corra’s wider programmes, with the aim of embedding a racial justice lens throughout its work.

Filantropia de justiça social, sociedade civil e movimentos sociais no Brasil

A publicação reúne um conjunto de 22 textos com diversas abordagens teóricas e práticas, apresentando análises e reflexões sobre o cenário da filantropia de justiça social no Brasil e as suas interfaces e articulações com grupos e organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Muitos dos artigos foram escritos por membros da Rede de Filantropia para a Justiça Social (RFJS) e por parceiros estratégicos do âmbito nacional e internacional.

A obra representa uma contribuição para o campo da filantropia de justiça social não apenas porque ela traz um mapeamento completo sobre os cenários, mas também porque a partir das diversas reflexões apresenta uma agenda positiva e propositiva para o campo da filantropia de justiça social para o Brasil.

New Report Finds At Least $1B Given by Philanthropy for COVID-19 in 2021

Candid and the Center for Disaster Philanthropy note a drop in giving by large U.S. foundations from 2020, urge donors to increase support for long-term community recovery from the pandemic.

Toda doação é bem-vinda?

É comum achar que todas as instituições estão sempre de portas abertas para receber todas as doações, mas a realidade é que existem instituições que trabalham de forma bem mais seletiva. Nesses casos, a recusa a determinadas doações acontece por conta de uma questão moral ou por conflito de interesses. Por exemplo, aquele dinheiro pode vir de uma atividade que piora, justamente, um problema que se busca combater.

Neste episódio do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!”, Roberta Faria e Vanessa Henriques conversaram com Carolina Pasquali, diretora-executiva do Greenpeace no Brasil, para tratar sobre o tema da restrição a doações e seus motivos.

Garantindo futuros: a importância do grantmaking

Em 2020, o Censo GIFE revelou que o volume doado por organizações para terceiros foi maior do que o utilizado em iniciativas próprias, com aumento de 105% em relação ao levantamento anterior e com volume de R$ 2,5 bilhões em investimentos. Os números demonstram que a prática do grantmaking é uma tendência interessante para o terceiro setor brasileiro, que pode garantir o futuro de projetos e instituições a longo prazo. Mas o que é grantmaking? Quais as vantagens dessa prática? Como garantir que esses números continuem crescendo e consolidando colaborações?

Para esclarecer o assunto, a equipe “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” chamou o Richard Sippli, coordenador de relações institucionais do Movimento Bem Maior, e o Ronaldo Silvestre, fundador e presidente do Instituto ITI – Igualdade, Transformação & Inovação Social.

Decolonizando a filantropia

Decolonização não é um tema que já está plenamente difundido, mas está tomando o seu espaço e logo ganhará destaque. Ele já vem sendo estudado há algum tempo e envolve conceitos bem difíceis.

Para entender melhor do que se trata a temática e qual a sua relação com a filantropia, a equipe “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” convidou Cássio Aoqui e Jéssica Gonçalves, ambos da ponteAponte, uma consultoria com foco em qualificar o investimento social.

Clique para doar: botões de doação em apps

Os aplicativos de celular facilitam muito a vida cotidiana. Através deles, é possível pedir comida, pagar contas, ouvir música, ver vídeos e aproveitar várias outras funções, tudo a um clique de distância. Essas ferramentas, que estão na palma da mão e atingem milhões de pessoas simultaneamente, passaram a ser elementos importantes no processo de doar. Inserir um botão ou uma funcionalidade que permite doação dentro de aplicativos proporcionou um grande salto na filantropia: a doação na boca do caixa repaginada pela tecnologia.

Para falar um pouco sobre como isso se dá na prática, a equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” conversou com Láislla de Gouveia, coordenadora de projetos socioambientais do iFood.

Rumos da doação: quando transformar-se é um ato de transformação coletiva

Partindo de uma experiência particular, a autora Ana Biglione – consultora e facilitadora de processos, fundadora da Noetá e integrante do Movimento – traz uma reflexão importante sobre a necessidade de se enfrentar o modus operandi na filantropia institucionalizada, rumo a modelos mais flexíveis, decentralizados, colaborativos e criativos.

Accelerating Equitable Grantmaking: Seizing the Moment to Norm Multiyear, Flexible Funding

In October–November 2021 MilwayPLUS interviewed, surveyed, and conducted focus groups with 30 global funders and nonprofits that had significantly increased their percentage of multiyear, flexible funding over the past decade. It surfaced five common barriers to making the shift and practical ways that boards, CEOs, and program officers have broken through, which nonprofits felt helped to share power. Moreover, MilwayPLUS also discovered five effective accelerators of change that both funders and grantees rated more significant than the barriers and could speed the transition. Among the accelerators was the adoption of an equity lens on grantmaking.

To help funders and nonprofits harness this positive momentum for change, MilwayPLUS offers this tool kit of tactics, resources, examples, and starting points. It seeks to equip trustees, CEOs, program officers, and grantees themselves to overcome board biases and other barriers, to accelerate the shift to multiyear, flexible funding, and to embrace practices that create the greatest impact and strongest partnerships with their grantees.

Equitable Grantmaking Continuum

While nonprofits are appreciative of foundation support, the reality is that many foundations’ practices are often harmful to organizations, especially those led by and serving communities of color and other marginalized communities. This simple tool, created by NonprofitAF and RVC Seattle, was developed to help funders assess how equitable your funding practices are.

Um olhar contemporâneo para a filantropia: práticas regenerativas de doação

Este artigo busca aprofundar a compreensão sobre padrões de pensamento que influenciam (com maior ou menor grau de consciência) a prática da doação no contexto brasileiro e, com isso, propõe-se a discutir caminhos inovadores para a prática da doação a partir de ideias desenvolvidas nos campos econômico e filantrópico que têm sido denominadas regenerativas.

Aprofundando a Conversa sobre a Importância de Confiar – Parte III

Caminhos para o Desenvolvimento da Confiança na Filantropia Brasileira

Nas primeiras duas partes desta série, escritas a partir de reflexões sobre a importância da confiança que aparecem no 11º Congresso GIFE, atentamos para como a confiança se desenvolve e identificamos os desafios relacionados no contexto do pensamento moderno, bem como os específicos da América Latina e do Brasil. Confiança, como mostrado, não é um ponto fixo no universo de um relacionamento e, assim, não existe um único jeito, ou o jeito “certo” de doar com confiança. Estamos então falando em revisitar os processos internos da organização e aqueles que regem a relação entre quem doa e quem recebe, ou quem oferece serviços e quem os recebe; bem como sobre nos manter acordados e atentos no tocante a tais relações, não deixando que ela adormeça sobre processos, planilhas e relatórios. 

Quais são, então, alguns passos que podemos dar em direção a uma filantropia que parte da perspectiva da confiança? 

 

| “Só sei que nada sei”: reconhecer formas de conhecimento

Filantropos sabem do que gostam e gostam do que sabem” – Paul Vallely

Quando eu comecei a trabalhar na Associação Acorde, há 12 anos, conheci a Dona Ana. Todos os meses ela nos levava 10 reais para doar, a pé – 40 minutos em cada direção. Dona Ana não leu Spinoza, não estudou Paulo Freire e possivelmente não saberia dizer o que, exatamente, estava sendo proposto nas oficinas que seu neto João frequentava para além da atividade em si. Mas observava, sentia, percebia um João diferente de antes. João estava feliz e Dona Ana, tranquila. 

Existe um tipo de conhecimento que vem sendo construído ao longo do tempo, acumulado e posto em prática, testado e aperfeiçoado, registrado em livros, ensinado em escolas e universidades e, principalmente, valorizado pela sociedade. E existe, também, um saber advindo da observação, da prática vivida por cada indivíduo em seu ambiente e que é acumulado e transmitido sem necessariamente ser registrado em textos, transmitido em escolas ou particularmente nomeado como conhecimento pela sociedade. É desse segundo tipo de saber de onde nasce o gesto de Dona Ana.

Podemos passar a vida sem nos dar conta das diferentes formas de conhecimento, mas quando adentramos o campo filantrópico, temos uma oportunidade de reconhecer ambas, suas diferenças e complementaridades, eis que elas muitas vezes aparecem na forma em que doadores e donatários se relacionam. Doadores institucionais (e governo), dos quais as organizações sociais costumam receber a maior parte de seus recursos, são estruturados a partir da lógica do conhecimento técnico, enquanto muitas pessoas, comunidades e organizações sociais (especialmente as de base comunitária) se erguem a partir do conhecimento prático. Rio Negro encontra Solimões, e o doar se torna oportunidade de expansão das fronteiras do pensamento, do aquário social e cultural de cada indivíduo.

 

| O desenvolvimento da habilidade de escuta

“Escutar requer de mim atenção, presença e a qualidade de acolher e apreciar, sem julgamento, sem pressuposições. Requer que me conecte com a pessoa ouvida, sem a ela me misturar. Requer que silencie minha voz interior. Que largue minhas certezas.” – Anotações da autora durante a pós-gradução em Prática Social Reflexiva

A habilidade de escuta é um sentido social que nos permite relacionar com o mundo fora de nós. Em sua essência, a escuta conecta nosso universo interno com o que está ao nosso redor, permitindo este encontro. No entanto, este “encontro” nem sempre é facilmente percebido. Para Emily Kasriel, pesquisadora de escuta ativa do Marshall Instituto na Faculdade de Economia de Londres, “nossos cérebros são programados para extrair informações grosseiras e essenciais e avaliar rapidamente uma nova pessoa que conhecemos, baseando-nos em nossas experiências passadas. Antes mesmo de uma pessoa falar, o ouvinte já fez julgamentos sobre ela. Esses pré-julgamentos provavelmente serão mais extremos se eles assumirem que a pessoa que fala é diferente deles – que tem uma aparência diferente ou vem de um ambiente diferente.”¹

Este encontro do universo interno de cada um com o mundo nem sempre é óbvio ou facilmente percebido, mas forma a lente através da qual nos relacionamos e fazemos sentido do mundo. Otto Scharmer, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e criador da Teoria U, fala em 4 diferentes níveis de escuta, que vão desde o simples “download” de informações até o que ele chama de escuta regenerativa, onde há uma vontade de quem ouve de mudar a si próprio ao se conectar com um propósito comum de quem fala, sem se deixar dominar por sua própria personalidade

Scharmer abre o conceito de escuta em “etapas de desenvolvimento”, com base no nível de consciência da pessoa sobre seu universo interno, que vai do mais “desavisado” – onde carregamos a nós mesmos inconscientemente durante – ao mais desperto – onde conseguimos aquietar nossa voz interna e nos desapegar do que já sabemos para, de fato, escutar o que está sendo dito por outra pessoa ao mesmo tempo que estamos verdadeiramente abertos a nos transformar. 

É a partir deste ponto de escuta aberta e ativa que podemos estabelecer uma relação de confiança saudável, que não controla nem delega completamente, uma vez que reconhecemos a nós e ao outro e conseguimos conscientemente silenciar nossa voz interna e, assim, abrir espaço para o fazer do outro.³ Observamos, conversamos e ouvimos regenerativamente, como diz Scharmer, dispostos a encontrar um caminho que leve em consideração o conhecimento e vontades do doador e da organização social e comunidade atendida. É nesta habilidade de escutar com a disposição de transformar a si próprio, a passar a ver a situação social sob a lente do conhecimento técnico e prático, que o universo das partes se expande em direção a uma doação estrategicamente alinhada.

 

| A construção dialógica da mudança social 

“O altruísmo de algumas pessoas coloca outras pessoas sob seu poder” – Emma Saunders-Hastings

Um dos elementos constitutivos da filantropia organizada é a diferença de recursos, e consequentemente de poder, entre quem doa e quem recebe. É a partir dessa assimetria que se dá a possibilidade de um grande doador (institucional, familiar) colocar pessoas e comunidades sob seu poder, mantendo, ainda que inadvertidamente, uma estrutura social opressiva. A construção conjunta de objetivos, entre doador e donatário, horizontaliza o processo de mudança social, deixando para trás a premissa de que quem tem mais recursos, ou conhecimento técnico aprendido na educação formal, tem as ferramentas necessárias. Em outras palavras, dá-se início à transição da filantropia de base majoritariamente empírica, que nasce no começo do século XX, para uma filantropia que busca a construção colaborativa para soluções de problemas sociais. 

Esta nova perspectiva, “trabalha para construir um ecossistema de financiadores do setor social mais equitativo por meio de uma abordagem rigorosa que valoriza a construção de relacionamentos e o compartilhamento de poder sobre transações e controle. Ao dar às organizações sem fins lucrativos a capacidade de planejar, crescer e inovar em torno das necessidades emergentes, ajuda a promover um setor social mais saudável e resiliente”.4 O escutar ativamente e o reconhecer do conhecimento comunitário tem o que Edgar Villanueva chama de uma característica curadora, ou seja, para além de uma reformulação da forma de praticar filantropia, o processo com base na confiança extrapola os limites do campo filantrópico e passa a ser um desvendar da mudança para o paradigma decolonial, fortalecendo o tecido social.

Por fim, é importante reconhecer que a construção dialógica da mudança social tem pelo menos duas vertentes: a do doador para a organização social e desta para a comunidade. Uma organização social que pleiteia confiança de seu doador pode estar, conscientemente ou não, repetindo padrões de poder ao não estabelecer diálogo constante com a comunidade atendida. Assim, o esforço de mudança aqui apontado é do campo como um todo, não apenas do doador. 

 

| Reflexões Finais

No 11º Congresso GIFE – Fronteiras da Ação Coletiva, registramos reconhecer a existência de uma fronteira, um desafio a ser superado: o da falta de confiança. Nesta série de artigos, nos debruçamos sobre o tema, aprofundando nosso conhecimento sobre como uma relação de confiança se forma e se mantém, buscando um equilíbrio saudável entre as polaridades da desconfiança e da confiança cega, de maneira atenta e sem ingenuidade. Em seguida, olhamos para as dinâmicas presentes na sociedade brasileira que dão corpo e sustentam o paradigma da falta de confiança, trazendo luz à escuridão por meio do processo de conscientização, desenhando o caminho do desenvolvimento da mudança. Por fim, olhamos para a essencialidade da confiança nas relações, especialmente aquelas formadas por lentes culturais diferentes.  O convite, agora, é para a experimentação. Para que cada um dê o primeiro passo possível em direção a uma sociedade que enxerga o potencial transformador de um doar que emancipa. 

“Faça o melhor que puder até saber mais. Quando souber mais, faça melhor.” – Maya Angelou

 

¹ https://ssir.org/articles/entry/deep_listening#

² https://worldofwork.io/2020/10/otto-scharmers-4-levels-of-listening-be-a-better-listener/

³ Lex Bos escreve “se deposito confiança em alguém, crio o espaço em que o outro pode agir, expressar sua vontade. Este espaço pode estar sob determinadas condições ou ser limitado, mas isso nada mudo no princípio de que depositar confiança significa contar a minha própria vontade e criar espaço para a do outro” (BOS, L. “Confiança, Doação e Gratidão: Forças Construtivas da Vida Social”. Ed. Antroposófica, 2010, p. 49)

4 https://www.trustbasedphilanthropy.org/blog-1/4-29-22-what-tbp-is-and-what-it-isnt

Doação com confiança: a experiência do Vetor Brasil

A segunda edição da Série Especial Grantmaking do Podcast GIFE reuniu representantes do setor para refletirem sobre desafios e oportunidades presentes no dia a dia do relacionamento entre grantmakers e grantees e seus impactos sobre o fortalecimento dessa relação. Neste sexto episódio, Joice Toyota, co-fundadora e diretora executiva do Vetor Brasil, conta um pouco da experiência de receber uma doação da MacKenzie Scott, filantropa norteamericana, que norteia o processo de financiamento a partir de princípios de confiança.

O que significa justiça social?

Dia 20 de fevereiro é o Dia Mundial para a Justiça Social, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para lembrar a todos a importância do tema. Nesse sentido, vale ressaltar que a justiça social vai além do combate à pobreza e desigualdade; o termo engloba as ações e estratégias dos governos, instituições do terceiro setor e da sociedade civil para de fato fazer essa luta acontecer.
Para falar um pouco mais sobre o assunto, a equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” recebeu a Graciela Hopstein, coordenadora-executiva da Rede de Filantropia para a Justiça Social, que apoia e promove iniciativas de justiça social, direitos humanos e cidadania. O episódio contou também com a experiência de Maria Antônia Dezidério, estudante de direito que participou do projeto Parlamento Jovem Brasileiro.

Organizações da sociedade civil: história e futuro

As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) têm um papel extremamente relevante: elas olham para quem está à margem da sociedade e trazem novas perspectivas e soluções para problemas complexos, complementando o que faz o Estado. Para honrar o histórico e o trabalho das OSCs, a equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” conversou com Domingos Armani, sociólogo e mestre em ciência política. Ele atua desde 1997 como consultor na área de desenvolvimento social e institucional, com longa experiência na condução e assessoria para processos participativos junto a OSCs, órgãos públicos e instituições internacionais.

Matchfunding: quando a doação gera mais doação

Quando se fala em finanças pessoais, todo mundo sonha com um investimento em que se coloca pouco dinheiro e o valor retorna três vezes maior. No entanto, sabe-se que não é bem assim que essa área funciona – exceto no campo social, que conta com campanhas de matchfunding, capazes de duplicar ou até triplicar os valores doados para um projeto.

Quem falou um pouco mais sobre isso para a equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” foi a empreendedora social Tati Leite, cofundadora da Benfeitoria, uma das plataformas mais tradicionais dentro do campo do crowdfunding social. O episódio contou também com a experiência de Wagner Silva, coordenador de fomento e apoio a agentes e causas da Fundação Tide Setubal, e de Marco Augusto, coordenador da Companhia Voar Teatro de Bonecos.

Everyday Donors of Color: Diverse Philanthropy During Times of Change

The report incorporates data from a national survey of 1,535 households, insights from focus groups with diverse donors, and an analysis of case studies on the impact of mutual aid.

The study found that 16% of American households gave to racial or social justice causes in 2020, an increase from 13% of households in 2019. Philanthropic giving to racial and social justice causes increased across all demographic groups, but the growing impact of crowdfunding and mutual aid demonstrate how donors of color are leading shifts in individual giving patterns.

Philanthropy Always Sounds Like Someone Else: A Portrait of High Net Worth Donors of Color

The Donors of Color Network dream is that donors of color see themselves, finally, reflected and represented in this portrait, and eventually in the philanthropic landscape. Its earlier report was titled “The Apparitional Donor” because the presence of Black, Indigenous, and people of color (BIPOC) with high net worth (HNW) donors was less visible, fleeting, almost ghostly in existing philanthropic discourse.

This research, and that of others, demonstrates that HNW donors of color are amazing and powerful, with great potential to move millions of dollars and inspire other hidden figures in philanthropy. The Network hopes that by sharing some important and inspirational stories, the apparition of HNW donors of color gains corporeality and that practitioners in the field will take note.

Building pressure for change: Advocacy and the role of philanthropic funders

The New Migration Law of 2017 was a historic win for Brazil. This moment of victory was the result of years of advocacy from various stakeholders of Brazilian civil society. The road was not an easy one, but the destination was worth it. As philanthropies routinely aim to build a better future, policy advocacy emerges as a clear cornerstone for achieving long lasting change. This article shares the lessons learnt from supporting Missão Paz and Conectas in their partnership to get the law passed. It outlines the role of philanthropic funders in going beyond investments to truly unleash the potential of collaborative action.

Governança para um grantmaking mais horizontal

A segunda edição da Série Especial Grantmaking do Podcast GIFE reunirá representantes do setor para refletirem sobre desafios e oportunidades presentes no dia a dia do relacionamento entre grantmakers e grantees e seus impactos sobre o fortalecimento dessa relação. Este quinto episódio aborda o tema da estrutura necessária para relações mais horizontais entre organizações financiadoras e financiadas. Como organizações financiadoras devem se estruturar internamente para promover relações mais horizontais? Quais aspectos da governança precisam ser cuidados? Estes foram alguns dos temas conversados com Domingos Armani, consultor em desenvolvimento institucional de OSCs, e Thais Junqueira, superintendente geral da Umane.

Dinâmicas de poder entre grantmakers e grantees

A segunda edição da Série Especial Grantmaking do Podcast GIFE reuniu representantes do setor para refletirem sobre desafios e oportunidades presentes no dia a dia do relacionamento entre grantmakers e grantees e seus impactos sobre o fortalecimento dessa relação. Este quarto episódio, que tem a participação de Andre Degenszajn, diretor-presidente do Instituto Ibirapitanga, e Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá para Equidade Racial, aborda o tema das dinâmicas de poder que existem na relação entre organizações financiadoras e uma prática de grantmaking que consiste em compartilhar ou transferir o poder de decisão sobre a gestão das doações às iniciativas e organizações beneficiárias, conhecida como grantmaking participativo.

Aprofundando a Conversa sobre a Importância de Confiar – Parte II

Reconhecendo os desafios relacionados à confiança no pensamento moderno e no histórico latino-americano e Brasileiro

Na primeira parte desta série de três artigos, escritos a partir de reflexões sobre a importância da confiança que apareceram no 11º Congresso Gife, olhamos para como a confiança se desenvolve. A proposta é ampliarmos nossa compreensão sobre o tema partindo da pergunta: “quais dinâmicas presentes na nossa sociedade podem estar inadvertidamente agindo sobre a confiança e o doar?”  Identificá-las é importante para que não sejamos sorrateiramente controlados por elas. 

“um indivíduo não se torna iluminado imaginando figuras de luz, mas tornando a escuridão consciente” – Carl Jung

Ao longo da vida desenvolvemos diversas lentes através das quais passamos a enxergar o mundo: ambiente familiar, cultura, dinheiro, gênero, raça, etc. Cada uma forma parte de nossa percepção de realidade¹. É a partir da imagem de realidade que formamos ao longo da vida que agimos no mundo, inclusive por meio da doação. Assim, a doação carrega, em si, componentes desta maneira de ver o mundo. Identificá-las é tornar a escuridão mais consciente. 

 

O pensamento moderno: paradigma da separação, especialização e abstração

Em um passado distante, antes do desenvolvimento da agricultura, seres humanos viviam em conexão com a natureza e se moviam pelo planeta em coletividade, cuidando uns dos outros. A própria manutenção da vida humana dependia desta proximidade entre indivíduos.  Com o passar dos séculos, o desenvolvimento da pecuária e da agricultura, a industrialização e com as mudanças nas relações de trabalho, fomos passando a viver cada vez mais distantes uns dos outros e, consequentemente, a saber cada vez menos sobre a realidade vivida pelo outro, suas necessidades e vontades. 

Esta expansão e complexidade da vida humana gera uma real impossibilidade de adquirirmos todo o conhecimento que necessitamos a partir de vivências práticas, e passamos a substituí-las por outro tipo de conhecimento; o produzido a partir de uma operação intelectual, que isola (e abstrai) elementos de seus contextos para poder analisá-los com profundidade. 

No âmbito da confiança, o paradigma da separação (a distância entre doador e beneficiário, por exemplo, ou da organização social e beneficiários, muitas vezes) gera uma compreensível dificuldade de leitura das reais necessidades do outro.  

Como vimos na primeira parte deste estudo, essa distância acarreta na falta de elementos para que a nossa percepção de confiança avalie uma situação e, a partir de então, duas coisas aconteçam: (a) sem elementos vivenciais para guiar nossa percepção, abre-se um espaço para o medo de sermos traídos e, reativamente, nos defendemos exercendo controle sobre determinada situação; e (b) passamos a confiar em dados muitas vezes sem enxergar que estes podem ter sido coletados e organizados a partir de visões de mundo específicas, as quais sorrateiramente passam a ser carregadas adiante por nossas doações.  

 

Corrupção Sistêmica, Violência e Confiança

“A desconfiança é agora o padrão da sociedade.Quase 6 em cada 10 dizem que sua tendência padrão é desconfiar de algo até ver prova de que é confiável.” – Edelman Trust Barometer 2022²estudo global.

Aparentemente, confiar está cada vez mais difícil. Segundo dados trazidos pela pesquisa da Edelman, vivemos uma crise generalizada de confiança em informações, em governos e na mídia. Mas para além da fotografia atual sobre confiança, em países onde existe violência e corrupção sistêmicas, a lente da desconfiança perpassa há tempos os campos da vida pública e privada.

Um estudo da Charities Aid Foundation (CAF) aponta que, de maneira geral, as organizações sociais são vistas com bons olhos, considerando serem movidas por causas e valores altruísticos, mas o olhar da sociedade para com elas não está dissociado do contexto na qual operam e nas relações entre os setores. Ou seja, a imagem das organizações da sociedade civil (OSCs) é influenciada pela cultura mais ampla de confiança ou desconfiança do país onde atua. Além do mais, “em países onde a confiança no governo é baixa, quanto mais controle os governos exercem sobre o acesso a organizações sem fins lucrativos, mais desconfiado o público tende a ficar”³.

Se cercamos nossas casas (ou optamos por prédios), se preferimos lugares privados (clubes, shoppings) em detrimento de públicos (parques), se quando alguém nos pede dinheiro na rua suspeitamos ser um golpe, se ao doarmos nos sentimos mais confortáveis comprando cestas-básicas do que direcionando recursos financeiros para compra de comida, estamos olhando ao nosso redor a partir da lente da desconfiança e do medo. Não há aqui nenhuma intenção de crítica, mas de iluminar o fato de que, em países onde existem corrupção e violência sistêmicas, nosso ponto de partida é o da desconfiança. Reconhecer esta sombra é também compreender que, em tais lugares, nosso esforço para confiar é maior, precisamos de mais musculatura.

O ser difícil, no entanto, em nada ofusca o ser necessário.  

Neste sentido, quando olhamos para uma OSC e queremos provas de sua idoneidade, talvez estejamos dizendo mais de nós mesmos (da nossa lente da desconfiança) do que da seriedade da organização propriamente dita. Sem esta consciência, no entanto, nossa tendência é exigir que o beneficiário do recurso se prove merecedor do dinheiro. Neste ponto do sistema há uma interseção entre a lente da falta de confiança, das relações de poder (que concede ao doador a liberdade de escolha) e da existência de um campo profissional filantrópico que, ao enxergar o problema, muitas vezes se dispõe a criar soluções sem se aprofundar sobre as dinâmicas que o formam, o que pode até levar à uma sensação de avanço. 

 

Anões do Orçamento e Outras Crises Brasileiras

Para finalizar esta etapa é necessário um olhar atento para traumas específicos da sociedade brasileira e como afetam, até hoje, nossa capacidade de confiar (e doar).  

No final dos anos 1980, começo dos anos 1990, um esquema de desvio de recursos públicos que ficou conhecido como Anões do Orçamento escandalizou o Brasil. Recursos públicos foram desviados usando três esquemas, sendo um deles o direcionamento de emendas parlamentares para parentes ou ‘laranjas’ dos políticos envolvidos por meio de organizações sociais. Os Anões do Orçamento não foi o maior escândalo de corrupção brasileira e nem as emendas parlamentares a maior forma de desvio de recursos públicos dentro do esquema, que também contou com desvios via bilhetes ‘premiados’ da loteria e comissões para empreiteiras por obras públicas.

No entanto, no imaginário brasileiro, sem dúvida alguma a imagem das organizações sociais saiu despedaçada. ONG virou, para muitos, sinônimo de falcatrua. Também no início dos anos 90 o termo filantropia ganhou o apelido pejorativo de ‘pilantropia’ em meio a escândalos de desvios de recursos da então Fundação Legião Brasileira de Assistência, a LBA, que tinha como presidente a primeira dama brasileira, Rosane Collor.  O evento deixou uma mancha tão profunda na palavra filantropia que, por décadas, parece que a negamos por completo.

Aqui caberiam ao menos dois parágrafos sobre as lições aprendidas, as mudanças legislativas que se seguiram e o como o sistema de hoje não permite tão facilmente que OSCs sejam usadas como veículo de desvio de recursos públicos, mas não é o que vem ao caso agora. O importante é reconhecermos o trauma, a dor da traição. 

Pode parecer contraditório falarmos em trauma quando falamos de confiança, mas será? Na primeira parte deste artigo dissemos que confiar é dar um passo na direção do incerto. A verdade é que, neste incerto, pode haver dor. Neste incerto, nossa confiança pode ser traída. Este medo é a força motriz que nos leva a criar justificativas para a falta de confiança em nossas vidas, em nossas ações, em nosso doar. 

O medo é o maior inimigo da confiança. Ao projetarmos nossos medos, bloqueamos o desenvolvimento de relações saudáveis com pessoas ao nosso redor, seja em nossas famílias, trabalho ou em relação às organizações e pessoas beneficiadas por nossos recursos. Prendemos organizações beneficiárias em um lugar apequenado e serviçal e, muitas vezes, criamos narrativas de ineficiência e falta de transparência para justificar nossos padrões. 

 

Próxima parte: Caminhos para o Desenvolvimento da Confiança na Filantropia Brasileira. 

 

¹Hollis, J. “The Middle Passage: From Misery to Meaning in Midlife”. Inner City Books, 1993.

²Edelman Trust Barometer 2022 Key Findings, publicado em 25 de janeiro de 2022 e acessado em 6 de fevereiro de 2022. https://www.edelman.com/sites/g/files/aatuss191/files/2022-01/Trust%2022_Top10.pdf

³https://sinapse.gife.org.br/download/future-world-giving-building-trust-in-charitable-giving

Grantmaking à luz do Censo GIFE 2020

Representantes da Rede Temática de Grantmaking se reuniram em dezembro de 2021 para analisar alguns dos achados da nova edição do Censo GIFE, que revelam características relacionadas às doações realizadas pelo investimento social privado (ISP) em 2020. Com o objetivo de produzir e disseminar reflexões e conhecimentos sobre a prática de grantmaking, este infográfico apresenta dados do Censo GIFE que retratam a atuação das organizações em 2020 e as principais percepções de alguns dos membros da Rede Temática de Grantmaking sobre eles.

ACESSE AQUI O INFOGRÁFICO!

 

Confiança como fator-chave no relacionamento entre grantmakers e grantees

A segunda edição da Série Especial Grantmaking do Podcast GIFE reuniu representantes do setor para refletirem sobre desafios e oportunidades presentes no dia a dia do relacionamento entre grantmakers e grantees e seus impactos sobre o fortalecimento dessa relação. Este terceiro episódio aborda o tema da confiança como fator-chave na construção de relações mais horizontais. Em que consiste, afinal, estabelecer ou aprofundar uma relação de confiança entre financiadores e financiados? Quais os desafios para isso? E quais os caminhos para se estabelecer relações baseadas em confiança e não em controle? Esses foram alguns dos temas conversados com Graciela Selaimen, líder regional para a América Latina da IRIS – International Resource for Impact and Storytelling, e Silvia Morais, diretora da Synergos no Brasil.

Cinco Práticas que a Filantropia Deveria Evitar

Entrevistas com doadores millennials do universo das startups do Vale do Silício e conversas com estudantes de MBA mostram um padrão de excessiva dependência de certos princípios do mundo que opera visando ao lucro no terreno das organizações sem fins lucrativos, apesar de falhas em potencial.

Brasil Giving 2021: Um retrato da doação no Brasil

Esta quarta edição do “Brasil Giving Report” traça um panorama da doação no Brasil em 2020, realizando um comparativo com 2019. Ela traz um olhar mais sutil sobre as mudanças ocorridas em um período de doze meses, que vai desde um pouco antes da chegada da pandemia de Covid-19 ao país até novembro de 2020. Para além da esperada queda na prática da doação para Organizações da Sociedade Civil (de 53% para 49%), o “Brasil Giving Report 2021” oferece alguns elementos novos, muito interessantes para entender melhor a realidade enfrentada pelos cidadãos brasileiros.

Decolonizing Philanthropy, with Edgar Villanueva

In this episode of Philanthropisms, Rhodri Davies talks to Edgar Villanueva, author of “Decolonizing Wealth: Indigenous Wisdom to Heal Divides and Restore Balance”, about why many of the current models of philanthropy reflect structures and approaches that disempower and disadvantage minoritised communities and how things need to change to address this problematic legacy.

Aprofundando a Conversa sobre a Importância de Confiar – Parte I

O que é confiança e como ela se desenvolve em nós?

 

“Nunca se doou tanto e nunca se falou tanto sobre doações no Brasil: o tema entrou na pauta de noticiários de todo o país, estampou capas de jornais e revistas. Para além dos números, as reflexões sobre como fazer grantmaking ganharam espaço e importância e temas como apoio institucional, confiança e grantmaking participativo se apresentam como fronteiras a serem superadas e aspectos a serem desenvolvidos” – Sistematização do 11º Congresso Gife – Fronteiras da Ação Coletiva (2020).

 

O desafio da superação da falta de confiança está registrado em reflexões do 11º Congresso Gife, em 2021, assim como nas duas edições da Pesquisa Brasil Doação, em 2015 e 2020, e, como não poderia deixar de ser, no documento de diretrizes do Movimento por Uma Cultura de Doação, intitulado “Por Um Brasil Mais Doador, Sempre” e lançado em 2020. Há, portanto, um reconhecimento coletivo do campo filantrópico de que desafios relacionados a confiança precisam ser endereçados. 

O que forma a percepção brasileira de desconfiança sobre a doação? O momento está pedindo que nos debrucemos sobre o assunto sob dois aspectos: o primeiro é um aprofundamento nas dinâmicas da confiança que nos permita sair da fase que estamos, a de reconhecer sua existência, e passar para a próxima, a de desenvolvermos habilidades práticas de como fazê-lo. O segundo aspecto é a investigação da formação da imagem de desconfiança que reconhecemos hoje, recontando e reconhecendo os eventos que a formaram, na história do Brasil e do mundo, para que possamos compreender e superar as dores do passado. 

Assim, a proposta deste artigo é que nos estiquemos para lugares mais amplos do que o campo da mudança social, começando pelo desenvolvimento da sociedade ocidental e dela para a filantropia brasileira, para que possamos formar uma imagem completa das dinâmicas que influenciam nossa habilidade de doar com confiança no Brasil e, a partir desta compreensão, conseguir muda-las. Desta maneira, mais do que novas ferramentas que nos digam como doar, a intenção aqui é que entendamos quais dinâmicas presentes em cada um de nós e na nossa sociedade podem estar inadvertidamente agindo sobre o doar. 

Seguimos, assim, a trilha proposta pelo 11º Congresso Gife em busca de novos paradigmas para a ação coletiva, conscientes de que um novo paradigma habita águas profundas e que é lá que precisamos chegar. E para criar espaço de reflexão e observação prática e trazer o conteúdo de maneira leve, esta proposta será em três partes: Parte I – o que é confiança e como ela se desenvolve; Parte II – Reconhecendo os desafios relacionados a confiança no pensamento moderno e do histórico latino-americano e Brasileiro, e Parte III – Caminhos para o Desenvolvimento da Confiança na Filantropia Brasileira.

O que é confiança e como ela se desenvolve?

Confiar tem sentido de acreditar nas intenções de alguém e, também, de atribuição de um fazer a alguém. A palavra vem do latim fidere que significa ter fé. Confiar é um exercício constante, algo que exercitamos diariamente e em inúmeras situações e que, dependendo do caso, exige de nós níveis diferentes de esforço e consciência. Quando eu aperto o interruptor de luz confio que ele irá acender e quando mando minhas filhas para escola, confio que estão recebendo uma educação que condiz com o que escolhi e acredito. A verdade é que eu não sei exatamente como a eletricidade chega na minha casa ou que acontece na escola, porque o mundo não é totalmente translúcido para mim. A primeira característica da confiança que temos que reconhecer é que confiar só existe e se faz necessário quando não enxergamos a totalidade da situação. Ou, em outras palavras, confiar não é saber.

Desta maneira, nossos sentidos estão a todo tempo fazendo leituras sobre as situações que se apresentam em nossas vidas, pessoais e profissionais, e avaliando, conscientemente ou não, o quanto é saudável confiar.  Da mesma maneira que nossas pernas precisam de musculatura para andar, nossa percepção de confiança requer que a exercitemos para que possamos confiar, para que nos permitamos caminhar em direção ao incerto. A segunda característica da confiança é que confiar é um exercício constante, não um estado de ser estático e, assim sendo, ela habita o lugar da relação. Eu preciso me relacionar com a escola, com a pedagogia escolhida, com o corpo docente e até a gestão escolar para me manter em confiança com o fazer da escola. 

Uma terceira característica da confiança, então, é que ela existe sempre em relação a algo ou alguém. Confiar é considerado um verbo transitivo indireto pois ele pede um complemento e este pode ser: coisas (o interruptor de luz), pessoas (o corpo gestor e docente da escola) ou ideias (a pedagogia escolhida). E ainda, quando confiamos em pessoas, focamos nossa confiança em três distintas características, conforme o caso: em suas intenções, nos compromissos por ela assumidos ou em suas capacidades (conhecimento técnico)¹.

Reflexões sobre Confiança e Transparência

No campo da cultura de doação, o confiar e a transparência se entrelaçam de maneira confusa. Dar informações para o mundo é iluminar nosso fazer interno, tornando-o visível para quem está de fora. Isto é importante independentemente de sermos organizações sociais, empresas ou poder público. A escuridão é, sem sombra de dúvida (notem o conceito expresso em idioma), um lugar de maior incerteza e dificuldade para o exercício da confiança.

De um lado, então, é pacífico que não queremos a escuridão, queremos poder ver dentro de organizações para nos ajudar a dar passos, a confiar. De outro, muitas vezes entendemos a transparência como caminho exclusivo para a confiança, como se o esforço para a confiança fosse do outro de se tornar translúcido, e não meu de exercitar minha musculatura.

Ao partirmos desse princípio, nossa musculatura da confiança fica flácida e, como sociedade, giramos em falso no desenvolvimento de forças construtivas da vida social. Como setor de mudança social, criamos desigualdade ao atribuir ao lado de menor poder (organizações sociais que recebem recursos e beneficiários finais) a responsabilidade exclusiva sobre o desenvolvimento da confiança eis que somente organizações maiores conseguem fazer tal investimento.

 

O desenvolvimento da confiança acontece no decorrer da vida. Quando pequenos aprendemos a confiar em nossas habilidades físicas (sentar, engatinhar, andar, falar), o que nos permite nos aventurarmos para cada vez mais longe dos nossos cuidadores. Os ritmos do começo da vida, quando bem cuidados pelos adultos ao nosso redor, nos ensinam a confiar de que o que precisamos para sobreviver nos será provido até que aprendemos, muito tempo depois, a conquistar nossa própria sobrevivência, hoje em forma de trabalho e dinheiro. 

Na infância, desenvolvemos as forças da imaginação, a “capacidade de atribuir forma a um mundo interior próprio” (BOS; 41) e é através delas que mais tarde conseguimos imaginar o universo interno de outra pessoa, a força formadora da empatia. Na adolescência, desenvolvemos a confiança no pensar ao ampliar nossas habilidades para o pensar analítico, lógico e abstrato e conseguimos por em cena o mesmo pensar que informa o mundo. Só mais tarde na vida desenvolvemos o segundo ciclo da confiança: a autoconfiança, a confiança em nossas habilidades profissionais e a compreensão de que precisamos confiar em outros para exercemos plenamente nosso papel no mundo. 

Através deste breve navegar sobre o desenvolvimento da confiança ao longo da vida é possível apreender a enormidade da tarefa contida em uma só palavra. Quando falamos ‘precisamos confiar mais’ estamos tocando em algo extremamente complexo e sagrado da vida humana. Ao mesmo tempo que confiar está contido no nosso desenvolvimento, ou em outras palavras, nos desenvolvemos naturalmente em direção ao confiar, inúmeros acontecimentos ao longo das diversas fases da vida podem formar feridas em nossa habilidade intrínseca de confiar. Estas feridas fazem parte da forma como nos manifestamos no mundo, e consequentemente de como doamos. 

O primeiro passo para o desenvolvimento de relações de confiança é reconhecermos, individualmente e organizacionalmente, como e quando confiamos ou deixamos de confiar a fim de não projetarmos no outro nossos medos. 

Próxima parte: Reconhecendo os desafios relacionados a confiança no pensamento moderno e do histórico latino-americano e Brasileiro.

 

¹ Bos, L. “Confiança, Doação, Gratidão: Forças Construtivas da Vida Social”. Ed. Antroposófica, 2010.

Desburocratização: mais flexibilização nos processos e protocolos no grantmaking

A segunda edição da Série Especial Grantmaking do Podcast GIFE reunirá representantes do setor para refletirem sobre desafios e oportunidades presentes no dia a dia do relacionamento entre grantmakers e grantees e seus impactos sobre o fortalecimento dessa relação. Este segundo episódio aborda o tema da flexibilização em processos e protocolos do grantmaking. Em que consiste a desburocratização das relações entre financiadores e financiados? Quais os caminhos para que isso aconteça? E quais são os entraves? Estes foram alguns dos temas conversados com Guiné Silva, coordenador de Fomento a Agentes e Causas da Fundação Tide Setubal, e Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania.

Lessons in Disaster Philanthropy

In its eighth COVID-19 survey conducted in August 2021, CAF America polled 436 charitable organizations operating in 5 countries (Brazil, Argentina, Russia, India, and South Africa) to report on their current status and outlook for the future.

This report takes account of diverse nonprofits, nearly all of which remain operational, to identify what had to change in their operating context, their relationships with donors, and their approach to achieving their mission to be able to support their communities in 2020. The survey prompted respondents to reflect on the impact the pandemic has had on their work and share their present vision for an uncertain future.

O processo de criação do edital Futuro Bem Maior: uma fusão entre análise qualitativa e quantitativa

Neste artigo, o Movimento Bem Maior compartilha sua experiência e seus aprendizados com a terceira edição do edital Futuro Bem Maior.

Nonprofit law in Brazil

This section describes the legal framework of nonprofit organizations (also known as non-governmental organizations or NGOs) in Brazil, along with translations of legislative provisions relevant for a foundation or advisor undertaking an equivalency determination of a foreign grantee under IRS Revenue Procedure 92-94.

Fortalecimento institucional de OSC

A segunda edição da Série Especial Grantmaking do Podcast GIFE reunirá representantes do setor para refletirem sobre desafios e oportunidades presentes no dia a dia do relacionamento entre grantmakers e grantees e seus impactos sobre o fortalecimento dessa relação. Este primeiro episódio aborda a relação entre grantmakers e grantees com foco no fortalecimento institucional das organizações da sociedade civil. Por que é importante olhar para fortalecimento institucional das OSC? Quais os desafios para que os recursos filantrópicos estejam a serviço das OSC? Quais são as oportunidades de avanço dessa agenda? Estas são algumas das reflexões que você encontra neste bate-papo com Erika Saez, diretora executiva do Instituto ACP, e Camila Felberg, gerente de fomento da Fundação Itaú Social.

Foundations respond to crisis: lasting change?

Calls for changes in foundation practice have come for decades. The ways in which foundations responded to these calls at the onset of the COVID-19 pandemic in early 2020 have been well-documented and widely discussed. However, whether foundation leaders would continue these changes beyond 2020 was an open question.

To better understand current foundation practice, The Center for Effective Philanthropy (CEP) gathered data from 284 foundations leaders who responded to a survey and conducted in-depth interviews with 33 foundations and 32 nonprofit organizations. The report, “Foundations respond to crisis: lasting change?”, shows that foundations have indeed continued to change many practices and that they plan to continue most of these changes in a post-pandemic future.

Seleção de grantees: dicas e recomendações

Por meio da prática de grantmaking, os recursos são repassados para uma grande diversidade de grantees (donatários). É o que apontam os dados do Censo GIFE 2018. Enquanto a maioria dos investidores sociais respondentes (64%) repassa recursos para organizações da sociedade civil (OSCs), 26% destina seus investimentos sociais a negócios de impacto e 24% deles para instituições acadêmicas, centros de pesquisa e universidades.

Gráfico 1 – Organizações por tipos de terceiros para os quais repassam recursos (2016 e 2018)

Fonte: Censo GIFE 2018 (p. 51)

Na hora de selecionar esse tipo de grantee, confiabilidade, transparência e expertise aparecem como critérios preponderantes para mais da metade dos respondentes.

Gráfico 2 – Organizações por critérios utilizados para selecionar OSC apoiadas

Fonte: Censo GIFE 2018 (p. 56)

Mas como selecionar os grantees de forma ampla? Quais são os modos mais efetivos? Como proceder com as organizações que não avançam em um processo seletivo? Quais são as vantagens e os limites dos editais? Que outros modelos disruptivos e/ou alternativos já têm sido implementados?

Conheça algumas das práticas adotadas por instituições financiadoras, além de recomendações e reflexões que servem para a hora de selecionar as organizações que irão receber os apoios financeiros.

 

Dicas e recomendações para a seleção de grantees

  • Fundamentar todas as fases do processo seletivo na construção de relações de confiança. Isso se dá por meio de diálogo e transparência em termos de intenções, expectativas, princípios e valores;
  • Realizar ampla divulgação de editais e outros modos de chamada a fim de garantir participantes com perfis os mais diversos possíveis;
  • Na hora de fazer a seleção, considerar não apenas os projetos e iniciativas, mas também a missão das organizações a serem apoiadas e os recursos e capacidades disponíveis que contribuem para alcançar a transformação social almejada;
  • Considerar também na seleção as oportunidades de apoio ao fortalecimento institucional das organizações financiadas, balanceando recursos entre atividades finalísticas e de suporte à organização;
  • Identificar grantees abertos a premissas como inovação, avaliação de resultados, ciclos de interação e colaboração com outros projetos do portfólio etc. Também é importante que os grantees demonstrem disposição para refletir, avaliar e, caso se mostre necessário, mudar;
  • É preciso respeitar a agenda/estratégia do grantee e saber até onde e quanto influenciá-lo para atender à agenda/estratégia do financiador. Para isso, buscar já na seleção um alinhamento de valores e expectativas, o que exige flexibilidade de ambos os lados – financiadores e organizações apoiadas – para a busca de pontos de convergência e áreas comuns;
  • Reunir evidências que indiquem a capacidade dos grantees de entregar, de fato, os resultados a que estão se propondo, em função da frequente fragilidade na cultura avaliativa das organizações, que não permite que as propostas apresentem, de forma consistente, acúmulos e lições aprendidas decorrentes de esforços anteriores.
  • Estabelecer parcerias e promover arranjos colaborativos de financiamento, além de envolver outros atores da filantropia e do investimento social na seleção de grantees, com o objetivo de alinhar e otimizar as estratégias de financiamento.
  • Considerar sempre o apoio a organizações que atuam nas raízes dos problemas com estratégias que permitam a transformação em grande escala, como o advocacy, a despeito da dificuldade, nesses casos, de mensuração de resultados de curto prazo;
  • Disponibilizar, sempre que possível, suporte técnico contínuo, como capacitações, treinamentos e workshops;
  • Oferecer, sempre que possível, feedbacks transparentes e objetivos para que as organizações não contempladas possam saber em que melhorar – a inviabilidade desse retorno, muitas vezes em função do número de propostas, torna mais lenta a curva de aprendizado e amadurecimento institucional dos potenciais grantees;

 

Vantagens e limites dos editais

Vantagens

  • Mapeiam a diversidade de organizações existentes, expandindo as fronteiras para além dos contatos já estabelecidos pelo financiador;
  • Favorecem um maior alcance regional, chegando a organizações que, muitas vezes, não estariam no radar da instituição financiadora;
  • Permitem selecionar uma ampla gama de grantees que atua no mesmo tema, o que torna possível a comparação de projetos similares para escolher os mais alinhados às expectativas do financiador;
  • Costumam basear-se, na maioria das vezes, em regras claras e na criação de comissões/grupos responsáveis pela seleção, o que torna o processo menos sujeito a vieses e/ou análises subjetivas;
  • Têm se mostrado úteis também para o mapeamento e compreensão de determinados campos de atuação, o que pode contribuir para um melhor desenho das estratégias das organizações financiadoras.

Limites

  • Por limitar a seleção ao universo de organizações inscritas, não favorecem em muitos casos uma seleção diversa de grantees em relação a temáticas de atuação ou a atuações complementares para um desenho mais estratégico do grantmaking;
  • Demandam maior dedicação de tempo da equipe da organização financiadora em razão do maior alcance;
  • Demandam investimento significativo de horas técnicas por parte do grantee, implicando que muitas organizações “requentem” projetos ou reúnam pedaços de diversas propostas para atender aos requisitos dos editais, o que pouco vale em termos de uma reflexão sobre o desafio posto;
  • Costumam ter menor flexibilidade e possibilidade de ajustes e negociações em torno do escopo da proposta de trabalho;
  • Tradicionalmente, costumam privilegiar grantees com estrutura organizacional mais robusta e de perfil mais técnico em detrimento de organizações menos estruturadas;
  • São pouco interativos, ou seja, a equipe técnica da organização financiadora tem pouca oportunidade de dialogar com os potenciais grantees, o que pode deixar boas ideias de fora por dificuldades no desenvolvimento da proposta ou simplesmente por não terem sido comunicadas de forma assertiva;
  • Na maior parte dos casos, os processos são baseados em informações autodeclaradas pelos postulantes do edital, o que pode limitar a avaliação da legitimidade de uma organização em um determinado território ou sua efetiva capacidade técnica;
  • Em muitos casos, quem elabora a proposta não participa da execução do projeto e, por vezes, nem integra a equipe da organização que o implementará.

 

O que tem funcionado na seleção de grantees?

  • Realizar levantamento e análise de informações-chave da instituição e/ou projeto: histórico, apoiadores, realizações, gestão, lideranças, contexto, alinhamento programático e capacidade de impacto;
  • Contar com apoio de instituições intermediárias, caso a organização financiadora não seja especialista em um tema que quer apoiar ou não tenha conexões locais em determinadas regiões geográficas;
  • Ao comunicar à organização solicitante que seu projeto não foi selecionado, informar o motivo e, sempre que possível, o que, por ventura, precisa ser aprimorado, pois, na ausência de feedbacks mais assertivos e que indiquem os principais pontos críticos da proposta, os postulantes costumam repetir os mesmos padrões de escrita de projetos para todos os editais que aplicam, o que dificulta uma possível melhoria de desempenho por parte dos potenciais grantees. Também é recomendável sugerir outras possíveis fontes de financiamento;
  • Promover busca ativa por organizações em um determinado território ou causa para garantir maior diversidade de grantees e maior alinhamento com a estratégia do financiador.
  • Apoiar a autoanálise da capacidade institucional por parte da organização apoiada, que, por vezes, ainda está se estruturando;
  • Estabelecer chamada contínua para receber propostas de potenciais grantees que podem integrar o próximo ciclo de investimento, quando interessantes;
  • Promover processo seletivo-formativo: modelo que intercala etapas online com workshops presenciais e/ou visitas aos territórios – que trazem inputs, conteúdo técnico e atividades aos participantes, que vão se aprofundando e sendo selecionados a cada nova fase até a seleção final. As vantagens são: redução dos riscos, capacitação e suporte técnico mesmo aos projetos não selecionados, aprimoramento do projeto, maior alinhamento aos valores e expectativas do financiador e fortalecimento de relações de confiança.

 

Para saber mais

Rede de Filantropia para a Justiça Social

Espaço que reúne fundos e fundações comunitárias e organizações doadoras (grantmakers) que apoiam diversas iniciativas nas áreas de justiça social, direitos humanos e cidadania.

Council on Foundations

Capacita profissionais do setor filantrópico para enfrentar os desafios contemporâneos e desenvolver uma cultura de doações nos Estados Unidos e no mundo.

Grantmakers for Effective Organizations (GEO)

Plataforma desenvolvida por doadores para ajudar a aprimorar a prática de grantmaking no mundo.

PEAK Grantmaking

Plataforma de conhecimento e colaboração liderada por profissionais especializados em gerenciamento de grant, que contribui para fomentar, qualificar e aprimorar as práticas de grantmaking.

Philosophy of Grant Practice

Paper produzido a partir de entrevistas com lideranças e equipes da Fundação William e Flora Hewlett sobre seus princípios orientadores e abordagem na condução das práticas diárias de grantmaking.

Resonance in a Stakeholder Ecology: Working Effectively with Intermediaries

Estudo que identifica os principais fatores de sucesso e processos práticos que permitem uma relação efetiva entre grantmakers e grantees.

 

Contribuíram para a elaboração deste conteúdo: Fábio Almeida (Laudes Foundation), Inês Lafer (Instituto Betty e Jacob Lafer), Leandro Pinheiro (Fundação FEAC), Luiza Souza (Instituto Clima e Sociedade), Mariana Luz (Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal) e Vinicius Ahmar e Thaís Ferraz (Instituto Arapyaú).

5 Myths of Traditional Philanthropy: A Response to Common Misperceptions About Trust-Based Principles

This guide outlines five common myths and misperceptions that come up in discussions about trust-based principles, and offers clear responses about what a trust-based approach is and isn’t. Funders and other stakeholders can use this guide to challenge traditional assumptions about philanthropy and offer new, clear perspectives into the conversation about what it means to take a trust-based approach.

How To Show Up in a Trust-Based Way

Trust-based philanthropy is not just about organizational policies and practices; it’s about how people as individuals show up in their relationships. This 2-pager overview offers six considerations for anyone – regardless of role or position – who wants to proactively build relationships of mutual trust.

Building Trust Through Regular Check-Ins: A Resource for Funders

How can funders approach grantee check-in meetings to foster productive relationships and glean important insights, all while proactively alleviating power imbalances? And how to consider grantee check-ins as an alternate approach to reporting? This funder-specific tool offers a checklist of trust-based considerations before, during, and after grantee check-in meetings.

Trust-Based Philanthropy: Legal Considerations

Oftentimes in philanthropy, people tend to think of legal considerations in the context of compliance and risk mitigation – i.e., preventing things from going wrong and protecting funders from liability or harm. As a result, foundations that are curious about trust-based philanthropy may have questions about its legal compliance and legitimacy. Is trust-based philanthropy consistent with a foundation’s legal requirements? Can it be done prudently and responsibly? This primer answers frequently asked legal questions about trust-based philanthropy, and offers guidance on how private independent foundations can work within legal parameters to reinforce trust and relationship-building with grantee partners.

Skeptic’s Corner: FAQ’s about trust-based philanthropy

This guide outlines the top ten most frequently asked questions about how foundations can adopt a trust-based approach, and a collection of answers based on contributions from many trust-based practitioners. Funders and other stakeholders can use this tool to answer their own questions or support conversations with colleagues who are curious (or even skeptical) about trust-based philanthropy.

7 Responsibilities of A Trust-Based Board

Trust-based philanthropy invites foundation board members to recognize their critically important role in upholding and modeling an organization’s culture and values. When board members embrace this as their main role in a trust-based context, it opens up tremendous potential for building and sustaining a culture of trust, alleviating power imbalances, and empowering staff to build trust-based relationships with grantee partners. This resource offers seven considerations for boards who want to advance trust-based philanthropic practice.

The 6 Grantmaking Practices of Trust-Based Philanthropy

Too often, foundations get in the way of nonprofits doing the work they know best. This can slow down progress, perpetuate inequities, and obstruct nonprofit growth and innovation. Trust-based philanthropy reimagines that dynamic, building a world in which funders authentically partner with grantees in a spirit of service. This guide offers insights and practical recommendations on shifting from traditional to trust-based grantmaking.

Trust-Based Philanthropy: Self-Reflection Tool

Trust-based philanthropy is a holistic approach that requires alignment in a grantmaking organization’s four interrelated areas: 1) practice, 2) leadership, 3) culture, and 4) values. This self-reflection tool is designed to help funders at various stages of the trust-based journey examine how trust shows up across an organization, and identify areas that may need more inquiry, refinement, or deepening.

New Attitudes, Old Practices: The Provision of Multiyear General Operating Support

This report examines the state of practice in philanthropy regarding multiyear general operating support (GOS). Findings of this study reveal a sobering disconnect between attitudes of foundation leaders and the experience of nonprofits, as well as a similar disconnect between the attitudes of foundation Chief Executive Officers (CEOs) themselves and their foundations’ practices.

Making The Case: Foundation Leaders On The Importance Of Multiyear General Operating Support

This report features profiles of five foundations that provide more multiyear general operating support (GOS) than typical, have significantly increased the proportion of grantees receiving multiyear GOS over time, or both. In these five profiles, foundation leaders share, in their own words, why they provide multiyear GOS, how considerations of equity fit into their decision-making about which grantees receive this support, any advice they would share with their peer foundations, and more. CEP’s goal is for these profiles to provide examples for foundations that are thinking about starting to provide or increasing their provision of multiyear GOS.

Making it Happen: A Conversation Guide

This companion piece to “New Attitudes, Old Practices: The Provision of Multiyear General Operating Support” provides resources for foundation leaders and boards seeking to start providing, or provide more, multiyear general operating support (GOS) grants. It shares insights and suggestions from leaders whose foundations provide more multiyear GOS than typical, as well as questions to guide foundation discussions.

Giving Brasil 2020

Terceira edição da pesquisa Brasil Giving Report sobre o comportamento do doador individual brasileiro realizada pela Charities Aid Foundation (CAF), que abrange o período de agosto/2018 a julho/2019. Entre os achados desta edição, a elevação da confiança dos brasileiros nas ONGs, a forte demanda quanto ao investimento social feito por empresas e a maior mobilização das pessoas em torno de causas políticas e sociais. O valor típico doado neste período foi R$ 200 reais.

A nova Pesquisa Doação Brasil

A Pesquisa Doação Brasil 2020 está no ar! Considerado o mais importante estudo sobre doações feitas por indivíduos no Brasil, a Pesquisa foi coordenada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e realizada no início de 2021, refletindo as ações e o comportamento dos doadores ao longo de 2020. A última edição tinha sido conduzida em 2015 e era muito citada. Agora, dá para contar com novos e fresquinhos dados de um levantamento bem completo do perfil do doador brasileiro, que ajuda o terceiro setor a se planejar e a melhorar suas práticas. Quem contou tudo neste episódio do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” foi Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

O que aprendemos sobre cultura de doação em 40 episódios?

O clima de nostalgia invadiu o estúdio! A primeira temporada do podcast “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” chegou ao fim! Depois de quarenta semanas trazendo discussões de qualidade sobre cultura de doação, Artur Louback e Roberta Faria fazem uma retrospectiva dos episódios mais ouvidos e convidam as colunistas Duda Schneider e Rafa Carvalho para responder uma rodada relâmpago estendida.

Especial: Retrospectiva 2020

O ano de 2020 foi intenso para muitas pessoas, mas há muito o que se lembrar e comemorar no que diz respeito à cultura de doação. Para refrescar a memória daqueles que se interessam pelo tema, a equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” conversou com Patricia Lobaccaro, que trabalha com consultoria estratégica em filantropia, sobre doze fatos marcantes do ano, um para cada mês.

O que a pandemia nos ensinou sobre doar?

Quais lições podem ser levadas para o futuro da cultura de doação a partir de um ano em que todo mundo precisou de ajuda? Como manter o ritmo daqui para frente? A equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” conversou com Carola Matarazzo, do Movimento Bem Maior, e outros especialistas sobre o legado da pandemia e as oportunidades para continuar doando nos próximos anos.

Como doar uma herança?

A princípio, “herança” pode parecer um assunto que interessa apenas a milionários. Em algum momento, contudo, todas as pessoas pensam em qual legado querem deixar no mundo. A equipe do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” conversou com especialistas, como a advogada Priscila Pasqualin, para entender melhor o tema da doação de heranças no Brasil, os seus principais entraves e possibilidades. Foram incentivadas também doações que não dependem de larga conta bancária, como a doação de órgãos, algo que todos podem se comprometer.

Como as empresas podem doar?

Há tempos dizem que as empresas podem e devem fazer mais: podem ser mais sustentáveis, mais justas e mais conectadas com as questões socioeconômicas ao seu redor. Trata-se da chamada “cidadania corporativa”, assunto da conversa do “Aqui se faz, AQUI SE DOA!” com alguns especialistas, incluindo Cássio Aoqui, fundador e CEO da consultoria ponteAponte, focada em investimento social.

O ABC da cultura de doação

O universo da cultura de doação engloba uma quantidade enorme de termos que são, muitas vezes, estrangeiros (em inglês). Mas será que todos entendem as mensagens transmitidas? Não haveria como amenizar as possíveis barreiras linguísticas?

Richard Sippli, coordenador de relações institucionais do Movimento Bem Maior, auxilia os hosts Roberta Faria e Artur Louback na tarefa de criar um glossário com os termos que todos os interessados em doação deveriam saber.

Encontros Grupo de Colaboração Grantmaking

Os Grupos de Colaboração são ciclos de intercâmbio de práticas e experiências pelos participantes em torno de temas nucleares para a ação cotidiana e efetividade no setor e fazem parte da programação fechada do 11º Congresso GIFE, sendo assim exclusivas para inscritos no Congresso.

O tema inaugural desta atividade foi Grantmaking. A prática de doação (grants), de forma estruturada para organizações ou iniciativas da sociedade civil, também conhecida como grantmaking, tem se difundido no Brasil nos últimos anos. Seus contornos e práticas, no entanto, carecem de reflexão e profundidade. O trabalho do grupo de colaboração buscou estimular uma reflexão sobre questões centrais que permeiam a prática de grantmaking a partir de uma perspectiva institucional e debater aspectos que articulam essa modalidade como agenda pública e também prática filantrópica.

Sistematização Grupo de Colaboração Grantmaking

O Grupo de Colaboração Grantmaking, ação integrante do 11º Congresso GIFE em parceria com a Rede Temática de Grantmaking, foi realizado de 5 à 26 de novembro de 2020 e reuniu diferentes atores do ecossistema, entre eles representantes de organizações da sociedade civil, investidores sociais, consultores e academia, além de contar com a participação dos especialistas André Degenszajn e Iara Rolnik, do Instituto Ibirapitanga. Uma atividade que estimulou reflexões sobre questões centrais que permeiam a prática de Grantmaking e debateu aspectos que articulam essa modalidade como agenda pública e prática filantrópica. Os encontros também permitiram mapear as principais inquietações sobre o tema, aprofundar desafios comuns, trocar boas práticas e refletir sobre possibilidades para avançar em diferentes frentes. Confira neste documento uma síntese com os principais pontos debatidos pelo grupo ao longo desta jornada colaborativa.

Modern Grantmaking, with Gemma Bull & Tom Steinberg

In this episode of Giving Thought, a podcast by CAF, Rhod sat down with Gemma Bull and Tom Steinberg, authors of new book “Modern Grantmaking: A Guide for Funders Who Believe Better is Possible”. In a wide-ranging conversation, they discussed:

  • Humility & Funder Ego
  • Diversity, Equity & Inclusion
  • Privilege & Power
  • Participation & Movement
  • Funding practices
  • Risk and Innovation
  • Evidence and Impact

Philanthropy and COVID-19 in the first half of 2020

The impact of the COVID-19 pandemic on communities worldwide was swift, hard and devastating especially on the most vulnerable people. Philanthropy has played a vital role in providing critical support to various organizations leading relief and recovery efforts. Amid tragedies and hardship, how did the world’s largest grantmakers and donors respond?

The Impact of Covid-19 on the Global Philanthropic Sector

Covid-19 is catalyzing a transformational wave of change across the philanthropic sector around the globe. This report presents the following context and goals:

  • Covid-19 has revealed new vulnerabilities and inequities worldwide, profoundly impacting foundations and their grantees.
  • Dalberg initiated the “Covid-19 Philanthropic CEO Barometer Survey” and in-depth interviews to understand the impact of Covid-19 on the philanthropic sector, with a focus on foundations.
  • Foundations and philanthropists are rushing to execute emergency plans, assemble resources, and reassess strategies, while managing disruptions to their operations.
  • The research aims to inform immediate sector decisions and serve as a starting point for reflection on longer-term implications.

Listening During COVID-19: A Framework for Funders

Funders are feeling the need to confront the COVID-19 pandemic quickly and effectively. Listening, especially to nonprofit partners and the communities funders ultimately seek to serve, is essential to doing so. More than 750 funders and philanthropic leaders have committed to listening to communities least heard, lifting up their voices and experiences to inform public discourse and their own decision-making throughout their COVID-19 response. They recognize that listening helps ensure that their response to COVID-19 will be more effective, efficient, and equitable. This framework lays out high-impact funder listening priorities during COVID-19.

COVID-19: How Have Funders Changed Their Approach & What Will Stick?

In April 2020, Exponent Philanthropy and PEAK Grantmaking each fielded a survey to see how their funders were responding to the impact of COVID-19 on their communities, grantees, and internal operations and processes. Inspired by their members’ collaboration during these challenging times, PEAK and Exponent partnered to analyze the survey results in the context of additional reflections and guidance from their members. This report shares some findings.

The Voice of Charities Facing COVID-19 Worldwide (Vol. 4)

In its fourth COVID-19 survey, conducted from June 25 to July 10, Charities Aid Foundation (CAF) of America, in partnership with CyberGrants and The Association of Corporate Citizenship Professionals (ACCP), captured the voices of 73 corporations and corporate foundations that shared the impact of the pandemic on their philanthropic giving. This report provides insight into corporate philanthropic efforts since the pandemic began. The experiences of the past few months enable donors to consider how actions taken to support the resilience of communities in need have fared, and how this knowledge can help the global community navigate the best path forward.

Filantropia Colaborativa

O terceiro volume da série “Temas do Investimento Social” aborda o conceito de Filantropia Colaborativa, ou seja, formas de colaboração que têm como pré-requisito a participação de no mínimo dois atores da filantropia com envolvimento de recursos financeiros em pelo menos uma das seguintes esferas: colaboração na mobilização ou colaboração na coordenação, alocação e/ ou gestão de recursos financeiros privados para produção de bem público. A publicação busca, assim, apresentar um panorama sobre o desenvolvimento de novas arquiteturas que permitem e contribuem com o aprofundamento dos modos de ação coletiva e colaborativa no setor, além de debater os limites e desafios e apontar caminhos para um aprofundamento qualificado das formas de colaboração no campo da filantropia e do investimento social.

Foundations Respond to Crisis: A Moment of Transformation?

Amid the compounded crises of COVID-19 and the long-standing structural inequities the pandemic is exacerbating, the myriad calls for funders to make fundamental changes in how they approach their work have grown in number and intensity. This study is the first in a series of three reports from Center for Effective Philanthropy (CEP) examining the extent to which staffed foundations have improved their practices in response to calls for change to meet the unprecedented challenges of 2020.

Foundations Respond to Crisis: Toward Equity?

The disproportionate public health and economic impacts of the COVID-19 pandemic on certain communities, along with nationwide protests against police violence and racial injustice, have intensified the calls for foundations to focus on equity and reckon with anti-Black racism in a deeper way than they had before. This study is the second in a series of three reports from Center for Effective Philanthropy (CEP) examining the extent to which staffed foundations have improved their practices in response to calls for change to meet the unprecedented challenges of 2020.

Foundations Respond to Crisis: Toward Greater Flexibility and Responsiveness?

Nonprofits and funders alike have long called on foundations to be more flexible and responsive, to provide more unrestricted funding, to reduce what they ask of grantees, and to build more trusting relationships. Amid the COVID-19 crisis, these calls for change only intensified. This study is the final in a series of three reports from Center for Effective Philanthropy (CEP) examining the extent to which staffed foundations have improved their practices in response to calls for change to meet the unprecedented challenges of 2020.

Filantropia corporativa no Brasil: uma análise das doações empresariais em meio à pandemia da Covid-19

A pandemia da doença do coronavírus 2019 (coronavirus disease, Covid-19) resultou em uma onda filantrópica sem precedentes na história brasileira. Muitas empresas atuaram diretamente no alívio de dificuldades imediatas da população e realizaram doações para organizações da sociedade civil (OSC), municípios, estados e governo federal. Este trabalho busca compreender os padrões dessas doações e como essa experiência impactou no modo como as empresas realizam e encaram suas ações filantrópicas. Para isso, foi adotada uma estratégia de pesquisa em dois estágios. Primeiro, foi feita uma análise quantitativa das 150 maiores doações empresariais para enfrentamento da Covid-19 – de acordo com os dados do Monitor das Doações (ABCR, 2020) –, delineando tendências e padrões das grandes doações corporativas no Brasil. Em um segundo momento, foram entrevistados nove atores centrais no processo de tomada de decisão das grandes doações empresariais no país, visando não só validar os achados quantitativos, como especialmente almejando obter uma compreensão aprofundada do processo decisório interno das empresas doadoras e dos aprendizados de longo prazo, como o alinhamento da ação filantrópica às estratégias corporativas. Argumenta-se que as grandes doações empresariais realizadas durante a pandemia podem ser compreendidas de uma perspectiva estratégica, em que empresas de diferentes setores econômicos adotam comportamentos filantrópicos distintos, levando em consideração as condições do contexto competitivo em que se encontram. Por fim, esta pesquisa apresenta considerações sobre o que mudou na filantropia corporativa brasileira, de uma perspectiva dos agentes desse setor, enfatizando três grandes aprendizados oriundos dessa situação trágica de pandemia: tomadas de decisões rápidas e multissetoriais, alinhamento de eficiência econômica e benefícios sociais, e a construção e fortalecimento de redes de apoio e cooperação.

Filantropia da Próxima Geração: encontrando o caminho entre tradição e inovação

Esta publicação integra a coleção “Philanthropy Roadmap”, iniciativa da Rockfeller Philanthropy Advisors (RPA) que tem como objetivo fornecer orientação sobre as questões mais relevantes do setor filantrópico. No Brasil, a RPA cedeu gentilmente ao Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) o direito de traduzir e complementar o conteúdo. O objetivo específico do guia “Filantropia da Próxima Geração: encontrando o caminho entre tradição e inovação” é inspirar os novos filantropos a sonhar e considerar outras possibilidades, planejando doações que tragam alegria e satisfação.

O que a pandemia nos contou sobre doar

A partir de uma investigação fenomenológica, este artigo busca iluminar a natureza das alterações ocorridas na cultura de doação brasileira a partir da mobilização em decorrência dos impactos da Covid-19, assim como seus padrões ou permanências. Partimos do princípio de que a doação não é mero objeto, é uma atividade que se relaciona diretamente com dinâmicas sociais presentes em nossa realidade brasileira, e tem os arquétipos de poder inerentes à cultura brasileira como pano de fundo. A forma como ela se expressa (como é, não como deveria ser) nos fornece insumos sobre nós, sociedade, assim como a nossa forma de ser revela aspectos – por vezes despercebidos – da doação. Para chegar nas características do doar pandêmico, ouvimos diferentes grupos focais: um com doadores e organizações de fomento ao campo, e um com organizações que receberam e distribuíram bens e recursos, assim como pesquisas elaboradas no ano de 2020, dados sobre o volume doado e referências sobre o doar pandêmico em outros países. O texto busca retratar parte do movimento cultural de doação, de maneira que aquele que lê possa ver algo das qualidades únicas do fenômeno explorado (HOLDREDGE, 2005), refletindo e construindo suas próprias imagens, e que, assim, não se propõe a trazer necessariamente respostas, conclusões ou certezas. O ano de 2020 foi marcado por um doar-reflexo, mas sua experimentação, por muitos até então não-doadores, somada à uma reflexão mais profunda sobre como ele acontece e o que é gerado pela forma como é feito, tem potencial de gerar mudanças significativas para os anos que seguem.

Pesquisa Doação Brasil 2020

A Pesquisa Doação Brasil surgiu para suprir uma lacuna de dados sobre os hábitos e pensamentos da sociedade brasileira em relação à doação. O estudo apresenta o que os doadores e os não doadores brasileiros pensam e como se comportam. A Pesquisa Doação Brasil encontra-se em sua segunda edição. A primeira, publicada em 2016, refletia o retrato de 2015. Esta, lançada em 2021, traz os dados relativos a 2020.

CAF World Giving Index 2021: a global pandemic special report

The Charities Aid Foundation (CAF) has been producing its World Giving Index for more than a decade. The first CAF World Giving Index was published in the wake of the global financial crisis, and now this long running study has given the opportunity to look at how a new global crisis – the Covid-19 pandemic – has impacted giving around the world. This report provides insight into the scope and nature of giving around the world and looks at three aspects of giving behaviour.

Grantmaking: Avanços do campo no financiamento a terceiros

Compreender como os investidores sociais financiam outras organizações é fundamental para analisar as formas de atuação da filantropia no Brasil. De 2016 para 2018 houve crescimento no número de investidores sociais classificados pelo GIFE como “essencialmente financiadores” e dobrou o volume de recursos repassado para apoio institucional ou projetos/ programas de terceiros. Os investidores sociais privados repassam recursos principalmente para organizações da sociedade civil (OSC), apesar do grantmaking não se restringir a esse tipo de repasse de recursos e envolver diversos outros perfis de organizações. Na escolha de que OSC apoiar destacam-se critérios como confiabilidade, transparência e expertise em sua área de atuação, enquanto a mensuração do impacto dos projetos/ programas se apresenta como um ponto de dificuldade apontado pelos investidores sociais na relação com as OSC.

Granting During the Pandemic: Foundations Face Increasing Calls to Increase Their Expenditures to Assist Struggling Charities

March 20 was the day the team at MakeWay (then called Tides Canada) mobilized. The Vancouver-headquartered public foundation had been reaching out to its community partners, many of which are in remote and northern communities. “People were just terrified,” says executive director Joanna Kerr. She and her team had also been hearing from donors who wanted to help. On March 25, they launched two pooled rapid response funds targeted to remote and northern communities and community-led organizations. Meanwhile, the foundation response was picking up steam across the country. They didn’t know how it would turn out. One thing they did know, though, is that the disbursement of funds had to be community-driven. Partners have been using their shared platform to make granting decisions for both funds, which they are distributing on a rolling basis, based on greatest need. The other thing Kerr knew was that she wanted to find ways to use the crisis to advance social, and systems, change that might not have been possible in normal times.

A Covid-19 e o registro de doações corporativas para OSC no Brasil: um raio-X durante a pandemia em 2020 

As notícias de recordes de doações no início da pandemia contrastam fortemente com indícios de enfraquecimento de boa parte das organizações da sociedade civil (OSC) no mesmo período. Nesse contexto, esta pesquisa tem por objetivo rastrear e analisar as doações para OSC – sobretudo corporativas – que ocorreram no Brasil de março a outubro de 2020. Por meio do levantamento de 427 doações registradas no Monitor de Doações Covid-19, da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), foram catalogadas 166 OSC beneficiadas por essas ações, bem como analisados os perfis de doadores e donatários e a transparência nesses processos. Dentre os resultados, evidenciam-se: a predominância de doações para a saúde, em detrimento de outras causas, e não envolvendo prioritariamente OSC; o baixo nível de prestação de contas dos doadores; e, para as OSC, uma possível relação entre nível de transparência, amplitude de atuação e concentração de recursos, a ser investigada em estudos futuros. Como reflexão final, pondera-se sobre a necessidade de a pandemia, em pleno curso atualmente, colocar pensadores e practitioners do campo de investimento social no rumo de encontrar novos caminhos de solidariedade e equilíbrio entre as instituições, governanças mais colaborativas e ensinamentos relevantes da sociedade civil brasileira para o resto do mundo.

Este artigo integra a série Estudos Emergência Covid, que publica reflexões e análises de pesquisadores brasileiros de diferentes áreas do saber com o objetivo de estimular, ampliar e disseminar a produção de conhecimento qualificado sobre os impactos da pandemia no campo da filantropia, do investimento social privado e das organizações da sociedade civil no Brasil.

Por um Brasil + Doador, Sempre

Como promover a cultura de doação no Brasil? Como engajar novos atores e articular este ecossistema para um esforço coletivo por esta causa? Essas são as perguntas que movem o Movimento por uma Cultura de Doação e que inspiraram a criação da Força Tarefa, berço deste Documento de Diretrizes. Após estudos e escutas, foi possível entender o panorama de doação no país e indicar caminhos fundamentais para uma cultura de doação ainda mais forte e qualificada.

Boas práticas na relação entre financiadores e donatários

Com o título “Boas práticas na relação entre financiadores e donatários”, este segundo número da série Notas Técnicas aborda alguns dos principais elementos que determinam a boa qualidade da relação entre financiadores (grantmakers) e donatários (grantees), visando qualificar as práticas de grantmaking e contribuir para o desenvolvimento de relações mais exitosas no campo do investimento social, da filantropia e das organizações da sociedade civil.

A série Notas Técnicas publica obras curtas e objetivas para estimular o debate de conceitos, oferecer orientações técnicas e detalhamentos sobre modos de fazer, buscando responder questões relevantes e práticas sobre o campo da filantropia e do investimento social.

Financiamento Baseado em Relações de Confiança: Análise sobre a Importância do Financiamento Operacional Geral e do Desenvolvimento de Competências Institucionais

Há uma percepção crescente entre os financiadores acerca da relevância do financiamento operacional geral (FOG) e do desenvolvimento de competências institucionais (DCI), como formas flexíveis de apoio que possibilitam às organizações da sociedade civil (OSCs) maior eficácia estratégica e responsividade diante de novas demandas. Este relatório, solicitado pela Fundação Citi e produzido pelo Synergos, explora como o FOG e o DCI podem auxiliar os financiadores a ampliar o impacto das organizações e, por sua vez, gerar resultados melhores nas comunidades que atendem. O relatório baseia-se na pesquisa “Capacity Building Across Borders – A Strategy for Funders and Partners” (Desenvolvimento de Competências Para Além das Fronteiras – Uma Estratégia para Financiadores e Parceiros), conduzida pelo Synergos com o apoio da Fundação Citi e publicada em 2018, que examinou as necessidades e oportunidades de capacitação que podem contribuir para o desenvolvimento global da sociedade civil.

A atuação em rede para o fortalecimento das estratégias de grantmaking: a experiência do Instituto Humanize

Com Georgia Pessoa, diretora executiva do Instituto Humanize, fala sobre os desafios, aprendizados e a importância de uma atuação por meio de parcerias e alianças para o êxito do grantmaking.

Investimento de impacto e grantmaking: visões conceituais distintas para o investimento social privado brasileiro

Apesar de ligeiras mudanças ocorridas ao longo dos últimos anos, o investimento social privado (ISP) brasileiro ainda apresenta baixo volume de grantmaking (repasse de recursos) às organizações da sociedade civil (OSC). Este artigo discute a possibilidade de tal cenário se dever a diferenças conceituais na visão do ISP e da sociedade civil para o desenvolvimento socioeconômico do país, cujas raízes podem remontar à história das origens do ISP e das OSC no plano nacional. O artigo apresenta também a emergência recente da prática de investimento de impacto no Brasil, sugerindo que, apesar de trazer grandes inovações técnicas para o âmbito do ISP, as ações ainda refletem divergências entre tais visões para o desenvolvimento social e, assim, fortalece a tendência histórica do ISP brasileiro de se afastar da prática do grantmaking direcionado às OSC.

Este artigo integra a publicação seriada Artigos GIFE , que publica reflexões e análises de pesquisadores brasileiros de diferentes áreas do saber com o objetivo de estimular, ampliar e disseminar a produção de conhecimento qualificado sobre o campo da filantropia, do investimento social privado e da sociedade civil no Brasil.

Editais Brasil

Editais Brasil é um relatório que analisa os 1.675 editais para o Brasil que foram divulgados pela Central de Editais ou geridos pela tecnologia da plataforma Prosas no ano de 2019. Com o intuito de compartilhar informação sistematizada e de qualidade sobre o financiamento de iniciativas de interesse público no país, foram analisadas as principais características dessas chamadas públicas e compiladas as informações em um material inédito sobre o perfil dos editais para as áreas social e criativa no Brasil.

Fundraising with Confidence

As Covid-19 continues to impact the world in unprecedented ways, the nonprofit sector has quickly adapted to virtual solutions to reach donors, reassure staff, and persevere through an economic downturn. The Chronicle’s latest article collection has an interview with a leader looking ahead at her fundraising plan for the year, ideas to connect with donors through video messages and telephone town halls, and a recent outlook for giving during these difficult times.

Sustentabilidade de organizações da sociedade civil: dispositivos de alavancagem

Organizações da sociedade civil sustentáveis são fundamentais para manter o tecido institucional onde se instala a construção da democracia, a manutenção da vida no planeta, a garantia do acesso justo a direitos e serviços, o desenvolvimento cultural plural e outras conquistas materiais e imateriais determinantes para nosso processo civilizatório.

Por sustentabilidade de organizações compreende-se a sua capacidade de manter, ao longo do tempo, a produção de impacto positivo. Esta hipótese depende de um conjunto de dimensões que buscam entre si um equilíbrio dinâmico e compreendem a governança, a imagem do futuro organizacional, a saúde e as estratégias financeiras, a conexão com as demandas sociais e a capacidade de manter e desenvolver equipes. Depreende-se, então, que a sustentabilidade tende a ser um estado momentâneo na vida da organização, sendo raros os casos em que se instala como absoluta. Por isso a expressão “comportamento da sustentabilidade” é empregada neste artigo, traduzindo as condições específicas que uma organização reúne em determinado momento e que lhe proporciona maior ou menor conforto na perspectiva de perenizar sua ação. A dimensão econômica ganha especial atenção na interpretação da sustentabilidade por ser uma categoria determinante, ou seja, na sua ausência a vida organizacional está profundamente comprometida. Ao mesmo tempo a dinâmica financeira oferece métricas tangíveis que permitem objetivar o horizonte de sobrevivência organizacional.

Pela sua relevância, a sustentabilidade é motivo de atenção em todas as relações estabelecidas entre organizações financiadoras (ORG FIN) e organizações da sociedade civil (OSC) e se torna pauta de interesse em praticamente todas as avaliações que irão observar impactos e resultados das parcerias estabelecidas entre estas partes, estando inclusive institucionalizada nas cinco dimensões avaliativas propostas pela OCDE (DAC)[1]. Em nossa experiência como avaliadores, entretanto, observamos que depositar o foco da sustentabilidade somente sobre a OSC é impreciso e, em última instância, injusto. Entende-se que este atributo é conquistado continuamente a partir das interações estabelecidas no ambiente em que a organização opera. A sustentabilidade está, desta forma, inserida em um sistema aberto por onde fluem diferentes atores e tipos de energia, sendo necessária uma abordagem complexa para compreender sua dinâmica. Por complexa, ela exige a observação de relações, aspecto que a literatura aponta como central nas análises de sistemas desta natureza.

Este texto nasce da perspectiva de que, no campo da avaliação, a análise de sustentabilidade pode ser ajustada de uma lente focada em conhecer “em que medida as OSC estão sustentáveis” para um olhar sobre “em que medida a relação estabelecida com a organização financiadora criou condições para fortalecer a trajetória de sustentabilidade da organização”. A relação é direta e se forem observadas que tais condições estão criadas ou fortalecidas, pode-se assumir, via proxy, que a organização alcança comportamento mais sustentável.

Para esta análise o artigo apresenta uma proposta de dispositivos que podem alavancar a sustentabilidade caso estejam presentes na relação ORG FIN – OSC. Apesar de nascer no campo da avaliação, o que é aqui defendido é de interesse de outros atores do campo de filantropia, investimento social privado e venture philanthropy, para os quais pode inspirar e orientar formas de construir relações.

Por fim, exige ser mencionado que a consolidação do enquadramento conceitual sugerido neste artigo se deu no curso da avaliação externa da C&A Foundation (C&A Foundation Overall Effective Evaluation, 2019), liderada pela empresa canadense Universalia[2] e na qual a Move teve o privilégio de compor a equipe de trabalho.

Os dispositivos da sustentabilidade organizacional na relação entre ORG FIN e OSCs

A análise sobre “em que medida a relação ORG FIN – OSC contribuiu para alavancar a sustentabilidade das organizações parceiras” deve considerar 6 dispositivos básicos, quais são: (1) suporte institucional; (2) co-financiamento e investimentos alavancados; (3) apoio não financeiro; (4) estratégias de saída; (5) monitoramento e avaliação e (6) duração da parceria.

A natureza destes dispositivos é distinta, destacando-se sua linhagem financeira na qual um desembolso de recursos é feita diretamente da ORF FIN para a OSC (suporte institucional);  a natureza política (co-financiamento e investimentos alavancados) na qual a relação da ORG FIN é um ativo para viabilizar novos recursos para a OSC; a origem estratégica, na qual a maior parte está classificada (apoio não financeiro, estratégias de saída e monitoramento e avaliação) e por fim os elementos de natureza temporal, relacionado à duração da parceria, considerado mais desafiador.

A apresentação de cada um dos dispositivos é feita com base em uma estrutura que abrange sua definição, seu relacionamento com a sustentabilidade e uma proposta sobre formas de ser operacionalizado na relação, o que serve para orientar práticas avaliativas e de investimentos.

Dispositivo 1. SUPORTE OU APOIO INSTITUCIONAL

Definição: Suporte institucional (Core support) refere-se ao recurso voltado à manutenção e/ou fortalecimento da organização não destinados estritamente à operação de atividades específicas da iniciativa ou programa finalístico. Este investimento, no qual o overhead ou custos operacionais estão inseridos, são reconhecidos como recursos livres para os quais a organização tem o arbítrio de investir onde considerar mais significativo. Referências de literatura indicam que ao apoio institucional valores destinados a (a) gestão e custos gerais,  a viabilizar a vida institucional da  OSC e são compartilhados pelo conjunto de programas; (b) custos de captação destinados ao planejamento, solicitação e transações envolvidas no processo de mobilização de recursos[3]. Existe certa tendência, entre fundações, a definir faixas fixas de valores de investimento em overhead, entretanto um alerta lançado em artigo publicado pela Stanford Social Innovation Review (2016) [4] aponta que o tipo de organização e sua atividade tem clara relação com o valor dos custos administrativos, sendo não adequado assumir uma padronização aplicável a todos. Estudos semelhantes que exploram a realidade brasileira não estão disponíveis e este tema oferece um campo de necessária pesquisa.

Relação com sustentabilidade: Diz respeito a garantir que a estrutura organizacional (nível estratégico, tático e operacional), na qual estão alicerçados programas e projetos, será preservada sem a geração de passivos e, além, terá capacidade de se fortalecer via novos investimentos. Déficit no suporte institucional compromete a saúde financeira da organização, sua capacidade de sustentar sua equipe e operações e a viabilidade de manter sua entrega de resultados no médio e longo prazo.

Elementos do dispositivo a serem observados na relação ORG FIN – OSC: 

  1. ORG FIN realiza o investimento em suporte institucional.
  2. ORG FIN tem política clara e conhecida de apoio institucional[5].
  3. Valor de suporte institucional recebido em relação ao valor de despesas organizacionais da OSC[6].

Dispositivo 2. CO-FINANCIAMENTOS E INVESTIMENTOS ALAVANCADOS

Definição: Co-financiamento é o engajamento, a partir de um financiador primário, de outros investidores para apoiar a iniciativa com recursos financeiros antes do seu início formal. Já investimentos alavancados são aqueles apoios recebidos pela iniciativa após seu início e ao longo do curso de sua implementação.

Relação com sustentabilidade: Garantir recursos para complementar o financiamento total da iniciativa ou ampliar a diversificação dos recursos para sua viabilidade. Co-financiamento e investimentos alavancados sintetizam a reconhecida necessidade de ter um conjunto amplo de parceiros financiadores ao redor de uma mesma iniciativa. Relacionam-se também com a possibilidade de alcançar a máxima potência de um programa ou projeto com a viabilização de todos os recursos necessários.

Elementos do dispositivo a serem observados na relação ORG FIN – OSC:

  1. ORG FIN realiza mobilização intencional e estratégica para viabilizar co-financiamento.
  2. ORG FIN realiza mobilização intencional e estratégica para viabilizar alavancagem.
  3. ORG FIN tem política ou abordagem clara para a viabilizacão de co-financiamento e alavancagem.
  4. % de valores de co-financiamento e alavancagem alcançados pela iniciativa.

 Dispositivo 3. APOIO NÃO FINANCEIRO

 Definição: Apoio não financeiro é definido como serviços oferecidos a organizações que recebem o financiamento (OSC) para fortalecer seu impacto social, resiliência organizacional ou sustentabilidade financeira[7]. Tal apoio ocorre na forma de consultoria estratégica, suporte na gestão financeira, estratégias de mobilização de recursos, acesso a redes, apoio à governança, mentoria de lideranças, orientação jurídica, bem como apoio a desafios de comunicação e tecnologia (anexo 1).

Relação com sustentabilidade: O apoio não financeiro cria melhores condições para o alcance dos resultados e propósito organizacional ao agregar ferramentas, abordagens estratégicas ou perspectivas sobre temas específicos que antes não estavam disponíveis no campo institucional.

 Elementos do dispositivo a serem observados na relação ORG FIN – OSC[8]:

  1. Oferta de apoio não financeiro estruturado.
  2. Facilidade de acesso ao apoio não financeiro.
  3. Definição do apoio financeiro com base em necessidades organizacionais reconhecidas pelas OSCs como relevantes.
  4. Valor do investimento em apoio não financeiro[9].

Dispositivo 4. ESTRATÉGIAS DE SAÍDA

Definição: Diz respeito à existência de um plano elaborado entre ORG FIN e OSC que desenha alternativas de continuidade da iniciativa após o término do financiamento com o intuito de evitar impactos negativos, advindos do fim dos recursos financeiros, nos resultados produzidos ou na atividade organizacional. Idealmente estas estratégias devem ser consideradas desde o início da relação de parceria e não apenas ao seu final.

Relação com sustentabilidade: As estratégias de saída preparam a organização para lidar da melhor forma possível com a ausência futura do financiamento e do apoio provido por uma ORG FIN.

Elementos do dispositivo a serem observados na relação ORG FIN – OSC:

  1. Existência de um plano de saída formalmente estruturado e desenhado por ambas as partes.
  2. Plano construído pelas duas partes e não imposto pela ORG FIN.
  3. Disponibilidade de recursos para a viabilização do plano.

 Dispositivo 5. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Definição: Diz respeito à realização de processos disciplinados de acompanhamento da iniciativa e observação de aspectos a serem fortalecidos, substituídos ou criados. Pode englobar tanto processos estruturados de monitoramento e avaliação quanto estruturas informais, desde que criem condições para a reflexão e aprendizagem de todas as partes envolvidas.

Relação com sustentabilidade: A avaliação e o monitoramento são dispositivos para a aprendizagem organizacional que permitem a adequação da rota de resultados e o desenho de estratégias mais adequadas para a efetividade, eficiência e eficácia organizacional. Devem, entretanto, contar com a participação de todas as partes envolvidas no processo de reflexão e aprendizagem a partir das evidências recolhidas, de forma a terem repertório para decisões.

 Elementos do dispositivo a serem observados na relação ORG FIN – OSC[10]:

  1. Existência de sistemas e /ou processos MEL (Monitoring, Evaluation and Learning).
  2. MEL acordado entre as duas partes.
  3. Resultados do MEL compartilhados e utilizados entre as duas partes.

Dispositivo 6. DURAÇÃO DA PARCERIA

Definição: A sustentabilidade relaciona-se com fazer-se perene no tempo e este dispositivo foca exatamente na relação temporal entre ORG FIN e OSC em torno de uma iniciativa. Busca conhecer se a duração da parceria foi adequada para alcançar determinados resultados e criar condições para sua permanência, bem como da organização. Entretanto se reconhece que não existe uma fórmula única a definir quanto tempo deve durar cada parceria para alcançar resultados perenes, sendo aspecto a ser observado caso a caso. Se observa que esta é o mais desafiado dispositivo  entre os 6 sugeridos.

Relação com a sustentabilidade: Relaciona-se com a observação do tempo de financiamento como adequado para criar as condições para que resultados se instalem, estabilizem e sejam sustentáveis.

 Operacionalização do conceito na avaliação da sustentabilidade:

  1. Tempo de duração das parcerias.
  2. Existência de ciclos de renovação da parceria.
  3. Percepção da adequação da duração da parceria para consolidar resultados sustentáveis.

CONCLUSÃO

Existe uma clara oportunidade de seguirmos um novo caminho na instalação e avaliação da sustentabilidade de organizações da sociedade civil, assumindo o prisma da relação entre ORG FIN e OSC na construção deste processo. O caminho a ser trilhado convida a validar e qualificar cada um dos dispositivos sugeridos, os quais – em si – são merecedoras de análises e textos específicos. Na perspectiva da Move Social, passamos a incorporar a análise destes dispositivos nas avaliações de programas que conduzimos e pretendemos reunir um repertório que permita fazer comparações e aprendizagens entre pares. Ao mesmo tempo, esperamos que a abordagem aqui proposta possa estimular investidores a refletir sobre sua postura nas relações de parceria e as consequências dela para a sustentabilidade de OSC.

Colaboradores do artigo

Este artigo foi elaborado com a colaboração de muitas pessoas, seja no debate das ideias propostas ou na revisão do conteúdo apresentado. São coautores à sua maneira e merecem aqui o reconhecimento.

Time Move Social:

Antonio Ribeiro, Arthur Da Hora, Beatriz Camelo, Bruno Novelli, Elis Alquezar, Gabriela Brettas, Igor Braz, Juliana Moraes, Max Gasparini, Rodrigo Petrucelli, Patrícia Carla, Tania Crespo, Thais Fantazia, Walquiria Tiburcio.

Colabores externos:

Carlos Pignatari, Fábio Deboni, Iara Rolnik

E os envolvidos na C&A Foundation Overall Effective Evaluation (2019) que em muito revisaram e criticaram as reflexões sobre sustentabilidade presentes em relatórios parciais apresentados pela Move para a referida avaliação: Eric Abitbol (Universalia), João Martinho e Lee Risby (Laudes Foundation).

ANEXO 1

Mapa das Categorias de Suporte Não Financeiro realizado pelo investidor

 

Fonte: A practical guide to adding value through non-financial support. European Venture Philanthropy Association, 2015

NOTAS 

[1] https://www.oecd.org/dac/evaluation/daccriteriaforevaluatingdevelopmentassistance.htm

[2] https://www.universalia.com/en

[3] National Council of Non-profits (Mis)understanding Overhead. In: shorturl.at/kovP9

[4] Eckhart-Queenan, J., Etzel, M, Prasad,S. Pays-what-it-takes Philanthropy. Stanford Social Innovation Review, Summer, 2016. https://ssir.org/up_for_debate/article/pay_what_it_takes_philanthropy#

[5] A política de apoio institucional deve versar sobre: condições e usos, faixas de valores, considerações sobre a relação entre tipo de OSC e faixa de valores.

[6] Uma alternativa em avaliações é capturar a percepção da OSC sobre a adequação da faixa de valor recebido para as necessidades de despesas organizacionais.

[7] European Venture Philanthropy Association, A practical guide to adding value through non-financial support, 2015. Disponível em https://evpa.eu.com/knowledge-centre/publications/adding-value-through-non-financial-support-a-practical-guide

[8] Nota para avaliadores: avaliações podem buscar conhecer a percepção de agregação de valor do apoio não financeiro para o fortalecimento da organização.

[9] Se reconhece que o valor investido nem sempre é de fácil mensuração e deve ser observado quando possível.

[10] A percepção da agregação de valor do MEL para a iniciativa pode ser foco da processos avaliativos.

Case Global Giving: Projeto piloto de grantmaking participativo para recuperação dos terremotos do México

A Global Giving, criada em 2002, é uma organização pioneira no movimento de financiamento coletivo. A plataforma sem fins lucrativos foi uma das primeiras a oferecer um serviço online de crowdfunding. Acumula mais de 1 milhão de doadores e 26 mil projetos apoiados em 170 países. A busca por escala e impacto se dá através do apoio a lideranças e organizações locais.

Em 2017, após os graves terremotos que ocorreram no México, a organização criou o Fundo de Ajuda ao Terremoto do México que arrecadou mais de US$ 4 milhões de 21 mil doadores. Inicialmente, o fundo foi destinado a respostas mais imediatas e, com o tempo, passou a financiar recuperação de longo prazo.

Em abril de 2019, organizou-se uma reunião presencial com os parceiros – organizações apoiadas que continuavam a atuar nas comunidades afetadas – com o objetivo de compartilhar informações e promover esforços colaborativos. Pautados pela crença de que as organizações locais são as melhores posicionadas para atuar também no longo prazo e conscientes da importância de distribuição de poder nas decisões referentes a alocação de fundos, a reunião teve também o objetivo de explorar uma ação piloto de grantmaking participativo.

Clique aqui para saber mais sobre os detalhes dessa experiência piloto sistematizada pela própria organização (o texto está em inglês).

Impact Investing: an introduction

This guide is part of the Philanthropy Roadmap series and is expressly written for donors who may wish to complement traditional grantmaking approaches as they invest their assets to promote change. Think of it as an introduction to the world of impact investing

When, Who, and How to Ask for Feedback from Your Partners

Grantmaking is a partnership, and you can’t know how effective a partnership is if you aren’t taking active steps to understand your partner’s experiences and needs. To optimize your grantmaking practices, it’s essential that you solicit direct, confidential feedback from your grantees, and then act on it as transparently as possible.

Not only does this process improve your methods, it builds respect and equity, and therefore stronger relationships. That’s what Narrow the Power Gap, one of the Principles for Peak Grantmaking, is all about.

Diversity, Inclusion and Equity Tools and Resources for Grantmakers

At the Ford Foundation, we believe a commitment to diversity, equity, and inclusion (DEI) is critical to the success of any social justice organization. We have created a toolkit to help funders, organizations and the philanthropic community at large identify and instill best practices for DEI-related issues.

The case studies and guides draw from four real-life scenarios to help grantmakers and grantees become more adept in establishing processes and policies in their own work.

The Funding Landscape: Nonprofit Perspectives on Current Issues in Philanthropy

The nonprofit perspective is an essential one for philanthropic funders to consider when it comes to any number of issues. After all, nonprofit staff and volunteers are the ones doing the critical work on the front lines, providing support and creating the change that philanthropy cares deeply about. Too often, unfortunately, the nonprofit perspective goes unheard.

In November 2019, CEP surveyed the <em>Grantee Voice</em> panel of nonprofit CEOs with questions about a number of current issues that have been hotly debated in philanthropy, including the pros and cons of donor-advised funds (DAFs), the use of gift acceptance policies, the impact of recent changes to the tax code, anticipated changes in nonprofit revenue, and concerns about a recession. The results are shown in this report.

What Makes an Effective Advocacy Organization: A Framework for Determining Advocacy Capacity

In an effort to develop frameworks and methodologies to be able to meaningfully evaluate policy change efforts, TCC Group conducted an evaluation of a cohort of advocacy organizations who were receiving general support from The California Endowment. This resulting paper draws on a variety of sources, looking at the context for policy and advocacy work and the distinctive characteristics of such work, outlining a model for evaluating organizational capacity and describing how this is adapted for advocacy organizations. Te paper also serves to benefit foundations who want to expand and improve their grantmaking to advocacy organizations but feel limited by their ability to understand how to assess potential grantees or their capacity to carry out the proposed activities; as well as provide insights to evaluators themselves.

The Philanthropy Framework

Rockefeller Philanthropy Advisors has released The Philanthropy Framework, a tool for analysis and planning to guide emerging and established philanthropies to better align resources for maximum impact. Created with input from leaders from more than 50 foundations worldwide, the tool seeks to address fundamental changes in philanthropy and the world such as generational shifts in attitudes, massive wealth creation, diversity of capital, new models for impact, and new operating environments among others.

Towards A More Responsive Philanthropy: Grantmaking For Racial Equity And LGBTQ Justice

In 2007, Funders for LGBTQ Issues (Funders) launched its LGBTQ Racial Equity Campaign, a multi-year initiative to increase grantmaking to and strengthen lesbian, gay, bisexual, transgender, and queer (LGBTQ) people of color (POC) organizations and communities. This effort was a natural step  after updating our mission the previous year to include advancing racial, economic, and gender justice as integral to achieving LGBTQ equality and rights. The intent was to forge a conversation among funders about the critical intersection of racial equity and LGBTQ justice and how institutional structures and grantmaking practices impact the resources available to diverse communities.

This report marks another step in the effort to advance work at the intersection of racial equity and LGBTQ justice by offering the stories of five foundations that have made an intentional commitment to do this work with their grantees. It presents their innovative efforts hoping that they’ll encourage others who are engaging in or considering similar efforts.

Understanding & Sharing What Works: The State of Foundation Practice

The Center for Effective Philanthropy (CEP) surveyed private and community foundation leaders regarding what they know about what is and isn’t working in their foundations’ efforts to achieve their goals. Drawing from 119 survey responses and in-depth interviews with 41 foundation CEOs, the report finds that while the majority of foundation CEOs believe they understand well what is working in their programmatic efforts, more than 40 percent believe their foundation is not investing enough time and money in developing that understanding.

The report is accompanied by a series of in-depth profiles, authored by Lowell Weiss of Cascade Philanthropy Advisors, to further examine what foundations are doing to understand and share their work. The profiled funders include Rockefeller Brothers Fund, Weingart Foundation, Communities Foundation of Texas, and Impetus-PEF. The data in this report, along with the insights in the profiles, can help foundation leaders determine the best methods for learning from their work and deciding what to be open about.

What You Need to Know: Comparing Grantmaking Strategies

There are many different strategies when it comes to grantmaking, and it’s difficult to know which one will be the most effective. It helps to think of grantmaking strategies along a continuum and to choose different approaches at different times, depending on the results you want to achieve. This report will present some of the most common grantmaking strategies—what they are, how they are used, and what questions organizations want answered.

Who Decides: How Participatory Grantmaking Benefits Donors, Communities, and Movements

The Lafayette Practice (TLP) conducted research and interviews to analyze and compare the practices of eight premiere international Participatory Grantmaking Funds (PGF). TLP examined existing qualitative and quantitative data regarding the funds and their grantees, including functions, roles, and budgets. Participatory Grantmaking emerges from a practice of grassroots activism, with assumed belief that decision-making participation of people impacted by the fund’s programs will guarantee that grants are allocated to those most deserving.

Grantmakers and Governments: The Possibilities of Partnership

This Philanthropic Foundations Canada (PFC) publication explores the potential opportunities for partnering with government. It looks at how foundations have moved policy agendas forward in the last few years and includes compelling case studies demonstrating the different ways in which philanthropic funders and networks can participate in public-private partnerships.

Working Well With Grantees: A Guide for Foundation Program Staff

CEP’s research shows that program officers can be the distinguishing factor between a foundation that makes a difference—and one that simply makes grants. This report offers program staff critical guidelines for building better relationships with grantees and its findings are based on data from tens of thousands of surveys of nonprofits conducted by CEP during the past decade.  For the first time, the research share some new data and analysis about what foundations might want to consider when declining funding to nonprofits, based on our surveys of declined applicants.

The Diversity, Equity and Inclusion Toolkit for Consultants to Grantmakers

This toolkit consists of key resources recommended by leading experts whose work focuses on diversity, equity and inclusion (DEI) and its significant impact in the philanthropic sector. It has two parts: the first is a concise collection of DEI resources, highlighting areas where many grantmakers often use consultant support; and the second part highlights perspectives from the field, sharing how consultants have effectively partnered with philanthropy clients to advance diversity, equity, and inclusion. These case studies capture the heart of DEI, giving insights and advice in navigating the challenges of this crucial work.

Crucial Donors: How Major Individual Givers Can Best Support Nonprofits

Based on survey responses from 198 nonprofit CEOs on CEP’s <em>Grantee Voice </em>panel, this report provides insight into what support nonprofits already receive from major donors, what major donors can do to support nonprofits better, and how nonprofits’ relationships with major donors differ from their relationships with staffed foundations. This resource also includes questions to guide major donors in building relationships, addressing the understanding gap, and deciding what kind(s) of support to provide to nonprofits.

Governance and Grantmaking: Approaches to achieve greater diversity, equity and inclusion

As a first step to assisting foundations with their Diversity, Equity and Inclusion (DEI) journey, Philanthropic Foundations Canada (PFC) has created this toolkit to provide them with guidance and access to a broad range of tools and resources to support and deepen their commitment to social good through DEI.

Engaging Boards and Trustees in Strategic Learning

Effecting social change in a rapidly changing political environment and an increasingly interconnected world requires foundations to adopt a learning orientation. Without continuous learning, grantmakers—and thus boards and trustees—are unaware about what is working where, with whom, and why, as well as what changes or refinements are needed in order to achieve the grantmakers’ desired results.

Researched and written in collaboration with GEO, this toolkit provides a fresh set of resources for grantmaker CEOs, evaluation staff, and senior leaders to use to engage their boards and trustees in conversations about the importance of strategic learning in their decision-making and deliberation processes.

Emerging Information and Reporting Issues for Grantmaking Foundations

Information and reporting issues are most present than ever in an accountability context and grantmaking foundations in Canada are part of the development of better practices for the sector. The aim of this paper is to examine emerging information and reporting issues of grant-making foundations. To structure the analysis, a framework based on theory of stakeholders and information flows was developed and some general trends and issues regarding information are discussed before examining a number of forms of reporting, such as tax and regulatory, financial, social, and grantmaking.

Collaboration between Canadian grantmaking foundations: the expression of an increasingly ambitious and strategic philanthropic sector?

This article critically discusses the practice of foundation collaboration in Canada and describes the context, vehicles, and forms that it takes. It is based on data from interviews with 23 key informants and a literature review of over 100 publications from grey and scholarly literature. Over the last decade, Canadian grantmaking foundations appear to be working together more often, motivated by goals of information sharing, coordination, impact, and risk mitigation. In Canada, as elsewhere, this growing practice is closely related to the trend toward strategic philanthropy, in which foundations position themselves as agents of change. The article raises cautions and criticisms about foundation collaboration, related to considerations of strategic and cultural fit as well as to existing challenges concerning philanthropy’s power and legitimacy in society.

Finding Your Focus in Philanthropy

Many people come to philanthropy with their focus fully formed. They know what issues they want to take on, what they hope to achieve, and where they want their giving directed. For others, the process of choosing how to allocate their resources can be daunting – especially given the enormous range of opportunities.

This guide, part of the Philanthropy Roadmap series, will help donors narrow their focus to maximize their impact.

Giving in Challenging Times

In 2008, in the wake of the global financial crisis, Rockefeller Philanthropy Advisors (RPA) published the first version of the “Giving in Challenging Times” guide. That guide sought to help philanthropists chart a course forward in those uncertain circumstances, and this new one was made to provide them with updated and more detailed insights on giving thoughtfully in these challenging times.

Making Change Happen: Creating an Outcome-Based Strategy

Planning for a philanthropic journey starts with identifying the destination. In other words, donors create their giving strategy by clearly stating the outcomes they want to see, then identify the specific actions that they believe will produce those outcomes. This guide is intended to help them to do exactly that.

Big Philanthropy Faces a Reckoning, Too

It’s time to challenge philanthropists and their foundations to open up their grant-making decisions to those who’ve been marginalized.

For a few weeks this winter, in the time before social distancing, it seemed as if Michael Bloomberg’s vast spending might buy him the Democratic presidential nomination. In the end, the marketing couldn’t overcome the product flaws, but what Bloomberg also collided with was a deep distrust of the billionaire class that has been steadily building in our politics. From Occupy Wall Street’s spotlight on inequality to the growing recognition that the once-golden tech and social media companies led by whiz kids like Mark Zuckerberg are just today’s version of extractive industries—mining our personal data for their own enrichment instead of oil and gas—big money has been on the defensive.

Fit for the future: Can we emerge stronger from the COVID-19 crisis?

Civil society was not ready for COVID-19. In this, the first of a series of articles aiming to assess changes needed to ensure a stronger supporting environment for civil society, Benjamin Bellegy (WINGS), Chris Worman (TechSoup) and Lysa John (CIVICUS) discuss the investments needed in civil society and its philanthropic and technical infrastructure, and the actions we must take to emerge wiser and stronger from the current crisis and to be prepared for crises to come.

‘ Even where an official proclamation of emergency has been made, fundamental rights such as the right to life and freedom from torture and degrading treatment must still be upheld.’

Lysa John

It seems ironic that only a few months ago, we were celebrating 2019 as the ‘Year of People Power’ and a mass global uprising against autocratic regimes across the world seemed achievable. At a stroke, we have experienced the abrupt removal of fundamental freedoms that human rights defenders have fought to protect. And yet, civil society across the world has found new ways to respond to the outbreak. Organisations around the world have provided food, health care and other essential services to those in need. They have shared information, undertaken analyses and coordinated the actions needed to reinforce accountability and pursue responsive policy outcomes, all at a scale that we haven’t seen in years.

However, the pandemic is forcing us to tackle some glaring distortions in the way we operate as a sector. One such distortion that is painfully visible as a result of the pandemic is the extreme fragility of our support systems. The CIVICUS Monitor points to several alarming trends underlying the measures taken to contain the pandemic including unjustified restrictions on access to information; detention of activists for disseminating critical information; crackdowns on human rights defenders and media outlets; violations of the right to privacy and sweeping emergency powers.

Smarter Grantmaking Practices During—and Beyond—COVID-19

As a community of grantmakers advocating for philanthropy to put nonprofits and communities at the center of our work, we at GEO think the most important questions grantmakers should be asking center around how you can change your practices to be of greater service to your grantees and others serving communities during this time of crisis and beyond. We are heartened to see grantmakers signing pledges to embrace smarter, trust-based grantmaking practices, calling for increased funding and operating in ways that previously felt impossible for some. However, these practices are not only needed during times of crisis. We can make permanent changes that shift more power to people working on the ground to strengthen communities.

When the pandemic passes and the economic crisis eases—acknowledging that this recovery may take years—we should not expect to return to “business as usual.” The status quo was not working. Persistent systemic disparities will exist throughout this recovery in a way that will complicate and prevent a full, speedy recovery for marginalized communities. Some of our colleagues have already named ways funders can use a racial justice lens to address racism against Asian American communities and the disparate impacts of the pandemic we’re already seeing in Black, Native and Latinx communities. When grantmakers operate in traditional, transactional ways, we perpetuate inequitable systems and work against the goals we share with nonprofit and community partners. We need to embrace a new way of operating for the long haul.

GEO provides resources, peer communities and programs to support grantmakers in shifting cultures to embed better practices throughout our work. If you’re seeking inspiration to help you create change, here are some examples of smarter grantmaking during the COVID-19 and economic crisis, along with resources to help you get started.

Strengthening Relationships with Nonprofits and Community Leaders

When we center the perspectives of nonprofits and the communities we serve, we support better solutions. Building trusting relationships is critical to our success as grantmakers. During the COVID-19 pandemic, we are seeing that grantmakers with existing trust-based relationships are better able to pivot funding and support to respond quickly to the needs of their community. “Practicing in a trust-based way before the pandemic allowed the communities we work with to pivot more quickly. They had secure multi-year general operating support to respond in the way they needed. Once the pandemic hit, our grantees shifted to addressing needs created by COVID-19 and we trusted them to decide what was needed,” shared Philip Li, president and CEO of the Robert Sterling Clark Foundation, GEO board member and Trust-Based Philanthropy Project steering committee member. Read more about building stronger relationships with nonprofits and community leaders:

Flexible, Reliable Funding

Flexible, reliable funding, such as general operating support, multiyear grants and funds that cover indirect costs, gives nonprofits the resources to strengthen their organizations, respond to changes in our communities and make real progress. We are seeing many grantmakers immediately lift restrictions on current grants, but the need for general operating support is not limited to this current crisis. Carmen Rojas of Marguerite Casey Foundation urges grantmakers to universalize unrestricted funding and go beyond payout requirements. When this funding is provided consistently, nonprofits have the space to worry less about their own survival and focus more on achieving their missions. This can be even more critical for nonprofits led by and serving communities of color, which are less likely to have financial reserves and access to major funding streams. Read more about providing flexible, reliable funding:

Capacity Building

Grantmakers who put the work in to provide effective capacity-building support help ensure that nonprofits have what they need to deliver on their missions over the long term. During the COVID-19 crisis, these needs will inevitably shift and by holding the principles of making capacity building contextual, continuous and collective, funders can shift our efforts so they remain grounded in the needs of nonprofit and community partners, who are at the frontline of this crisis. Recognizing the needs of their partners would be shifting, the Hazen Foundation communicated directly with nonprofit leaders to better provide contextual support. Knowing that many would potentially be adjusting to remote work, they included an offer to provide each nonprofit with Zoom licenses. Read more about providing capacity building support:

Learning and Evaluation

To make lasting progress toward the goals we share with our nonprofit and community partners, we need to learn from our work. Learning and evaluation efforts, when done equitably, can help us know what is happening in the communities where we want to have an impact. Members of GEO’s Strategic Learning Network are reflecting on how they can support learning during the crisis response efforts within their organizations. Wanting to reduce reporting burden for grantees during this time, the Virginia G. Piper Charitable Trust created a template for program staff to use during touch points with grantees to support gathering consistent data without asking the nonprofit to spend critical time gathering reporting data. Read more about learning and evaluation:

Collaboration

No organization alone has the resources to address the complex issues facing our communities, including the latest challenges we face with COVID-19. Working together gives us an opportunity to create long lasting change. To leverage collective resources, a coalition of philanthropy, government and business partners in Seattle established the COVID-19 Response Fund, house at the Seattle Foundation, where they have issued over $17 million in rapid response grants. When we leverage joint resources and collaborate with other funders and nonprofit partners, we deepen the impact of our work. Funders can also support field-strengthening organizations: capacity builders, network-weavers, intermediaries with greater reach into marginalized communities and institutions that advocate for stronger social-safety nets to protect the most vulnerable. Read more about acting in collaborative ways:

Grantmakers can weave equity through each of these areas to keep it at the forefront as we respond to COVID-19. Explore these racial equity and social justice resources related to pandemic response to ensure you are attending to the structural forces that drive disparities.

Over the coming weeks, we will continue to bring you examples from the GEO community of what smarter grantmaking looks like in practice during this time and as a new normal. If you are looking for support in embedding these practices into your work or looking to connect with peers, please reach out to Nichole Hoeflich, [email protected]. We’d also love to hear how you are leaning on smarter grantmaking approaches during this time and what changes your organization has made. Share what you’re working on or what questions you still have here.

Are foundations equipped to help nonprofits survive the pandemic?

With close to 100,000 active foundations and collective annual giving of nearly $87 billion, America has the largest philanthropic sector in the world. While that pales in comparison to the trillions of dollars the federal government and Federal Reserve are pumping into the economy, it can be a lifeline to nonprofits, many of which have precious little cash to burn and are caught in the crossfire of overwhelming demand and an existential struggle for their own survival.

Leadership in a Time of Crisis

What does good leadership in crisis look like? In this time of unprecedented challenge related to COVID-19, what can we learn from the great leaders of the past?

In a webinar conversation last week, Nancy F. Koehn, business historian and James E. Robison Professor of Business Administration at Harvard Business School, and CEP President Phil Buchanan explored these and other key questions about leading in a time of crisis, with a particular focus on the challenges facing those in philanthropy and nonprofits right now. (CEP’s Grace Nicolette shared welcoming remarks and facilitated Q&A.) We hope that the insights from this hour-long conversation will be useful to philanthropic and nonprofit leaders alike as they seek to lead their organizations through a singularly difficult time and continue the vital work they do for their respective fields, communities, and/or populations.

10 Innovations in Global Philanthropy: Concepts Worth Spreading in the UK

Philanthropy has never been so important to address the complex social and environmental issues we face. In this report, it’s been highlighted ten exciting innovations from around the world which are helping to grow philanthropy both in scale and by ensuring resources are used most effectively.

The innovations have emerged from across the world: they are drawn from countries where philanthropy is already developed, such as the US and Canada, as well as those where it is at a different stage, such as India.

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2020 Consumers Guide to Grants Management Systems

This fifth edition of the <em>Consumers Guide</em> reviews 14 of the most widely used grants management systems against hundreds of requirements criteria developed with the expertise of consultants, vendors, foundation program officers, and system administrators. For the first time, the guide also includes an interactive digital version to make it easier than ever to compare features, systems, and pricing to help foundations choose the best software for its needs.

21st-Century Community Foundations: A Question of Geography and Identity

In this “Leadership Series” paper, Emmett Carson, CEO and president of Silicon Valley Community Foundation, provides a thoughtful examination of fundamental questions facing U.S. community foundations today. Acknowledging that a key characteristic of community foundations is their leadership and civic engagement within their stated geographies, Emmett explores how these institutions are engaging with donors who have a wide range of interests in diverse geographic areas. 21st-Century Community Foundations is intended to be a springboard for the ongoing conversation about the changing definition of community.

An Introductory Guide to Grantmaking

Philanthropy in Australia has grown enormously since the year 2000, due to a combination of factors including tax incentives, new philanthropic structures and (for part of that time) a burgeoning economy, but the general community is also far more aware of the concept of philanthropy. One result of this surge in both interest and practice is the demand for knowledge and expertise in this relatively fledgling discipline.

However, there are few materials available written for Australian foundations, which tend to be smaller and less well-staffed than their overseas counterparts, and who also have more professional development opportunities available to them. This Guide aspires to redress that balance by covering the very basics of grantmaking in an accessible manner.

Being the change: 12 ways foundations are transforming themselves to transform their impact

<p class=”font_9″>To achieve meaningful impact at scale, many foundations are aiming to in influence the actions and investments of the public and private sectors, as well as address the complex and deeply entrenched conditions that hold social problems in place. To do so, foundations are not only offering grant funding, but are also expanding how they apply their assets, knowledge, skills, networks, and people in new ways.</p>
<p class=”font_9″>There is a wealth of information on how to adapt strategies to create impact at scale and to change systems; however, less has been written about what internal practices are needed to make this happen. To find out, FSG interviewed 114 practitioners representing 50 funders and 8 philanthropic services organisations that have gone through or advised internal transformation. Regardless of the scale of budgets, it was agreed that new practices are needed in the areas of staffing, philosophy, structure and design, skill development, and supportive culture.</p>

Assessing the How of Grantmaking: Basic Questions and Critical Indicators

Grantmaking includes three primary components: what, who, and how. As grantmakers, most of us pay attention to what we fund—grantmaking strategy and impact—and who we fund—the grantees we support. But what about how we fund? PEAK Grantmaking contends that grantmakers should pay equal attention to how grants are made , evaluating and continually improving the practices used to make grants.

This resource identifies five core questions that every grantmaking organization should be able to answer about how its grantmaking works. Within each core question, we suggest sub-questions that further define the type of data to collect and provide guidance for how grantmakers might place the answers in context. We also suggest examples of  specific data that your organization can collect and track in order to answer the core questions.

Building Collaboration From the Inside Out

This publication focuses on the internal conditions and environments that enable successful projects. To partner with anyone for anything, an organization needs effective internal culture, practices and priorities that can open and orient its board, staff and volunteers toward being better collaborators. The study enables organizations to start a conversation about their efforts internally and externally to better understand their previous work and to assess their readiness for new efforts.

CEP’s Definition of Philanthropic Effectiveness

Philanthropy can take on pressing challenges that other actors in society cannot, or will not. Given the unique opportunity to deploy tax-advantaged dollars for good, individual and institutional givers alike have an imperative to maximize their effectiveness, and therefore, their impact. But what does effectiveness mean, and what does it look like? How do you know if you’re effective?

CEP’s definition of philanthropic effectiveness details four mutually reinforcing elements that are essential across all funders — no matter their goals and strategies or the issues and communities that they seek to support.

Collaborating for a cause: how cause-related networks can lead to more and better philanthropic giving

Many philanthropists strive to be more strategic and effective in how they address social problems. Cause-related networks for philanthropists offer a way forward, by bringing people together around a shared understanding of a cause and enabling them to share knowledge and resources through the power of inclusive networks.

In this report, the autors explore how to build effective cause-related networks that support more philanthropic giving in the United Kingdom and support people to give in ways that create more impact. It examines what elements of good practice can be applied to cause-related networks, to enable them to achieve scale and impact faster, and also provide practical advice, drawing on lessons from existing networks and the wider philanthropy ecosystem.

Courage in Practice: 5 Principles for Peak Grantmaking

For philanthropy to realize its potential, PEAK Grantmaking is helping members to move from talk to action. With a need to act with courage to advance big ideas like equity and inclusion, narrowing the power gap in the sector, being authentically engaged in the communities, listening and learning from partners, and living out values in their practice.

Created by and for members, the Principles for Peak Grantmaking is their call to action to transform the practice of philanthropy into the practice of principled grantmaking.

Daring to invest: how the early childhood initiative’s attitude towards risk impacted Pittsburgh philanthropy

This case study was developed as one of five companion pieces to stories shared through the Pittsburgh Philanthropy Project. In association with the University of Pittsburgh, the project showcases the rich and varied narratives of giving in the local area through comprehensive storytelling techniques, offering insight to the philanthropy landscape and approach for residents, researchers, and practitioners.

Deciding together: shifting power and resources through participatory grantmaking

In this study, the autors look at why and how funders are engaging in participatory grantmaking and shifting decision-making power to the very communities impacted by funding decisions. Through examples and insights from a diverse range of participatory grantmakers, the publication explores the benefits, challenges, and models of participatory grantmaking.

Donor Resource Guide: Funding Futures – Scholarships as Agents of Social Change

This resource guide is intended to illustrate how scholarship programs can make higher education more open and inclusive to all—and how they can fuel social change. The impact of well-designed scholarships can extend far beyond individual scholars, they can help recognize and cultivate untapped talent and address the inequality that too often thrives both in higher education institutions and in communities around the world.

This donor resource guide will be helpful to anyone who wants to start or improve a scholarship or fellowship program and we hope the guide—with its resources and examples from past programs like the foundation’s International Fellowships Program—inspires donors and institutions alike to take risks and initiate transforming programs.

Drowning in paperwork, distracted from purpose

It is no exaggeration to say that the current system of application and reporting has grantseekers and grantmakers alike drowning in paperwork and distracted from purpose. Indeed, that is the clear finding in the detailed scan of grant application and reporting practices in U.S. foundations today. Such practices may be only a small part of the bigger picture of grantmaking effectiveness, but they threaten to undermine other grantmaking effectiveness efforts by creating barriers to nonprofit success.

This report is the result  of a scan of grant application and reporting practices, their impact on grantseekers and grantmakers, and the implications for the field. Its goal is to spark thinking and dialogue on this topic across a wide range of grantmaking stakeholders of all shapes and sizes.

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Employing people with disabilities: lessons from Kessler Foundation’s Signature Employment Grants

From 2004 through 2019, Kessler Foundation has awarded more than $46.7 million to support national and local initiatives that create or expand opportunities for people with disabilities. This 2018 white paper assesses the diverse grants supported under the Foundation’s Signature Employment Grant (SEG) program in that period. The SEG program provides major funding for pilot initiatives, demonstration projects, and social ventures that generate new models to address the employment gap between people with and without disabilities.

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Frameworks for private foundations: a new model for impact

Philanthropy is evolving more quickly than ever with new societal challenges, new players, and new strategies. Funders are seeking to increase their effectiveness, and want clear, practical guidance for getting there. This GrantCraft leadership series paper produced in partnership with Rockefeller Philanthropy Advisors (RPA), explores the core frameworks that shape private foundations, and offers a roadmap for funders interested in reflecting on these frameworks to better align purpose, public benefit, and action.

From words to action: a practical philanthropic guide to diversity, equity, and inclusion

As communities worldwide are becoming more diverse, they are increasingly tackling the realities of systemic inequity. Philanthropy too must acknowledge its place in the context of transformative demographic changes. Addressing diversity, equity, and inclusion (DEI) has been an ongoing challenge within philanthropy, and while there has been progress, it requires continual work. This  paper  dives into those challenges and opportunities to explore how DEI can become more integrated into grantmaking practices and broader foundation ethos.

Funding Indigenous Peoples: Strategies for Support

This guide looks at how funders collaborate with and bring support to indigenous communities around the world. Through examples from a diverse range of foundations, this guide explores how grantmakers work with indigenous peoples, the approaches they take, and the practices they find effective. The publication was developed in collaboration with International Funders for Indigenous Peoples (IFIP).

Gather: The Art & Science of Effective Convening

This guidebook by The Rockefeller Foundation is organized around the most common building blocks of constructing any convening: deciding whether to convene, clarifying a “north star” purpose, and making a bevy of design choices that flow from that purpose. If offers a set of design principles, key questions, and critical issues to be considered and customized for each one’s situation.

Gender Transformative Giving: the next phase in feminist philanthropy?

Why should donors support gender transformative programming? This report makes the case that supporting gender transformative programming is crucial to effective giving. Gender transformative approaches are a low-risk, high-return opportunity to address gender inequality in greater depth and with more comprehensive solutions.

What it really takes to influence funder practice

Philanthropists are increasingly combining forces to improve grant making. But what it takes to match their “will to skill” in influencing practice can feel murky. Twelve multiyear initiatives of the past decade shed light on promising approaches and reveal four consistent proponents of change.

Innovations in Open Grantmaking

Innovations in Open Grantmaking seeks to provide inspiration and early proof of concept regarding innovative practices at every stage of the grantmaking process. The examples and lessons included can act as suggested guidelines for future research and experimentation around more openly and effectively providing access to public money.

Insight, Impact, and Equity: Collecting Demographic Data

Grantmakers occupy a powerful space of privilege in the social change sector. As such, they have a unique opportunity — and responsibility — to work proactively toward equity and inclusivity. Increasingly, grantmaking institutions are challenging themselves to live their values through their grantmaking practices.

For philanthropy to advance equity in all communities, especially low-income communities and communities of color, it needs to be able to understand the demographics of the organizations being funded (and declined), the people being served, and the communities impacted. That data should be used to assess practices and drive decision making.

Journalism and Media Grantmaking: Five Things You Need to Know and Five Ways to Get Started

This booklet is a starter guide for foundations interested in exploring how to make impactful journalism and community-information grants. Foundations do not need to have a formal journalism program to make grants that support healthy news and information flows. Nor does a foundation need large dollar investments to get started. Even a small grant may help citizens in a given community or demographic gain access to credible information that will help them participate in civic life.

Learning Together: Collaborative Inquiry among Grantmakers and Grantees

Many grantmakers champion the idea of using evaluation to improve grantee effectiveness or advance a field of practice. It’s a worthy endeavor, but how can you make it happen in the real world? This guide explores an increasingly popular method called “collaborative inquiry”. Grantmakers define the practice, consider potential benefits and grapple with common challenges. A mini-case study shows how collaborative inquiry was used to support growth in a new field.

Learning Together: Actionable Approaches for Grantmakers

This publication takes an in-depth look at what it means to open our learning and evaluation practices to grantees, other funders, community members, government agencies and others involved in the work. It addresses some of the big questions that grantmakers face in designing successful shared learning approaches and shares five case studies of how GEO members are putting these ideas <span class=”u-nowrap”>into practice.</span>

Leveraging Data And Technology For Healthy, Equitable, Sustainable Communities

Organizations in the social sector are increasingly exploring and applying new technology for data analysis to inform decision-making, build engagement, and track impact. In 2014, Kaiser Permanente and the W.K. Kellogg Foundation saw an opportunity to reach out to funders, organizations, innovators and developers in multiple sectors to identify gaps and opportunities for leveraging data and technology to support healthy, equitable, and sustainable communities. The foundations engaged Network Impact to surface and frame ideas, areas of alignment and leading opportunities for investment. Network Impact used a listening and ideation process to draw insights from key stakeholders and then synthesized their research into a series of recommendations for the field presented in this report.

Liberando o Potencial da Filantropia

Este guia destina-se a todos os financiadores – institutos, fundações, empresas e filantropos – que desejam compreender como podem contribuir para ampliar o potencial da filantropia de construir sociedades mais resilientes, sustentáveis e democráticas. É disso que se trata o ecossistema de apoio à filantropia, também chamado de infraestrutura de filantropia: desenvolver e mobilizar recursos privados para a produção de bem público, fortalecer a sociedade civil e a democracia, e promover o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O guia é fundamental para a missão de todos os financiadores visionários que querem aumentar o impacto e a sustentabilidade de seu trabalho.

Managing for Learning and Impact

Understanding there is a growing interest of foundations in Europe to evaluate the intended impact of their projects and programs, King Baudouin Foundation (KBF) began to develop this report to presente a more systematic approach and methodology for the evaluation of those projects. This is the fourth edition of this Evaluation Guide and itbuilds heavily on the prior versions from 2010, 2009 and 2008.

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More than Grants: How Funders Can Support Grantee Effectiveness

Trusts and foundations are increasingly looking to become agents of social change themselves as well as funders of it—asking themselves whether providing more than direct services might make more of a difference. Two common ways that funders do this are through providing support to help organisations develop their capacity, and by using a funder’s influence to advocate for change. Here we focus on the former, looking at organisational development support provided by funders from around the world—exploring the types of support given, the evidence for whether it works, and how funders can approach impact measurement.

New Perspectives, New Solutions: Funding Organising Led by Girls and Young Women

In order to increase awareness of the importance of funding girls’ and young women’s groups, and to create new models for supporting their activism, Mama Cash and the Central American Women’s Fund set up the Community of Practice (CoP) in 2011. Over three years of working closely with young women, exploring young feminist culture and reassessing their own internal systems, CoP members learned that it is not only necessary for funders to take notice of young women’s and girls’ groups, but vital. This paper lists seven recommendations to consider when venturing into this exciting sphere along with examples of how CoP members moved these ideas in action.

Personal Estrategy: Mobilizing Your Self for Effective Grantmaking

Whether it’s introducing new ideas into your foundation or offering constructive feedback to a grantee, grantmakers can develop personal strategies to meet the “soft” challenges of grantmaking. Effective personal strategy helps practitioners use their understanding of self and role – as learner, analyst, bridge builder – to manage the tensions that come with the job. In this guide, contributors discuss the elements of personal strategy and how it helps grantmakers to leverage their strengths in service to their objectives. The guide also explores why some grantmakers are able to think and work like “naturals” – and how the rest of us can emulate their style.

Preparing to Deepen Action: A Funder Collaborative Finds its Way

The formation of the Jewish Teen Education and Engagement Funder Collaborative was the result of a process begun by the Jim Joseph Foundation in 2013.  The first 24 months of this  process was thoughtfully documented in a case study issued in January 2015 by Informing Change, entitled, Finding New Paths for Teen Engagement and Learning: A Funder Collaborative Leads the Way.

This case study documents the next stage of the Funder Collaborative’s development, roughly the 21-month period from January 2015 through October 2016 and reflects the Collaborative’s commitment to share its process with others who may choose to embark on their own co-funding endeavor. The study explores the Collaborative’s experience as it deepens its work in the realm of action and slowly considers how to move toward impact.

Principles for Effective Education Grantmaking

In 2005, Grantmakers for Education announced eight education grantmaking practices – drawn from the experience and wisdom of successful grantmakers and donors – that lead to results in education. These Principles for Effective Education Grantmaking seek to promote the wisdom, craft and knowledge education funders need to achieve maximum results. The eight principles are outlined in this guide and are related to discipline and focus, knowledge,  outcomes, effective grantees, engaged partners, leverage, persistence, and innovation and learning.

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Responsive vs. Strategic Grantmaking: Exploring the Options

In philanthropy, there is much written about responsive and strategic approaches to philanthropy. Which approach is the most appropriate? Meaningful? Effective? While there is always room for both approaches, it’s important for foundations to understand each one to determine when one approach may be preferable to another. For that, this guide discusses:
<ul>
<li>The definition of responsive vs. strategic grantmaking</li>
<li>The pros and cons of responsive vs. strategic grantmaking</li>
<li>10 tips for getting started in strategic grantmaking</li>
<li>5 mistakes to avoid when focusing on your grantmaking</li>
<li>A board’s role in determining direction and strategy.</li>
</ul>

Saying Yes/Saying No to Applicants: Strengthening Your Decision Giving Skills

Most funders review more proposals than they can recommend for funding. Decision making about what to fund is challenging and so is decision giving to hopeful applicants. How do you say yes, or no, so that grant applicants understand your foundation’s rationale, feel that they’ve been treated fairly, and can make realistic plans about their next steps? This guide offers observations and suggestions from funders and grantees to make this task easier and more meaningful.

Smart Money: Recommendations for an Educational Technology and Digital Engagement Investment Strategy

This report is the result of a co-investment and includes a provocative set of recommendations for the Jim Joseph Foundation and William Davidson Foundations to consider and an illuminating landscape analysis of the educational technology field. The report was initially commissioned for the foundations’ internal purposes, without explicit plans to share it widely. However, after reviewing it, it was understood that the learnings here are highly relevant to others in the field: funders, practitioners, community leaders, and anyone interested in how tools of educational technology and digital engagement could advance cultural and religious learning and engagement. Because of the report’s substance, there is a desire and a responsibility to share it and also the belief that it offers an important look into the process foundations undertake to explore a new space in which to consider developing an investment strategy.

Speaking Up! Foundations and Advocacy in Europe

European countries have very diverse traditions in philanthropy, and many foundations not only fund advocacy but directly influence policy agendas through their operational programmes. This guide explores how foundations do so through interactions with local and national governments as well as the European institutions.

Supporting Grantee Capacity: Strengthening Effectiveness Together

The report discusses how funders approach building capacity with grantees through examples from foundations ranging in size, mission, and geography, we explore various strategies for capacity building and the types of awareness that funders can choose to incorporate in decision making to facilitate informed, thoughtful judgments about strengthening organizations.

The Funder’s Guide to Investing in Volunteer Engagement

With UPS Foundation as the premier funder, the original version of this guide was developed in 2004 with contributions from more than 50 grant makers, nonprofit leaders and corporate executives from across the United States. This revised guide provides a platform for funders, corporations, government and other stakeholders to learn more about how and why investing in strategic volunteer engagement will increase the impact of the organizations they support. It features:
<ul>
<li>Current research and its implications for volunteer engagement</li>
<li>Tools and information to assess a nonprofit’s organizational capacity for volunteer engagement</li>
<li>Options for supporting volunteerism and volunteer engagement in local communities</li>
<li>Successful models of funder investment in volunteer engagement.</li>
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Black Grant Directors’ Roundtable: Lessons from a career in philanthropy

Five grants management leaders offer on-the-ground testimony to the challenges of Black professionals in the sector – from the complexities of practicing DEI to the ways race has affected perceptions of their leadership, to the realities of code-switching your way through the white-dominant workplace.

We offer our gratitude for the generosity and candor of Nicole Howe Buggs, Chief Administrative Officer and Corporate Secretary at the Carnegie Corporation of New York; Ify Mora, Director, Program Operations at Margaret A. Cargill Philanthropies, and PEAK Grantmaking board member; Miyesha Perry, Director of Grants Management at the Kenneth Rainin Foundation; and Timothy Robinson, AVP – Operations and Grants Administration at the Lumina Foundation, and PEAK Grantmaking board member; and Susan Hairston, Susan Hairston Consulting.

How This Crisis May Upend Grant Making for Good

As Covid-19 disrupts every aspect of our lives, the demands on foundations and nonprofits are already unprecedented. None of us can fully imagine what it will take for us to respond. But it is clear that philanthropy can’t engage in business as usual.

That’s why a group of us quietly joined forces to figure out how to ensure nonprofits have the resources to help all who are at risk from this unfolding health and economic crisis. In just a few days, more than 300 grant makers pledged to loosen or eliminate restrictions on our funding and trust in our nonprofit partners to find the best solutions for the people they serve. (Editor’s update on May 1: This number is now at 727.)  The pledge also commits us to learn from this crisis so that we can permanently and fundamentally change the way that philanthropy does business.

We Need a New Name for Grants Management Systems

With the recent release of the 2020 edition of the Consumers Guide to Grants Management Systems, we have a valuable new resource for foundations that are eager to switch to a new system.

The thing is, these are no longer simply the grants management systems of the past. In the past five years, these tools have evolved from back-office systems used primarily by grants management teams to beginning-to-end grantmaking systems that can – and should – be used by a foundation’s entire staff to support the complete grantmaking process, from strategy development to grant closure.

Trust-Based Philanthropy is Trending. What Will It Take to Sustain It?

Last week, over 200 foundations signed a pledge calling upon philanthropy to loosen restrictions on nonprofit partners amidst the mounting uncertainty of COVID-19. As steering committee members of the Trust-Based Philanthropy Project, we are heartened to see this outpouring of action and support from our colleagues, and thrilled that it’s sparked a growing trend toward trust.

As more and more funders recognize the importance of ceding and sharing power with an eye toward bringing some relief to our nonprofit partners and the communities they serve, we have reached an important inflection point. Will everything go back to the status quo after all this is over, or will our sector finally realize the long-term benefits of a trust-based approach?

Funders, the Time is Now to Talk Recession-Planning with Grantees

Most economists believe the U.S. economy will enter the next recession by the end of 2021. Though that date is already fast approaching, the spread of the novel coronavirus (COVID-19) across the world — and the disruption and uncertainty it has brought with it — has suddenly thrust the impending threat of a recession into urgent clarity, and on a global scale.

On Monday this week, stemming from fears of the U.S. economy shutting down or slowing operations in an attempt to contain the virus’s spread, U.S. markets saw the steepest single-day drop since 2008. As Neil Irwin wrote in The Upshot earlier this week, “These market prices are telling us that a recession is becoming more likely in the United States this year, and that it will probably leave scars on the economy for years to come.”

Relationships first, money after

Philanthropy can help restore the power and dignity of Indigenous Peoples and their cultures, but it takes more than writing cheques, having meetings and making the right noises

‘He aha te mea nui o te ao, he tāngata, he tāngata he tāngata’ – ‘What is the most important thing in this world, it is people, people, people.’ (Māori whakatauakī/proverb).

Māori are tangata whenua – the Indigenous people of Aotearoa New Zealand. As a Māori man chairing the board of a family foundation, I find myself in a very exclusive club. At the end of 2018, I was elected as the first Māori chair of the J R McKenzie Trust which also meant that I was the first Māori chair of a family foundation in Aotearoa. The very fact that this didn’t occur until 2018 might seem anomalous to those who see this country as a trailblazer when it comes to the advancement and recognition of Indigenous rights and freedoms.

Designing Partner-Centered Grantmaking Processes

Human-centered design is on the rise within the social sector. Governments, nonprofits, and social enterprises are increasingly generating products, systems, and processes that put the people primarily affected by a problem at the center of their design process. Called “design thinking,” this methodology enables the sector to tackle complex social problems and design innovative responses and solutions that better reflect the lived experience of a community.

The philanthropic sector can also apply design thinking to create grantmaking and capacity development experiences that more intentionally, authentically, and creatively meet the needs of nonprofit organizations. Starting from a place of empathy – the first step of design thinking – foundations can explore opportunities for more partner-centered grantmaking. As philanthropy continues to strengthen diversity, equity, and inclusion in the sector and shift power in grantmaking, design thinking is another tool in funders’ toolbox for social change.

Teaming up for advocacy: how to effectively use a collaborative to drive change

This guide captures the wisdom of philanthropic leaders who have participated in multi-party advocacy collaboratives. It synthesizes information to dig deeper and understand the pain points and levers of success tied to funding advocacy and donor collaboratives. Each bite-sized chapter is intended to make this work easy to reference and share, and to read as a full body of work or in pieces.

Getting Your Board on Board with Participatory Grantmaking

When I started talking to people in the UK funding sector about my fellowship, one of the questions that got brought up, again and again, was how to get boards and senior managers on board with participatory approaches. As the majority of foundations I met were set up as participatory funders this question was quite difficult for them to respond to. The tension between boards and approach was totally alien to them as their boards and senior management had been the instigators and biggest champions of participatory approaches.

For the few more traditional foundations I met with, they were likely to have only small pockets of participatory grantmaking within their portfolios either through one-off programs of funding or through testing smaller aspects of participation within their work, such as having a layperson on their decision making panels or recruiting staff from the communities they were trying to serve.

Segundo edital do Fundo BIS tem inscrições abertas até 31 de janeiro

Dois anos após seu primeiro edital, que financiou quatro projetos nas frentes de inovação, comunicação, produção de conhecimento e advocacy, o Fundo BIS está novamente em busca de iniciativas inovadoras que ajudem a solucionar entraves no que se refere à promoção da doação e do grantmaking no Brasil.

Nessa segunda edição, a iniciativa disponibilizará até R$ 240 mil para o financiamento de ações de desenvolvimento e criação de novas plataformas, ferramentas, soluções e serviços inovadores que possibilitem o mapeamento e a conexão estratégica e facilitada entre quem doa/financia e quem executa/realiza projetos sociais, ambientais, científicos e culturais de finalidade pública, incluindo negócios de impacto.

Além disso, são bem-vindas propostas para ampliação da confiança, qualidade e eficiência nas relações entre doadores, iniciativas e organizações da sociedade civil, o que se dará a partir da facilitação e otimização dos processos de aplicação às doações, monitoramento e avaliação dos projetos, comunicação das ações e prestação de contas. O edital apresenta alguns exemplos de propostas que poderiam ser contempladas em relação a esses dois eixos.

Critérios e etapas de avaliação

O segundo edital do Fundo BIS aceitará propostas enviadas por pessoas jurídicas. Coletivos, movimentos, redes e alianças também serão bem-vindos, desde que através de um Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

Podem se inscrever iniciativas de todo o Brasil. A diversidade geográfica será levada em consideração na composição e seleção do grupo de finalistas.

Os candidatos devem se inscrever preenchendo um formulário online para apresentação da proposta e de sua aderência aos princípios e critérios constantes do edital.

As melhores iniciativas serão selecionadas para a próxima fase, quando o proponente será convidado a preencher um novo formulário, mais completo. O detalhamento orçamentário para implementar o projeto também deverá ser informado nessa etapa.

A escolha dos projetos será realizada pelo comitê de seleção criado para a segunda chamada. Aderência ao foco do edital, impacto coletivo e desenvolvimento do ecossistema, histórico positivo dos proponentes e viabilidade e inovação e diversidade das iniciativas serão os critérios adotados para a seleção dos projetos.

O número de iniciativas selecionadas e o valor dos aportes dependerão da qualidade das propostas e dos recursos solicitados pelas iniciativas selecionadas.

Doação de pessoas físicas

Além das organizações que estão apoiando o Fundo BIS, nesta 2ª edição também existe a possibilidade de pessoas físicas contribuírem com suas doações. A primeira doadora individual do Fundo BIS é Joana Lee Ribeiro Mortari, Diretora da Associação Acorde, integrante do comitê coordenador do Movimento por Uma Cultura de Doação e do comitê de seleção do 2º edital do Fundo BIS.

“O Fundo BIS tem como missão fortalecer a cultura de doação no Brasil e não há nada mais transformador do que sermos a mudança que queremos ver no mundo. Doar é acreditar e confiar”, afirma Joana.

Inscrições e cronograma

As inscrições para participar do 2º edital do Fundo BIS se encerram em 31 de janeiro. As iniciativas selecionadas serão divulgadas no site do Fundo BIS no dia 30 de abril de 2020. Os projetos serão acompanhados entre maio de 2020 e maio de 2021.

Mais informações podem ser conferidas no regulamento, disponível no site da iniciativa. Para saber como ser um(a) doador(a) individual do Fundo BIS, envie uma mensagem para o e-mail [email protected]

A Call to Action: Philanthropy’s Commitment During COVID-19

The rapid spread of COVID-19 has created a global health and economic crisis that is testing every one of us. We know that the shocks of this “new normal” are severe and unanticipated for our sector and grantee partners.

As leaders in philanthropy, we recognize the critical need to act with fierce urgency to support our nonprofit partners as well as the people and communities hit hardest by the impacts of COVID-19.

We invite funders and other leaders in the philanthropic sector to join us in making these commitments and collectively holding ourselves accountable to them by signing this pledge of action.

Understanding the organizational needs of our grantees

A key part of our BUILD grants is the Organizational Mapping Tool (OMT), an open-source assessment tool to help nonprofits identify and prioritize where they need strengthening as organizations. The tool is designed to provide clear qualitative markers of development, creating an assessment of an organization’s current state as well as a roadmap for its improvement. BUILD grantees use the tool at the beginning of their grant period, and, now that almost 200 of them have participated, we’re seeing it become an essential source for learning not just here at Ford but hopefully for funders and nonprofits alike.

Diversity, Inclusion and Equity Tools and Resources for Grantmakers

At the Ford Foundation, we believe a commitment to diversity, equity, and inclusion (DEI) is critical to the success of any social justice organization. We have created a toolkit to help funders, organizations and the philanthropic community at large identify and instill best practices for DEI-related issues.

The case studies and guides draw from four real-life scenarios to help grantmakers and grantees become more adept in establishing processes and policies in their own work.

Rethinking “Us” and “Them” in Family Philanthropy

In the past few weeks, we have been inundated with information about how philanthropy can respond to this pandemic. Many emergency and collaborative funds are being formed by reputable intermediaries, making it easier to get money into the hands of those who need it most. It’s heartening to see the clear and consistent messages coming from all parts of the sector: assure your grantee partners that you have their back; keep your funding flexible; support both immediate needs and long-term recovery; and focus on the most vulnerable. We’ve learned these lessons from other crises and need to apply them now.

RT de Grantmaking faz balanço do ano, anuncia novidades e dá início a planejamento para 2020

O último encontro da Rede Temática (RT) de Grantmaking, realizado no dia 4 de dezembro, no Centro de Pesquisa e Formação Sesc, deu seguimento às conversas sobre a relação entre grantmakers e grantees por meio da experiência de rede de coletivos e organizações Potências Periféricas, que compartilhou os aprendizados sistematizados a partir da interlocução com investidores sociais. Também foi realizado um balanço de 2019, retomando as principais discussões e realizações do ano.

Dados da nova edição do Censo GIFE, lançado em novembro, mostram que cresceu a porcentagem de organizações com perfil financiador: de 16%, em 2016, para 23%, em 2018. Outro número que apresentou aumento, segundo os 133 respondentes, foi a proporção de investimentos em projetos de terceiros: de 21%, em 2016, para 35%, em 2018, com aumento de R$ 1,1 bilhão.

José Marcelo Zacchi, secretário-geral do GIFE, reforçou que esses dados conversam diretamente com o chamado persistente feito durante a última década para que institutos, fundações e empresas incrementem suas práticas de grantmaking. “No último Censo já víamos uma fala de que os respondentes tinham a intenção de fazer mais grantmaking, mas isso não se refletia tanto na prática. A existência de um espaço como essa RT que tratasse não sobre a necessidade de fazer grantmaking, mas sobre o seu dia a dia, nos parece algo que incrementa o setor. Apesar desse aumento, nossa missão não está cumprida, pois o ponteiro precisa se mover ainda mais ao longo dos anos.”

Com o objetivo de ter um espaço que reúna sites e materiais de referência sobre a prática, José Marcelo comentou sobre a criação de um portal online, com previsão de lançamento até a 11ª edição do Congresso GIFE, que acontecerá em maio de 2020. Com a parceria de Instituto Clima e Sociedade, Instituto Humanize, Instituto ACP e Instituto Sicoob, a ideia é, segundo o secretário-geral, criar um site que reúna conteúdos em um esforço de difusão de práticas e ferramentas e atualização de plataformas disponíveis.

O lado dos financiadores 

Representantes do Instituto Jatobás e Fundação Tide Setubal, organizações que atuaram com o Potências Periféricas, comentaram vantagens, aprendizados e desafios quando o assunto é apoiar organizações em parceria.

Isabel Pato, coordenadora de projetos do programa Rede Comunidade de Inovação Social, do Instituto Jatobás, explicou o funcionamento da Rede Comunidade, criada em 2016 com o objetivo de apoiar e incentivar grupos que queiram enfrentar desafios socioambientais por meio da inovação social.

Baseada em três pilares – apoio a grupos, animação de rede e gestão de conhecimento – a Rede agrupa o lançamento de editais anuais com apoios financeiros e técnicos, além do fortalecimento de coletivos e redes. Isabel explica que apenas o primeiro edital, lançado em 2018, foi uma iniciativa solo.

“Fazer uma chamada em parceria potencializa e fortalece as expertises de cada um. A Fundação Tide Setubal, por exemplo, com quem lançamos um edital, tem todo um mapeamento de coletivos, então nós entramos com o recurso e a formação e eles entraram com a rede de contatos e cederam o espaço do Galpão ZL.”

Entre as vantagens do trabalho em conjunto, a coordenadora pontuou a ampliação da rede de conexões, otimização de recursos e maior possibilidade de testes. Os aprendizados, que são vários, incluem capacidade de escuta, aprender a ceder e alinhamento entre estratégia e ações.

Wagner Silva, coordenador de mobilização social e redes da Fundação Tide Setubal, reforçou a necessidade de pensar potencialização e mentorias voltadas ao desenvolvimento institucional e das lideranças periféricas – considerando a atuação da Fundação -, investir em processos de escuta e inclusão dos conhecimentos dos territórios e repensar o sistema de financiamento.

“Uma questão que surge nas periferias é que nossos editais geram um sentimento de competição. Enquanto esses territórios têm atuado de forma mais horizontal e orgânica, nós temos estimulado a competição, pois trata-se de um recurso finito, então é importante pensar nisso.”

Entre os aprendizados, o coordenador pontuou seis pilares: cocriar, reduzir burocracia para atender um grupo mais diverso de organizações – como aquelas que não são formalizadas -, simplificar processos de prestação de contas que possibilitem aprendizados às organizações, flexibilidade, autonomia financeira e confiança. “Precisamos pensar de que maneira podemos incorporar e olhar as reais necessidades dessas organizações para pensar em programas que estejam alinhados com as iniciativas e não apenas para responder aos nossos investimentos. Em autonomia financeira, devemos possibilitar que a organização faça aquilo que atende à necessidade do território, não o que eu, enquanto financiador, acho que deve ser feito”, exemplificou.

Os apoiados: Potências Periféricas 

Anderson Meneses e Ana Paula Oliveira apresentaram o Potências Periféricas, coletivo criado com o objetivo de cocriar e fomentar um ecossistema de cultura sustentável das potências periféricas, apoiado pela Fundação Tide Setubal e Instituto Jatobás. “Nos propomos a conversar, abrir portas e caminhos para movimentar um ecossistema, o qual queremos que seja feito com e para as periferias. Além disso, queremos pensar em um modelo sustentável porque, apesar de ficarmos muito felizes quando ganhamos um edital, sabemos que a grana irá durar alguns meses. Então, precisamos pensar em como fazer esse dinheiro girar e gerar mais dinheiro”, comentou Anderson.

Um elemento que marca presença tanto nos objetivos do Potências Periféricas, quanto no caminho para atingi-los é uma maior participação de líderes, pessoas e potências das diversas periferias brasileiras em ações, editais, programas, projetos e iniciativas que serão desenvolvidos nesses territórios.

Para que alguns sonhos do Potências Periféricas se realizem – como ter editais acessíveis construídos com e para a periferia e as próprias periferias criando formas de financiamento local e alcance da autonomia financeira – é necessário dar um passo atrás e pensar em algumas etapas, como aumento de organizações financiadoras criando oportunidades para as periferias, rede ampliada e grupos periféricos com mais autonomia financeira para gerir recursos por meio de um círculo afetivo natural para trocas, além do aumento da qualidade da circulação de informação e formação dentro do campo social.

Para que tudo isso aconteça, Anderson pontuou que é necessário que investidores sociais repensem suas estratégias de apoio e disponibilizem recursos mais flexíveis. “Se nós tivéssemos que apresentar uma planilha fechada com todos os nossos custos para receber o apoio da Tide e do Jatobás, talvez não estivéssemos aqui hoje. O investimento para testar e arriscar é uma forma de inovar as potências que existem nas periferias.”

Anderson comentou ainda que, para facilitar todo esse ‘meio de campo’ para que organizações financiadoras conversem e acessem mais as iniciativas periféricas, o Potências pretende lançar um conjunto de materiais e informações que ajudem os investidores a chegar nas periferias. O coletivo também está estudando a criação de uma caixa de ferramentas com dicas para o outro lado, ou seja, apoiar as iniciativas periféricas a terem acesso aos recursos.

Encaminhamentos 

O terceiro e último bloco da reunião foi destinado a um balanço da participação dos membros nas quatro reuniões realizadas em 2019 e à escuta sobre possíveis contatos e parcerias criadas em função do convívio e da troca de experiências realizada durante os encontros.

Representantes do Instituto Samuel Klein, por exemplo, comentaram que as reuniões da Rede ajudaram a ter mais clareza sobre a importância de pensar investimentos não vinculados à realização de um projeto, mas sim destinado ao apoio institucional.

Os participantes puderam ainda anotar sugestões para 2020 entre temas a serem debatidos, cases específicos a serem convidados, propostas de novos formatos e dicas em geral. O material será utilizado pela coordenação da RT para apoiar a realização de um planejamento estratégico no início de 2020.

GIFE lança segundo edital do Fundo BIS

A cultura e as práticas de doação no Brasil têm bastante espaço para crescimento: enquanto nos Estados Unidos a doação representa 2% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, aqui esse número corresponde a apenas 0,23% do PIB nacional, segundo dados das pesquisas Doação Brasil (2015) e ‘Eficácia dos Investimentos Sociais’, da McKinsey (2008).

O Brasil também tem potencial para expandir suas práticas de grantmaking. Segundo os dados do Censo GIFE de 2018, ainda que o percentual de investidores sociais que predominantemente doam para organizações ou projetos de terceiros tenha aumentado de 16% para 23% e que o percentual das organizações executoras de projetos próprios tenha tido uma queda, passando de 43% em 2016 para 40% em 2018, os executores ainda prevalecem tanto em relação aos doadores quanto em relação aos investidores híbridos (38%), que combinam o aporte de recursos em suas próprias iniciativas com o apoio a organizações da sociedade civil.

Com o intuito de contribuir com essa expansão, o GIFE lança o segundo edital do Fundo BIS. A iniciativa visa apoiar soluções inovadoras que criem um ambiente cada vez mais favorável e estimulante para que todos os brasileiros sejam doadores – o que significa tanto facilitar a conexão entre doadores e donatários de recursos, como estreitar e aprofundar as relações de confiança entre eles, reconhecendo e legitimando o papel das OSCs na promoção e defesa de temas da agenda pública e enquanto atores que revigoram o espaço cívico e democrático brasileiro.

O Fundo BIS é uma iniciativa de um grupo de organizações e indivíduos interessados em incentivar e facilitar a ampliação da cultura de doação no Brasil. O GIFE é responsável pela gestão do Fundo.

Dois anos após o primeiro edital, que financiou quatro projetos nas frentes de inovação, comunicação, produção de conhecimento e advocacy, o Fundo BIS está, mais uma vez, em busca de iniciativas inovadoras, inéditas ou já existentes, que ajudem a solucionar entraves no que se refere à promoção da doação e do grantmaking no Brasil, a fim de mobilizar cada vez mais recursos privados para produção de bem público. Nesta segunda edição, a iniciativa disponibilizará até R$ 240 mil no total para o financiamento dos projetos selecionados.

José Marcelo Zacchi, secretário-executivo do GIFE, explica que o segundo edital faz parte de uma estratégia mais ampla da instituição, em parceria com diversas organizações, composta também por ações de produção de conhecimento, comunicação, articulação e advocacy no âmbito do projeto Sustentabilidade Econômica das OSCs (Sustenta OSC) e da RT de Grantmaking – esta última prevendo para o próximo período a construção de uma plataforma com conteúdos que servirão de referência para que doadores e organizações possam aprimorar suas práticas.

“Não se trata de um desafio conjuntural, mas de longo curso. Com o esforço de um movimento pela cultura de doação, produzimos avanços no que se refere à expansão e ao fortalecimento da mobilização de recursos privados para o impulsionamento de causas públicas, mas temos mais a avançar.”

Segundo o secretário, o novo edital do Fundo BIS se insere como um passo adiante nesse trilho com uma convocação específica por soluções inovadoras que ajudem tanto a fazer com que doadores e organizações possam se encontrar, quanto para que, uma vez que um identifique o outro, essa relação possa ser de mais qualidade, menos burocratizada, mais eficiente, transparente e fluida, com confiança e parceria fortalecidas no dia a dia.

“A iniciativa do Fundo BIS tem uma conexão grande com a premissa de que uma democracia forte passa necessariamente por um espaço de ação coletiva fortalecido. Essa malha de ação pública é o que vai dar lastro para a capacidade da sociedade de se mobilizar para responder a seus desafios.”

Propostas

O segundo edital do Fundo BIS pretende apoiar iniciativas de desenvolvimento e criação de novas plataformas, ferramentas, soluções e serviços inovadores que possibilitem o mapeamento e a conexão estratégica e facilitada entre quem doa/financia e quem executa/realiza projetos sociais, ambientais, científicos e culturais de finalidade pública, incluindo negócios de impacto. Além disso, são bem-vindas propostas para ampliação da confiança, qualidade e eficiência nas relações entre doadores, iniciativas e organizações da sociedade civil, o que se dará a partir da facilitação e otimização dos processos de aplicação às doações, monitoramento e avaliação dos projetos, comunicação das ações e prestação de contas.

A título de ilustração, o edital apresenta alguns exemplos de propostas que poderiam ser contempladas em relação a esses dois eixos:

  • Serviços, mecanismos, plataformas e aplicativos que promovam e facilitem a identificação e o acesso a projetos/organizações pelos doadores e/ou o acesso a potenciais doadores por quem busca recursos, para que haja maior alinhamento às estratégias e focos de atuação de ambas as partes;
  • Plataformas, mecanismos e ferramentas que acoplem tecnologia e informação para incentivar novas práticas e evidenciar uma maior transparência dos processos de doação e gestão das doações, seja na forma como as OSCs apresentam seus projetos e comunicam suas ações, seja como constroem e divulgam suas prestações de contas;
  • Plataformas, instrumentos e ferramentas de aprimoramento de fluxos e processos da gestão do grantmaking; de integração da prestação de contas das OSCs para diferentes financiadores; automação de processos por meio da implementação de novas tecnologias e de estímulo ao uso eficiente dos recursos doados, eliminando desperdícios.

O segundo edital do Fundo BIS aceitará propostas enviadas por pessoas jurídicas, que poderão ser: organizações da sociedade civil (associações e fundações), empresas e cooperativas. Propostas advindas de coletivos, movimentos, redes e alianças também serão bem-vindas, desde que através de uma pessoa jurídica, incluindo a possibilidade do formato MEI (Microempreendedor Individual), sempre e quando possam atender os termos deste edital e as demandas de prestação de contas do Fundo.

Critérios e etapas de avaliação

Aderência ao foco do edital, impacto coletivo e desenvolvimento do ecossistema, histórico positivo dos proponentes e viabilidade e inovação e diversidade das iniciativas serão os critérios adotados para a seleção dos projetos.

Podem se inscrever iniciativas de todo o Brasil. A diversidade geográfica será levada em consideração na composição e seleção do grupo de finalistas.

O processo de seleção prevê três fases. Na primeira, os candidatos devem se inscrever preenchendo um formulário online para apresentação da iniciativa e de que forma ela tem aderência aos princípios e critérios constantes do edital.

As melhores iniciativas serão selecionadas para a próxima fase, quando o proponente será convidado a preencher um novo formulário, mais completo, em que poderá detalhar como sua iniciativa foi/será concebida, seus principais diferenciais e que resultados alcançou/alcançará com ela, entre outras informações relevantes. O detalhamento orçamentário para implementar o projeto também deverá ser informado nessa etapa.

Na terceira e última fase, a escolha dos projetos será realizada pelo comitê de seleção criado para o edital, que poderá contar com o auxílio de especialistas externos de diversos setores (acadêmico, empresarial, governamental e/ou da sociedade civil), a depender do perfil dos projetos selecionados.

O número de iniciativas selecionadas e o valor dos aportes dependerão da qualidade das propostas e dos recursos solicitados pelas iniciativas selecionadas.

Inscrições e cronograma

As inscrições para participar do 2º edital do Fundo BIS têm início no dia 28 de novembro e se encerram em 31 de janeiro de 2020. As iniciativas selecionadas serão divulgadas no site do Fundo BIS no dia 30 abril de 2020.

Os projetos serão acompanhados entre maio de 2020 e maio de 2021.

Mais informações podem ser conferidas no regulamento, que estará disponível no site a partir da data de abertura das inscrições. Dúvidas podem ser enviadas para o e-mail [email protected].

RT de Grantmaking retoma discussão sobre apoio institucional com exposição de cases

O 5º encontro da Rede Temática (RT) de Grantmaking, realizado no dia 9 de outubro, na sede da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), em São Paulo, deu continuidade a uma demanda dos próprios membros de conhecerem melhor a atuação uns dos outros. Para além dos repasses financeiros, as organizações que compõem a rede manifestaram o desejo de saber como seus pares estão atuando para o fortalecimento institucional das organizações da sociedade civil (OSCs) que apoiam.

O 4º encontro deu início a essa iniciativa, com a exposição de quatro cases. O 5º contou com a contribuição de outras duas organizações: Fundação FEAC e Instituto C&A.

Karen Polaz, coordenadora de fomento e inovação do GIFE, repercutiu alguns dados sobre práticas de grantmaking mapeadas pelo último Censo GIFE. A maioria dos associados classifica-se como predominantemente executora: 60% dos R$ 2,9 bilhões destinados pelas instituições respondentes da pesquisa foram aportados em ações e programas próprios. Se comparado ao montante de 2014, o volume de investimento em ações e patrocínios a terceiros diminuiu 33%.

Apesar disso, o Censo de 2016 apontou aumento não só no apoio ao fortalecimento de OSCs – de 21% para 35% dos associados -, mas também do reconhecimento do trabalho que essas organizações realizam.

Conhecimento aliado à prática 

Leandro Pinheiro, superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, dividiu com os presentes os aprendizados do Programa Qualificação da Gestão de OSCs, que tem como objetivo investir em formações para que as organizações de Campinas consigam operar de forma autônoma, com processos de gestão eficientes, conformidade, regularidade e impacto social significativo.

O superintendente observou que o modelo atual do programa, entretanto, não foi alcançado na primeira tentativa. Foi necessário reunir aprendizados e remodelar o curso de gestão oferecido pela Fundação. Depois de uma pesquisa de satisfação sobre a formação, a FEAC percebeu, entre outros pontos, que, muitas vezes, as OSCs já contam com um razoável nível de conhecimento, mas necessitam de incentivo para mudar suas práticas. “Às vezes, nós focamos em transmissão de conhecimento, enquanto a dificuldade maior está em incidir em uma combinação entre conhecimento, atitude e prática”, explicou Leandro.

Atualmente, a nova estratégia contempla, a uma primeira etapa de engajamento. As OSCs participam de um workshop sobre cenário e tendências do terceiro setor. Além disso, recebem o desafio de conseguir ao menos um novo doador.

O resultado da primeira turma após a mudança surpreendeu: 41 organizações conseguiram completar o desafio e avançaram para a etapa de certificação, realizada pela Phomenta, com base em padrões internacionais de Transparência e Boas Práticas Sociais do International Committee on Fundraising Organizations (ICFO).

Nesse ponto, as organizações se dividem entre certificadas – essas encaminhadas para o projeto Gerir Estratégico, composto por módulos de sustentabilidade econômica, informação pública, captação de recursos, gestão e governança e responsabilidade financeira e não certificadas – encaminhadas para o Gerir, projeto composto pelos módulos gestão administrativa financeira, planejamento operacional, implantação e comunicação de resultados, para que passem novamente pelo diagnóstico.

Leandro afirma que além do certificado, o relatório desse diagnóstico foi muito relevante para as organizações pelo fato de apontar quais pontos precisam ser melhorados. Outras iniciativas integram o programa, como a Incubadora de OSC e a Rodada Social. Conheça mais neste link.

Instituto C&A

Após atuar em educação por mais de 20 anos, o Instituto C&A assumiu uma nova diretriz: a indústria da moda.

Fábio Almeida, gerente de desenvolvimento institucional e redes do Instituto C&A, explicou que muitos foram os cuidados para que a mudança não significasse o fim dos projetos apoiados. Para isso, estruturou-se um “programa de saída” e extensão dos apoios por até três anos. Com essa remodelação, o Instituto C&A passou a ter como missão ‘Inspirar a crença de que a indústria da moda pode mudar e apoiar iniciativas que irão fazer isso acontecer’ e a atuar em quatro programas: Incentivo ao Algodão Sustentável, Moda Circular, Direitos e Trabalho e Fortalecimento de Comunidades. As quatro iniciativas têm em comum duas lentes transversais: o desenvolvimento institucional e redes e justiça de gênero.

“A C&A Foundation percebeu que precisava investir mais em desenvolvimento institucional depois de realizar um processo de entrevistas com os parceiros. Muitos deles apontaram que era necessário melhorar a relação, com mais confiança por parte da Fundação nas organizações apoiadas. Além disso, percebemos que concedíamos menos apoio institucional do que outros parceiros que também realizam grants”, explicou Fábio.

Dessa forma, o instituto desenhou uma estratégia que se divide em quatro linhas de atuação. A primeira, Core Support, investe no desenvolvimento organizacional e fornece apoios flexíveis e desvinculados de projetos. Já a linha Collective Action financia redes e alianças.

Com o objetivo de olhar para o campo e apoiar seu desenvolvimento, a linha Field Building prioriza apoios à sociedade civil democrática, filantropia colaborativa e indústria. Atualmente, essa linha só é desenvolvida no Brasil, mas há planos de expandi-la para outros territórios.

“Atuamos, em linhas gerais, como grantmakers de organizações sociais. Se não tivermos uma sociedade civil democrática e um espaço cívico garantido no Brasil, o Instituto e, provavelmente, todos nós aqui nessa sala não alcançaremos nossos objetivos. Dessa forma, mesmo considerando a complexidade e imensidão do campo, conseguimos fazer alguns investimentos que fogem da temática da moda. No tema de filantropia colaborativa, apoiamos, tradicionalmente, o GIFE, por exemplo.”

Por fim, na linha Partner Support Funds, o Instituto C&A atua por meio de dois fundos: o fundo de aprendizado – dedicado a custear viagens de parceiros, por exemplo, para que conheçam iniciativas de outras regiões ou países – e um fundo para situações emergenciais.

“O mais óbvio quando falamos de desenvolvimento institucional é olhar para as camadas de fora. Quando questionamos as organizações sobre o que precisam, na maioria das vezes, a resposta é investir em comunicação e financiamento. Mas, conforme vamos ‘adentrando as outras camadas’, devemos olhar para as competências da equipe, regimes que regem a organização, até sua missão, visão e valores. Acredito que esse é o grande ‘gol’ do desenvolvimento institucional.”

Encaminhamentos e próximos passos 

Como forma de repercutir os aprendizados a partir das duas exposições, os participantes dividiram-se em dois grupos e debateram sobre a importância de as organizações definirem o que é fortalecimento, assim como os resultados que desejam obter com seus apoios. Também foi mencionada a importância do engajamento e da vontade, por parte das organizações apoiadas, de não só receberem repasses financeiros, mas também de participarem de formações e capacitações.

Com o intuito de somar expertises e trabalhar em conjunto, a rede refletiu sobre algumas ideias, como, por exemplo, a criação de uma planilha online na qual cada membro da RT poderá explicar brevemente os apoios institucionais que realiza. A ideia é que a ferramenta permita que os membros da rede se conheçam mais e melhor quanto às suas formas de atuação e que ajude a dar origem a iniciativas conjuntas.

O próximo encontro da rede está previsto para o início de dezembro.

RT de Grantmaking discute apoio institucional em 4º encontro da Rede

Com o objetivo de aprofundar a discussão sobre apoio institucional às organizações da sociedade civil (OSCs) para além do repasse de recursos financeiros, a Rede Temática (RT) de Grantmaking promoveu seu 4º encontro no dia 11 de julho, no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo.

Criada em 2018 como um espaço de troca para o debate sobre práticas de grantmaking, assim como a relação entre grantmakers e grantees e as diversas formas de apoiar OSCs, a RT concebeu o encontro a partir de um evento anterior, onde os membros foram questionados sobre como têm trabalhado o fortalecimento institucional das instituições que apoiam.

“Saímos do encontro com duas percepções: vimos que a Rede queria discutir o apoio às organizações para além do financeiro, como apoio técnico e mentorias, por exemplo, e também que os membros desejavam se conhecer melhor, saber o que cada um está fazendo”, comentou Karen Polaz, coordenadora de fomento e inovação do GIFE.

Oito organizações responderam positivamente a um formulário disseminado no e-mail da Rede questionando quais delas desejavam apresentar as práticas de fortalecimento institucional de seus grantees. O 4º encontro foi, portanto, a primeira parte desse movimento, com exposição de quatro cases.

Fundação Lemann

Para Aline Okada, da área de relacionamento institucional de parcerias da Fundação Lemann, em primeiro lugar, é preciso definir internamente o que se entende por desenvolvimento institucional. Ao longo dos anos, o trabalho da Fundação junto a organizações da sociedade civil ajudou a entender seu papel não como financiadora, mas viabilizadora das propostas.

Atualmente, a Fundação oferece apoio variado a mais de 50 OSCs com atuações diversas. Para atender às demandas e responder às necessidades de cada uma, são realizados desde workshops mais gerais até consultorias personalizadas sobre os temas mais solicitados, com destaque para avaliação de impacto e captação de recursos. “Entre os aprendizados, percebemos que é importante promover trocas que se espalhem dentro das organizações; criar uma rede que irá se autoengajar, o que é um desafio; ter um olhar da Fundação sobre o que o parceiro declara como importante em seu atual momento; e entender que o apoio institucional é tão importante quanto o apoio financeiro”, pontuou.

Fundação Itaú Social 

O trabalho da Fundação Itaú Social (FIS) junto a organizações de base comunitária comprometidas com o desenvolvimento de crianças e jovens e do território onde estão inseridas foi apresentado por Camila Feldberg, gerente de fomento da FIS. Depois de uma reestruturação de sua atuação, foi criado o Missão em Foco, projeto que seleciona organizações que já participaram de editais pontuais da FIS e que, além de estarem em um estágio mais maduro, tenham potencial de desenvolvimento.

São três os eixos do acompanhamento, que ao todo dura cinco anos: recursos flexíveis para a organização empregar da forma que achar melhor; formação e assessoria técnica, com a presença de um consultor na organização para entender a fundo suas necessidades; e monitoramento e avaliação do quanto a organização avança na ferramenta que mede o desenvolvimento institucional, preenchida pelo próprio grantee no começo do processo. “Nós começamos o primeiro ciclo do Missão em Foco em 2017. Com quase dois anos de programa, percebemos que as organizações se abrem depois de receber o recurso. É interessante notar como ficam relaxados e assim conseguimos estabelecer uma relação de confiança.”

Instituto Clima e Sociedade

Silvia David, gerente de doações do Instituto Clima e Sociedade (iCS), apresentou um panorama do trabalho do iCS em seus cinco portfólios: política climática e engajamento, transporte, energia, economia de baixo carbono e uso da terra. Em 2017, a organização realizou uma pesquisa para entender como os grantees enxergavam o apoio que lhes era concedido. Entre os resultados, as organizações beneficiárias apontaram que a maior demanda era apoio à gestão e estratégia.

Com um recurso recebido de uma de suas mantenedoras especialmente para capacitação institucional, o iCS implementou a Organization Mapping Tool (OMT), ferramenta composta por 70 perguntas dentro de 14 temas para apoiar a realização de um mapeamento institucional. “Nós aplicamos o questionário com 19 organizações em 2018. Entre os 14 temas, aqueles apontados como prioritários foram missão e estratégia, comunicação externa, governança, captação e relações com doadores, recursos humanos, segurança e cultura organizacional”, contou a gerente

Para ajudar a suprir essa necessidade, o iCS promoveu workshops e ações para cada um dos temas. Para apoiar a captação, por exemplo, custeou a participação de mais de 30 pessoas no Festival ABCR 2019.

Movimento Arredondar

Francisco Santos fechou a rodada de apresentações ao falar sobre o Movimento Arredondar, que passou a realizar um processo de acompanhamento das 33 organizações para as quais o recurso arrecadado com os arredondamentos é repassado. Ao todo, são quatro fatores principais de acompanhamento: prestação de contas financeiras e relatório do beneficiário (utilizado para avaliar o impacto qualitativo do Movimento no grantee) – ambos dentro do eixo monitoramento -, e realização de webinars de acompanhamento e entrega de documentos anuais de revisão.

Além disso, como forma de oficializar um suporte formativo para as organizações, o Movimento criou o Diálogos Redondos, que trata de temas de interesse dos grantees, como liderança, comunicação institucional, gestão de parcerias, avaliação de resultados, entre outros. “Quando nos chamamos de Movimento, queremos fazer junto com as organizações e pensá-las estrategicamente em médio e longo prazo. Hoje, os Diálogos Redondos são online e estão estruturados com a participação de especialistas, de uma exposição sobre a conjuntura e um painel de uma organização beneficiária.”

Troca de experiências

Em seguida da exposição, os presentes dividiram-se em três grupos temáticos para discutir diferentes aspectos da prática de grantmaking.

O grupo de formação e apoio técnico ressaltou pontos como as próprias organizações entenderem a importância do desenvolvimento institucional e o quanto o diagnóstico é relevante nesses processos, pois é uma forma de autoavaliação. A participação das lideranças nos processos também é fundamental, assim como a definição conjunta entre grantmakers e grantees de metas tangíveis de desenvolvimento institucional para que a organização sinta-se parte do monitoramento e avaliação.

Em formação e articulação em rede, foram discutidas diferentes perspectivas de rede: formações em rede e formação das redes tanto de grantmakers como de grantees. Os participantes apontaram que para um trabalho em aliança, é preciso a priorização de um desenvolvimento comum e uma figura que atue como ponto focal, além de ações que possam caminhar na direção contrária de alguns paradigmas, como a competição por recursos. Nesse sentido, a ideia é pensar como as instituições grantmakers podem criar uma cadeia de desenvolvimento institucional que mude a lógica de competição e propague a lógica de rede.

Por fim, o grupo de processos de gestão interna para implementação dos apoios institucionais apontou a importância de, ao mesmo tempo, ter processos estruturados e investir na relação entre grantmakers e grantees, amenizando as relações de poder entre quem doa e quem recebe. É a partir de relações consolidadas desde o início de uma parceria e/ou financiamento que se estabelece confiança e transparência. Entender que é preciso revisitar metodologias e que essas não são mais importantes do que o resultado que se pretende alcançar são outras atribuições dos doadores apontadas pelo grupo.

 Próximos passos

O encontro também foi palco de um convite para que os presentes participem da Plataforma Cases. Lançada pela Rede Temática de Gestão Institucional, a iniciativa, que ainda está em versão beta e inclusive conta com um nome provisório, tem a proposta de reunir casos sobre gestão de talentos, governança, indicadores de monitoramento, políticas, prestação de contas e outros temas.

O próximo encontro da RT de Grantmaking está programado para acontecer ainda em 2019 com data a ser definida e contará com a segunda rodada de apresentação de casos.

Greater Good: Lessons from Those Who Have Started Major Grantmaking Organizations

To learn more about what it takes to effectively get a grantmaking organization off the ground, CEP interviewed 35 leaders — including trustees, CEOs, program staff, and operations staff — of 14 grantmaking organizations that were established, or that experienced significant growth, in the past 20 years and that hold at least $350 million in assets. <em>Greater Good: Lessons from Those Who Have Started Major Grantmaking Organizations</em> distills insights gleaned from those interviews, offering guidance for a new wave of philanthropic leaders as they seek to build <span id=”hs-cta-wrapper-069a2cdb-2619-4c7a-886a-0ffdddfbf80a” class=”hs-cta-wrapper”><span id=”hs-cta-069a2cdb-2619-4c7a-886a-0ffdddfbf80a” class=”hs-cta-node hs-cta-069a2cdb-2619-4c7a-886a-0ffdddfbf80a” data-hs-drop=”true”></span></span>thriving grantmaking organizations that can best support nonprofits to achieve shared goals. While there is no single blueprint for those new to philanthropy to follow, across CEP’s interviews emerged three key elements for effectively getting grantmaking organizations up and running.

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How To Prepare For These 5 Grantmaking Challenges

Do more than ready yourself for the unexpected.

We have been told for most of our lives to prepare for the unexpected—save for a rainy day, have a Plan B and apply to some “safety schools” in case you don’t get accepted by your top-choice university. While being prepared for the unexpected is smart, it’s not as important as being prepared for the expected.

As a philanthropist, your ultimate goal is to make the world a better place. To put ideas into action and create change where it is needed. One way to achieve this impact quickly and effectively is to be prepared for the expected.  Problems will arise—that’s a guarantee—so you might as well be ready to deal with them. Here are five common challenges you can expect as a donor and what you can do to prepare for them:

1. There will be a lack of patience and a lot of pressure during planning. You’re designing a new grant program. Everyone is on board, your team is enthusiastic and planning efforts are underway. But the board will want to see grantmaking activity before you’ve finalized your goals. It doesn’t matter that they already agreed on a timeline for you to develop your strategy and to assemble the right partners to implement it—they will put on pressure for proof of progress. Prepare early by identifying some low-hanging fruit.  Award a few grants to pilot some of your ideas. You can learn from the results while also meeting your board’s need to “do something.”

Rede Temática de Grantmaking dá início à articulação em 2019 com encontro em São Paulo

Para abrir os trabalhos de 2019, a Rede Temática (RT) de Grantmaking realizou a primeira reunião do ano no dia 29 de março, no Instituto InterCement, em São Paulo, para discutir a relação entre grantmakers e grantees.

Lançada durante a mesa “Cultura de doação e grantmaking: superando barreiras para um país mais doador”, realizada em abril de 2018, durante o X Congresso GIFE, a RT tem como objetivo ser um espaço onde instituições doadoras possam compartilhar experiências, dados e soluções e também falar sobre as dificuldades no processo de doar mais e melhor no Brasil.

Karen Polaz, coordenadora de fomento e inovação do GIFE, usou o momento da abertura institucional da reunião para embasar a discussão com dados do Censo GIFE 2016. Realizada anualmente, a pesquisa classifica os investidores em predominantemente doadores, predominantemente executores e híbridos (tanto doam como executam em proporções representativas).

À época com 135 associados, o GIFE alcançou uma taxa de resposta ao Censo de 90%, o que corresponde a 116 instituições. O número de investidores sociais executores de projetos próprios (43%) prevaleceu, pela primeira vez, em relação aos investidores híbridos (41%) que combinam o aporte de recursos em suas próprias iniciativas com o apoio a organizações da sociedade civil.

Esse momento de contexto também contou com a fala de Fábio Almeida, gerente de desenvolvimento institucional e rede do Instituto C&A, que, juntamente com a Fundação Lemann e o Instituto Humanize, compõe a coordenação da RT.

Representante de uma organização totalmente apoiadora, ou seja, que não executa nenhum tipo de projeto próprio, Fábio afirma que fazer parte da rede constitui um movimento dividido em três pilares: aprender a partir do compartilhamento de experiências, estar em contato com pares e inovar a partir da atuação conjunta e manter o assunto em pauta para que cada organização possa aproveitar melhor suas práticas de grantmaking.

Dentro do grande tema que guia a rede, o gerente ressalta as diferentes formas de fazer grantmaking e a importância de criar um espaço de discussão sobre o assunto. “Outro tema fundamental que já está sendo abordado é o apoio institucional. O tradicional do grantmaking é o apoio a projetos e atividades programáticas, mas acredito que é importante trazer para a pauta uma reflexão sobre como equilibrar esse apoio e o apoio institucional, a fim de fortalecer as organizações da sociedade civil e fomentar um ambiente mais democrático de atuação dessas organizações”, afirma Fábio.

A relação entre grantees e grantmakers

Os participantes da RT contaram com uma exposição de Leandro Pinheiro, superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, sobre a relação entre instituições doadoras e receptoras de recursos, os grantmakers e grantees, sob a ótica do apoio institucional.

Como introdução, Leandro citou algumas das muitas estratégias da prática de grantmaking, como apoio institucional, apoio a projetos por editais e chamadas, apoio a projetos de organizações da sociedade civil (OSCs) via contratação direta ou cocriação, investimentos próprios executados por OSCs técnicas, execução direta de projetos, entre outras.

O superintendente também comentou os processos de tomada de decisões de investimento, que podem acontecer a partir de decisões prévias, como um alinhamento do negócio ou causas e temas já definidos pelo grantmaker, ou a partir de processos de pesquisas e estudos nos territórios e escuta ativa da sociedade civil, que poderá ajudar no apontamentos das necessidades de determinada região.

Entre as instituições receptoras de recursos – os grantees – estão movimentos sociais; coletivos não formalizados ou com formalização incipiente; organizações de base e comunitárias; organizações técnicas sem agenda própria; negócios sociais com diferentes níveis de maturidade; organizações técnicas com causa definida, mas sem agenda ou território de atuação; e as organizações de referência.

Um viés aplicado em toda a exposição de Leandro foi a troca com o auditório. Uma das reflexões levantadas foi o papel dos grantmakers nas atitudes e posições assumidas pelos grantees. Um exemplo palpável é a aceitação do erro. Leandro explicou a importância de instituições doadoras refletirem sobre como aceitam o erro ou a necessidade de reformulação de um projeto e as consequências dessa postura.

“Muitas vezes, a postura do grantmaker faz com que as organizações receptoras empurrem o erro para ‘baixo do tapete’, o que acarreta em relações pouco transparentes. Algumas organizações podem acabar exagerando nos resultados que pretendem entregar porque se dissessem a entrega real, essa não seria considerada suficiente para fechar o negócio. Em última análise, isso tira o foco da organização do projeto, sabotando em parte o resultado dos investimentos”, explica.

Muitos dos presentes expuseram suas vivências, inclusive mencionando que nem sempre as organizações selecionadas para receber um recurso são as que desenvolvem os melhores projetos. Muitas vezes, essas instituições aprendem a lidar melhor e a falar a mesma língua dos investidores, o que passa a sensação de consistência e profissionalismo, aumentando as chances de conseguir um repasse.

Apoio institucional

A discussão sobre apoio institucional também rendeu bons debates. Antes de trazer exemplos práticos e questionamentos para os participantes, Leandro explicou que a modalidade consiste em um repasse flexível que pode ser investido na missão, causa, projetos ou ações de uma organização; que permite atender necessidades ditas não-finalísticas – ou seja, não é necessariamente ligado a um projeto -, como aspectos da gestão e melhoria da infraestrutura; e que não tem uma contrapartida objetiva.

Como provocação aos presentes, citou um exemplo hipotético de uma organização que recebe um apoio institucional e o direciona para seu fundo de reserva. “Nesse caso, o grantmaker poderia argumentar que a organização receptora não precisa do dinheiro, frente a muitas outras que precisam. Por outro lado, o grantee poderia questionar porque está sendo penalizado com a diminuição e até mesmo interrupção do repasse por ter feito uma boa gestão dos recursos”, expôs Leandro.

Vários participantes argumentaram que, nesse caso, se a prática já estivesse previamente combinada entre as duas partes, isso não seria um problema. Camila Aloi, assessora de relacionamento do GIFE, pontuou a relação direta do tema com a sustentabilidade financeira de organizações. “Uma construção em conjunto com as organizações é fundamental para uma relação de confiança em longo prazo.”

A forma de aplicação do recurso por parte do grantee, como no caso citado acima, gerou discussões. Um dos pontos levantados é que existem diversos modelos de apoio institucional que, segundo apontado por Leandro, têm um quesito comum: trata-se de um recurso que não tem plano e permite, por exemplo, seu uso em situações emergenciais. Essa prática é muito diferente de recursos repassados por organizações grantmakers com cunho de fortalecimento institucional. Nesse caso, os aportes são diretamente conectados a planos de desenvolvimento como de governança, por exemplo.

Próximos passos

Muitas das organizações presentes no evento dividiram pontualmente suas experiências como doadoras de recursos. Fábio Almeida, entretanto, apontou a possibilidade de incluir na agenda dos próximos encontros um espaço destinado à exposição mais direcionada das ações de cada instituição, de forma a reforçar a troca de experiências e cases de sucesso.

Como um dos coordenadores da RT, Fábio está otimista para as reuniões de 2019. “Estamos formando um grupo com organizações muito relevantes na temática de grantmaking. O nível de participação e engajamento tem sido bastante alto. A expectativa é que a gente continue nessa trilha, faça essa troca de aprendizados e consolide a RT como um grande espaço de discussão, compartilhamento e relacionamento das organizações que atuam por meio do grantmaking.”

Para dar sequência ao debate, o próximo encontro da RT acontecerá no mês de julho em São Paulo.

Strengthening Grantees: Foundation and Nonprofit Perspectives

Based on survey responses from 170 nonprofit CEOs on CEP’s Grantee Voice panel and 187 foundation leaders who primarily oversee programmatic work at their organizations, this report provides a comprehensive examination of foundations’ efforts to strengthen grantee organizations and leaders.

The data reveals that foundations are not as in touch with nonprofits’ needs as they think they are, and that both foundations and nonprofits alike have a role to play in closing the gap between the support nonprofits need and the support foundations provide. These findings can help foundations and nonprofits better understand how they can work together to build organizations that are well positioned to make a difference.

Novas narrativas para o investimento social e acesso a recursos nas periferias

Em se tratando de investimento social privado (ISP), muitas histórias existem sobre a transferência de recursos entre financiadores e organizações da sociedade civil, mas pouco se fala sobre como essas parcerias se dão da perspectiva de quem é financiado e menos ainda quando se trata de movimentos sociais e coletivos das periferias. Nesse contexto, este artigo investiga os fatores críticos de acesso a recursos a partir da perspectiva de lideranças periféricas da cidade de São Paulo. Para isso, acompanhou-se, ao longo de um ano, o grupo Potências Periféricas, que propõe espaços de diálogo entre coletivos, empreendedores, movimentos sociais e organizações sociais das periferias e financiadores, visando trocas horizontais que quebrem barreiras de entendimento mútuo. Com base na sistematização de três encontros e uma imersão, identificaram-se dois fatores e 24 subfatores críticos de sucesso para o ISP: o primeiro relacionado a mudanças de aspectos culturais e comportamentais por parte dos financiadores (mudanças de paradigma e de know-how e visão empática); o segundo a respeito de aspectos técnicos e táticos do cotidiano da parceria entre investidores e investidos (comunicação, processos de seleção e relacionamento). São esses elementos que, do ponto de vista de lideranças da periferia, podem qualificar a relação com investidores sociais.

Este artigo integra a publicação seriada Artigos GIFE , que publica reflexões e análises de pesquisadores brasileiros de diferentes áreas do saber com o objetivo de estimular, ampliar e disseminar a produção de conhecimento qualificado sobre o campo da filantropia, do investimento social privado e da sociedade civil no Brasil.

Trust-Based Philanthropy: An Approach

The Trust-Based Philanthropy Project reimagines traditional funder-grantee relationships. They work with foundations to create a philanthropic ecosystem that is trust-based. They build and curate the tools and resources to engage grantmakers around ways to embody this approach, and why it matters. And they invite others to join them by connecting new and experienced practitioners to learn from each other and help grow their trust-based muscles. This guide presents six key principles that put trust-based values into action.

Open for Good: Knowledge Sharing to Strengthen Grantmaking

In this GrantCraft guide, grantmakers share how and why their foundations openly share knowledge as an integral and strategic aspect of philanthropy. Learn from their firsthand experience how to grow organizational capacity and culture for knowledge sharing, address common concerns, and use knowledge exchange to advance your mission and impact.

Organizações refletem sobre sua atuação em segundo encontro da Rede Temática de Grantmaking

No dia 30 de outubro, a Rede Temática (RT) de Grantmaking realizou, na sede da FTD Educação, em São Paulo, seu segundo encontro.

Lançada em abril, durante o X Congresso GIFE (confira matéria aqui), com o objetivo de ampliar a prática do grantmaking e ser um lugar dedicado à troca de conhecimentos, saberes e modos de fazer, a RT teve seu primeiro encontro em julho para pensar coletivamente os modos de fazer grantmaking no Brasil e os desafios e oportunidades de atuação das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) no que se refere ao aprimoramento do acesso aos recursos disponíveis.

O segundo encontro, por sua vez, serviu para que as organizações presentes pudessem fazer uma reflexão e autocrítica sobre sua atuação e a relação com os receptores de apoio, seja ele financeiro ou técnico.

“O José Marcelo Zacchi, secretário-geral do GIFE, sempre nos fala sobre a importância de saber onde ‘emperra’ para organizações, institutos e fundações quando querem fazer grantmaking. Quais são os desafios? O que é difícil? Quais boas práticas podem ser compartilhadas? A RT surgiu para ser esse espaço de troca e construção de conhecimento. Na hora de fazer grantmaking, os institutos e fundações muitas vezes se veem sozinhos, não há tanto material produzido aqui no Brasil”, explica Karen Polaz, coordenadora de fomento e inovação do GIFE e responsável por ajudar os coordenadores da Rede (Fundação Lemann, Instituto Humanize e Instituto C&A) a organizarem as pautas, discussões e datas dos encontros.

A pauta do segundo encontro foi pensada a partir da sistematização das discussões do primeiro, onde os participantes expuseram o que as organizações associadas ao GIFE, muitas delas predominantemente doadoras, esperam dessa articulação em rede.

“O intuito dessa segunda atividade foi causar uma reflexão sobre como as instituições doadoras estão repassando recursos para que a gente identifique quais são as lacunas para o fortalecimento da OSCs, de forma que elas consigam de fato se fortalecer e estar ativas, ser provocadoras e propositivas de políticas públicas”, conta Natália Leme, responsável pela área de relações institucionais e parcerias do Instituto Humanize e uma das coordenadoras da RT.

Dinâmica

Uma dinâmica foi preparada para o segundo encontro. Estavam presentes representantes da Fundação Arymax, Prosas, Itaú Social, SITAWI Finanças do Bem, Fundação Lemann, Instituto Clima e Sociedade, RaiaDrogasil, Instituto Samuel Klein, FTD Educação, Associação Samaritano, Instituto Humanize, Insper e Mattos Filho Advogados.

Quatro perguntas-chave guiaram o debate: 1. O nosso grantmaking está alinhado com os objetivos da nossa organização?; 2. Somos eficientes em nossos processos internos? Quanto nos custa fazer cada doação?; 3. Estamos nos comunicando de forma eficaz? e 4. As nossas doações estão estruturadas para serem bem-sucedidas?.

A dinâmica foi dividida em três perguntas, que seguiram a mesma estrutura: inicialmente os participantes pensavam individualmente sobre a proposta, depois dividiam suas percepções com colegas em pequenos grupos e em seguida cada mesa expunha uma síntese de sua discussão para o grupo todo.

Na primeira parte, as organizações foram convidadas a pensar em um ou mais resultados indesejados que envolvessem o seu processo de grantmaking. Os participantes levantaram pontos em comum sobre a relação entre financiador e financiado como a preocupação de não gerar dependência do recurso repassado – e, nesse sentido, apoiar a construção de um plano de sustentabilidade financeira -, e nem inequidade, ou seja, enquanto algumas organizações são aportadas por vários atores, outras realizam um bom trabalho, mas têm dificuldades em receber um único apoio.

Saber quanto do recurso realmente chega na ponta, garantir que o projeto mantenha critérios importantes para que a doação seja realizada, comunicação mais clara em editais, aumentar o leque de temas apoiados e alinhar expectativas do financiador e financiado foram outros elementos apontados pelo debate. A necessidade de transparência entre os envolvidos em uma relação de financiamento também foi destacada como um passo a ser obedecido para que a relação seja saudável para os dois lados.

Já para a segunda parte da dinâmica, as organizações precisaram se desafiar a pensar quais ações elas próprias realizam no seu dia-a-dia que acabam contribuindo para obter os resultados indesejados citados na primeira parte. Entre os pontos mencionados está a importância de uma construção em conjunto com os gerentes das organizações, apostar na conversa sobre grantmaking dentro das próprias instituições (o que alguns participantes apontaram que não acontece com regularidade atualmente), além de pensar em como fortalecer o setor das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) como um todo, e não limitar-se a apoiar temas específicos.

Apoiar projetos que apresentam outros financiadores, dar feedback a organizações e projetos não selecionados em um processo e determinar desde o começo por quanto tempo a organização vai receber o recurso também são passos que tornam a relação financiador-financiado mais saudável.

A terceira parte fechou a dinâmica com a proposta de pensar o que as organizações podem fazer para reduzir algumas dessas práticas prejudiciais. Manter um diálogo para além dos encontros presenciais da RT, usando o grupo como uma rede de apoio e consulta, além de instrumentalizar e incentivar o crescimento das organizações e também ouvir o que os próprios grantees têm a dizer sobre o processo de recebimento de apoio financeiro ou técnico são etapas que podem ajudar a construir um ambiente de grantmaking mais próspero no Brasil.

O grantmaking no contexto brasileiro

Cosme Bispo, analista de projetos da Fundação Lemann e um dos coordenadores da RT, trata o setor de duas formas: micro e macro. Com um olhar micro, o analista destaca a necessidade de as organizações apoiadoras terem um processo de grantmaking eficiente. “Ao final do dia, [o grantmaking] responde a boa parte do orçamento das organizações e ao modo como elas conseguem gerar valor para a sociedade, demonstrar suas metas estratégicas e entregar ações que as auxiliam nos seus objetivos.”

De maneira mais macro, o analista defende que organizações que executam o processo de grantmaking na posição de apoiadores precisam entender que têm uma responsabilidade cruzada no processo de consolidação do setor, fortalecendo o cenário brasileiro como um todo.

Segundo Cosme, é importante que os financiadores tenham uma visão clara da importância não só do apoio financeiro, mas também do técnico, o que contribui para o desenvolvimento das OSCs de uma maneira mais ampla. “É por isso que a questão de transparência, de ter uma determinação específica sobre o que você faz e não faz, deixa claro para os grantees quais expectativas podem ter sobre o processo de grantmaking.”

Cenário para 2019

Em um contexto de pós-eleições e uma nova conjuntura política a partir de janeiro, o cenário para OSCs e grantmaking no Brasil ainda é incerto. Karen, Cosme e Natália concordam que é uma missão difícil prever como as coisas se darão no ano que vem quando o assunto é repasse financeiro e captação de recursos. Entretanto, concordam que, de alguma forma, o grantmaking, essencial para a sustentabilidade de organizações da sociedade civil, precisa continuar.

“Um desafio para 2019 é entender qual será o papel desses grandes institutos e fundações em um cenário que ainda não sabemos se poderá vir a ser de maior instabilidade para o campo do terceiro setor no Brasil”, argumenta Karen.

Cosme por sua vez, acredita que o Brasil possivelmente enfrentará um novo cenário em relação ao investimento social, ressaltando, portanto, a importância dos grantmakers se reunirem para conversar, trocar práticas e até mesmo focar em áreas de atuação que hoje têm menos recurso e que poderiam receber mais investimento para que prosperem. “Ainda não sabemos como esse novo cenário se desenhará, mas talvez apenas reforce a necessidade e importância de continuarmos discutindo e tematizando em conjunto, mas também executando e sendo propositivos.”

Já Natália ressalta que muitas temáticas que instituições do terceiro setor estão trabalhando terão grandes desafios daqui para frente. “Eu acho que é o momento de o terceiro setor estar cada vez mais unido, tanto as organizações doadoras quanto as organizações que recebem esses recursos. É um assunto sensível, mas que precisa ser debatido.”

Nonprofit Diversity Efforts: Current Practices and the Role of Foundations

Various institutions have published articles and reports on topics such as the barriers to achieving diversity in nonprofit leadership, the benefits of having a diverse board and staff, and the importance of foundation transparency about diversity data. Other organizations focus exclusively on advancing diversity, equity, and/or inclusion within the philanthropic and nonprofit sectors.

This report published by The Center for Effective Philanthropy (CEP) based on a survey sent to leaders of nonprofit organizations with annual expenses between $100,000 and $100 million dollars, has sought to understand the efforts of nonprofit organizations when it comes to diversity and the ways in which their foundation funders are interacting with and/or supporting those efforts.

In what ways is diversity relevant to nonprofit organizations’ goals? What demographic information are nonprofits collecting, and how is that information used? How are foundations involved in the diversity efforts of grantees, and how would those grantees like their funders to be involved? Those are some of the questions the study aims to discuss based on the 61% response rate of the survey.

Donors: 5 Things Nonprofits Want You to Know

The Center for Effective Philanthropy (CEP) has collected candid, anonymous feedback over 15 years from more than 100,000 nonprofit leaders and gathered five relevant topics that nonprofits want their donors to know but may not be telling them directly.

The repport details these findings.

A co-criação do grantmaking e filantropia de risco marcam primeira reunião da nova rede temática

Pensar coletivamente os modos do fazer grantmaking no Brasil e os desafios e oportunidades de atuação das organizações da sociedade civil no aprimoramento do acesso aos recursos disponíveis guiaram as discussões da primeira reunião da Rede Temática de Grantmaking, no dia 10 de julho, na sede da Fundação Lemann, em São Paulo. O objetivo foi abordar questões práticas a partir da escuta das percepções, interesses e visões do grupo pensando no desenvolvimento e na agenda de trabalho da rede.

Anunciada em abril, durante a mesa de debate Cultura de doação e grantmaking: superando barreiras para um país mais doador, no X Congresso do GIFE,  a Rede, que pretende ampliar a prática do grantmaking no setor e desenvolver e fomentar ferramentas que apoiem a construção de novas formas e estratégias desta prática, sabe do cenário desafiador que enfrentará. Dados do Censo GIFE 2016 apontam que, dos R$ 2,9 bilhões investidos, foram aportados 60% em ações e programas próprios e 21% foi investido em ações e patrocínios de terceiros, o que equivale a R$ 595 milhões, 33% menos se comparado a 2014.

A prevalência é do perfil executor de projetos próprios entre as organizações que responderam o Censo: 43% perfil executor, 41% híbrido (doa e executa projetos próprios) e apenas 16% doador. Entre 2014 e 2016, houve uma queda de 33% dos recursos doados para projetos de terceiros. Em números absolutos foram R$ 894 milhões, em 2014, e R$ 595 milhões dois anos depois. Porém, cresceram a importância dada para o fortalecimento das OSCs – em 2014 era de 21% e saltou para 35% em 2016 – e o reconhecimento do trabalho que realizam: de 1% para 10%, respectivamente.

Para José Marcelo Zacchi, secretário-geral no GIFE, uma das lições de casa não cumpridas durante a construção democrática do país nos últimos 30 anos é a capacidade da sociedade brasileira de mobilizar recursos próprios para a manutenção de organizações cidadã, autônomas, sustentáveis. “Ainda há uma enorme fragilidade dessa teia de instituições para construirmos esse campo que não é governamental nem do mercado e que ainda depende muito mais de recursos governamentais ou internacionais do que seria o ideal. Do ponto de vista da Rede, nosso objetivo é pensá-la como sequência do esforço que fazemos para garantir que o GIFE tenha ambientes perenes de discussão, de troca, de aprimoramento contínuo em temas que são também perenes na agenda dos atores de investimento social privado. Está expresso no Censo GIFE que há um desejo de fazer mais pelas doações, mas ainda não se reflete nos números. Então, tem uma questão aqui que é: temos um acúmulo, vontade, mais quais são os obstáculos? Quais são as ‘porcas’ e ‘parafusos’ do dia a dia do fazer o grantmaking?”, provocou.

Capacidade de se aventurar

Como nas demais Redes Temáticas, há duas instituições que estão à frente da coordenação, sendo o Instituto Humanize e a Fundação Lemann responsáveis pela de Grantmaking. Segundo Georgia Pessoa, diretora executiva do Instituto Humanize, existe uma movimentação de grupos dentro e fora do Brasil que, nos últimos dez anos, vem construindo o conceito de Venture Philanthropy (VP), ou filantropia de risco, que está alimentando também as ações da própria instituição. Uma das diferenças básicas entre a filantropia tradicional e a de risco está na composição dos atores, segundo Georgia. Enquanto que na tradicional a dinâmica de funcionamento envolve doador, beneficiário e o líder de ONGs, na de risco compreende investidor social, investida e o empreendedor social.

“Um dos conceitos de VP é que ‘filantropos e investidores de impacto têm se unido para apoiar toda a cadeia de empreendedorismo com modelos de inovação social desde o seu nascedouro, destinando capitais a fundos sem retorno (grants) no início para que novas ideias possam surgir, identificando aquelas dotadas de melhores perspectivas de geração de impacto e sustentabilidade econômica e as financiando ao longo de toda a cadeia, passando por linhas de crédito, garantias, seguros, equity, dentre outros mecanismos tradicionais’”, apontou Georgia.

A European Venture Philanthropy Association (EVPA) foi citada pela diretora como uma das referências dessa discussão que defende que “a filantropia de risco e o investimento social têm a ver com combinar a alma da filantropia com o espírito de investimento, resultando em uma abordagem de alto engajamento e de longo prazo para criar impacto social.” A partir do entendimento do VP com foco no impacto social, Georgia apontou: “A palavra risco no Brasil ainda está muito estigmatizada. Até por isso, gostamos muito de falar em aventura, se aventurar, se lançar. Estamos no exercício do repensar os modelos de atuação.”

Em novembro, a European Venture Philanthropy Association promoverá um encontro internacional sobre filantropia de risco e investimento social e instituições brasileiras foram chamadas para participar. “Além de ser uma oportunidade de aprendermos, fomos convidados para avaliar a oportunidade de ajudar a criar uma rede de Venture Philanthropy na América Latina e a ideia é que vá uma delegação do GIFE”, contou Georgia.

Desafios à vista

Duas questões apontaram alguns caminhos para o trabalho da Rede durante as conversas dos grupos formados no evento: quais são os principais desafios dos investidores sociais privados que fazem ou querem fazer grantmaking?;  e considerando os desafios, o que esta Rede pode fazer para superá-los?

Estabelecer relações de confiança, apresentar e/ou construir pluralidade de modelo de doação, compreender o papel do grantmaker discutindo e aprofundando o conceito de “grants”, criar independência e selecionar organizações e projetos, gerir a relação e mensurar impacto foram alguns dos principais desafios listados pelos participantes. Para superá-los o grupo fez uma série de sugestões que vão desde a criação de momentos e espaços para troca de saberes, possibilitando aprender com a experiência agregada do grupo, e a criação de um banco de boas práticas, a organização de pesquisas e debates sobre temas como accountability e gestão profissional, a produção de ferramentas práticas e manuais, até iniciativas de atuação coletiva como a experiência de co-investimento e contratações conjuntas para citar alguns exemplos

“Além disso, precisamos tornar o investimento de risco mais charmoso, mais interessante. Somos avessos ao risco”, provocou Angela Dannemann, superintendente adjunta do Itaú Social, trazendo para a conversa o desafio e a proposta de reinventar a narrativa do grantmaking e do risco.

A co-criação do grantmaking

Na opinião de Georgia Pessoa, a Rede Temática de Grantmaking é uma oportunidade de realizarem um trabalho de co-criação, de reunir os processos individuais das organizações para uma atuação efetivamente coletiva. “Se identificamos todos aqueles temas-desafios, o importante agora é conseguirmos trazê-los para esse lugar comum. A grande sacada será encontrarmos a nossa medida: qual é a velocidade de cada organização, qual a priorização que estamos dando para cada um desses temas, por onde a gente começa, quais os processos conjuntos. Algumas das organizações já têm suas aprendizagens sistematizadas. Como podemos trabalhar com um benchmarking, um roadmap GIFE com uma oferta de conteúdos que vão desde diagnóstico até planejamento estratégico passando pela comunicação, captação e operação dessas organizações da sociedade civil? Todos os doadores estão quebrando a cabeça de como tratar isso. Se o GIFE oferece uma possibilidade sistematizada, um trabalho inteligente que cada um possa customizar e adaptar, já é de grande valia”, sugeriu.

A Fundação Lemann tem a comunicação como uma de suas estratégias consolidadas para dar mais visibilidade para o impacto gerado pelos projetos que apoia, mas também das instituições parceiras. “Vivemos um período de carência de boas histórias, de boas notícias e mostrar o que está sendo feito, tudo que tem gerado de resultado é uma aposta forte nossa”, afirmou Lara Alcadipani, gerente de comunicação.

Nesse espírito de gerar uma rede de apoio e fomento à cultura de doação, Lara contou outra estratégia da instituição. “Com a preocupação também do foco no impacto, na medição de resultados, acompanhamento, troca de experiências, temos realizado atividades de formação com os parceiros como de captação de recursos para organizações do Terceiro Setor e avaliação de impacto.”

Em relação à responsabilidade de puxar a coordenação de uma rede, a gerente da Lemann compactua com a mesma percepção da Georgia diante do tamanho do desafio, e acredita que ter um grupo maior ajudando a provocar a construção desse campo será essencial. “As situações acabam sendo metáforas delas mesmas porque estamos falando de como realizamos um trabalho que é de fomentar um sistema de impacto social a partir dos investimentos das organizações e da filantropia e fazendo isso de maneira colaborativa. Por si só já traz uma dimensão bastante interessante de aprendizado conjunto. Espero muito aprender com os parceiros nessa frente e aportar um pouquinho do conhecimento que a Fundação vem desenvolvendo nesses quase 16 anos de investimento social. Percebendo o perfil engajador e o nível de interesse desse grupo, além da demanda existente para esse tipo de discussão no setor, será desafiador congregar tudo isso de maneira produtiva para que consigamos gerar alguma transformação dentro da nossa atuação e, principalmente, atuando em conjunto. Estou muito feliz e animada.”

O grupo vai ser reunir a cada dois meses e o próximo encontro está marcado para setembro.

Culture Resource Guide: Overview

After more than 15 years promoting grantmaker practices that support nonprofit results, GEO is convinced that a strong culture inside foundations is critical for effective philanthropy. It’s virtually impossible to operate as an ally and partner to nonprofits if you are working inside a foundation whose values and culture run counter to that spirit.

GEO defines culture as “the collective behaviors and underlying assumptions of an organization.”

GEO is focusing on culture because of what we hear in our conversations with foundation leaders, staff, board members and nonprofits across the country. People at all levels in their organizations regularly tell us how an unproductive culture can get in the way of what their foundations have the capacity and the potential to achieve. They share that successful grantmaking — grantmaking that supports nonprofits to achieve meaningful results — requires more than a great strategy and execution plan; it also requires an intentional focus on culture.

These voices from philanthropy and the social sector are not alone in identifying culture as an often-neglected yet critical factor in an organization’s success. In a study released by Duke University and Columbia University in 2015, the majority of 1,800 CEOs and CFOs interviewed around the world indicated that culture is key in whether an organization thrives and succeeds in reaching its goals. In 2013, PriceWaterhouseCoopers released a report examining how culture enables organizational change, and 84% of respondents indicated that culture is critically important.

How We Shape Culture

Why is organizational culture so important? Because it is transmitted in every interaction and communication inside and outside a foundation’s walls. It affects how staff and board members relate to and interact with each other as well as with nonprofits and external partners. It’s embedded in our grant application processes and reporting requirements, the content on our websites and social media feeds, and the design of our meetings and convenings. Whether we are intentional about it or not, our organization’s culture has broad ripple effects.

In addition, culture work should always be grounded in and aligned with your goals. Thinking about and working on organizational culture often can feel overwhelming – like there’s so much to tackle – and you don’t know where to begin. Identifying an organizational goal and thinking critically about how culture helps or hinders that goal gives us a place to start with this work that is both specific and achievable.

As part of GEO’s ongoing work on culture, we’ve conducted interviews with grantmakers from around the country and – while everyone’s culture journey is different – there are some common phases of culture work that most organizations go through. GEO has broken the work of shaping culture into four primary phases.

The phases are the following:

  • Understand. Consider the ingrained behaviors, assumptions and values that drive our daily work and our interactions with nonprofits and other partners.
  • Assess. Explore how our current culture affects our ability to accelerate impact and support nonprofits to be successful.
  • Shift. Engage board and staff to take action to create a culture that will make our organization and nonprofits more successful.
  • Tend. Keep a sustained focus on strengthening culture so we can achieve our mission and goals.

In many cases, culture work is not linear – you can move back and forth between the phases at any time. You may be hard at work trying to shift an element of your culture only to realize that you actually need to spend some more time understanding it. Just because you have moved from one phase to another does not mean work related to that phase is over – in some ways you’ll always be working to understand, assess, shift and tend to culture. But these phases are indicative of where the majority of organizational resources and energy are being directed.

For grantmakers who are new to culture work, or who recognize that their cultures aren’t all they need to be but aren’t sure what to do about it, the act of naming and prioritizing culture is the key first step to shifting culture. It provides the spark for collective work involving staff, trustees, nonprofits and others to assess the current culture of our organizations, explore the degree to which that culture is aligned with our values and strategies, and think about what the best culture might be for us and how we can get there together.

The following sections of this guide provide more perspective on each of these phases. We encourage you to explore these resources and to choose the tools that will help you build the culture that will best support you to achieve your goals.

Three Guiding Principles for Funding and Innovating in the Social Sector

Almost a year ago I wrote about how open innovation can help create a new operating system for the social sector. The piece focuses on learnings from the BridgeBuilder Challenge, a multi-challenge partnership between OpenIDEO – IDEO’s open innovation practice – and GHR Foundation to find solutions for global challenges at the intersection of peace, prosperity, and the planet. A year later, the first of three $1M BridgeBuilder Challenges is complete and the second is currently underway. In this time, we’ve learned a tremendous amount and are applying these lessons to continuously improve the program. To help guide ourselves and others in the social sector, we’ve extracted three overarching principles to guide our work and partnerships with funders in the social sector for years to come.

Rede Temática de Grantmaking é lançada no Congresso GIFE

O fortalecimento do grantmaking é ainda um grande desafio no setor privado. Se por um lado a consciência sobre a importância do apoio a sociedade civil parece ser cada vez maior, nos últimos anos o volume do investimento tem refletido o contrário.

Com o objetivo de pensar novas formas de grantmaking e novas estratégias, como também em que medida os investidores sociais precisam rever suas formas de se relacionar com as OSCs, e em que medida as OSCs precisam rever suas estratégias de atuação e de relação com potenciais investidores, o X Congresso GIFE promoveu a mesa de debate Cultura de doação e grantmaking: superando barreiras para um país mais doador.

A atividade contou com a participação de Angela Dannemann, do Itaú Social; Inês Mindlin Lafer, do Instituto Betty e Jacob Lafer; Rodrigo Alvarez, da Mobiliza; e mediação de Georgia Pessoa, do Instituto Humanize.

Dados do último Censo GIFE apontam que, dos R$ 2,9 bilhões investidos, 60% foram aportados em ações e programas dos próprios associados, sendo que 21% foi investido em ações e patrocínios de iniciativas de terceiros. Comparativamente à edição anterior do Censo, o valor doado diminuiu, e o recurso está mais pulverizado, há um maior número de OSCs sendo apoiadas.

“Tivemos um crescimento, ao longo dos anos, de fundações e institutos que poderiam ser doadores intensificando seus próprios projetos, buscando segurança no que fazem. Mas, fazendo isso, a gente amplia a desigualdade. Somos avessos ao risco. Precisamos reconhecer a inegável legitimidade das organizações nos territórios onde trabalham. E elas não conhecem o suficiente impacto e indicadores para nos mostrar resultados. Precisamos verificar que a junção de olhares e ações podem vencer os desafios. Gerar trocas e aprendizagem. E isso é importante para o desenvolvimento conjunto, não só das organizações apoiadas, mas de nós, fundações, que estamos sentados muito longe das causas e precisamos aprender a lidar com elas”, aponta Angela Dannemman.

Dentre os desafios colocados por Angela está o investimento estratégico, a filantropia de risco. Deixar de ter medo de trabalhar e investir como um todo e apoiar as OSCs em sua totalidade, saindo da lógica de projeto. “Ao vencer esse risco, é preciso gerar com eles planos de desenvolvimento institucional, com planejamento em recursos financeiros e não financeiros, em diálogo, a partir de critérios. Ampliar o tempo de apoio financeiro. Por que como é possível conseguir tocar uma ação planejada, por exemplo, sem ter equipe remunerada para realizar um planejamento de modo sustentado e permanente? Sem ter recursos para investir em tecnologia e infraestrutura? As OSCs são organizações como nós. Somos grandes e temos muito recurso. Eles são pequenos e não têm recursos. Eles têm para nos oferecer o território, a prática com a comunidade. Temos muito a trocar”.

A experiência do Itaú Social com investimento estratégico a partir de convites a diferentes OSCs é citada por ela como um passo nesse sentido. “Estamos desenvolvendo essa metodologia. A partir de uma carta convite, enviada a 44 organizações no ano passado, buscamos um investimento que olha para elas com mais amplitude. Vamos fazer ciclos de seleção a cada dois anos. Temos que pensar esse tipo de apoio. Precisamos ter grantmaking diversificado. Continuar apoiando projetos, mas também promover apoios mais amplos às OSCs. E precisamos ter uma visão do que está acontecendo no país, não só no eixo Rio-São Paulo”.

O Instituto Betty e Jacob Lafer, que direciona recursos para projetos desenvolvidos e executados por OSCs que são referência em causas ‘áridas’, como justiça criminal, por exemplo, tem como premissa ser doador e fortalecer organizações com vistas a uma sociedade mais democrática, com diversidade de ideias e soluções. “A gente fala muito de cultura de doação, mas nessa área de direitos humanos, de fortalecimento da democracia, acho que a gente não usa a mensagem adequada. Temos a tendência de dizer que é bom doar, porque doar faz bem, mas isso não é argumento que convença ou fidelize a pessoa na doação”, diz Inês Mindlin Lafer. “Uma maneira de mobilizar o doador é gerar uma sensação de pertencimento. Para a gente, que é dessa área, uma coisa que choca, mas que faz sentido, é entender que a doação da pessoa física é um ato de consumo. A pessoa escolhe doar ao invés de gastar com outra coisa”.

Para Rodrigo Alvarez, da Mobiliza, a maioria das OSCs, se perguntada sobre qual o principal problema enfrentado, apontará falta de recurso. “Todas vão atrás de conhecimento técnico para captar recursos. E vão atrás de duas informações: onde estão os recursos e como fazer para acessá-los. Mas há níveis mais profundos de reflexão que uma organização precisa fazer, sob o risco de obter a resposta para essas duas perguntas, mas não conseguir acessar o recurso. Ela precisa de relações com seu público, tentar entender o que move a pessoa a ser um doador. Esse campo do meio é o campo da comunicação, da construção das relações entre essa organização e o mundo externo. As organizações ficam olhando para fora, achando que o recurso está lá, sem se dar conta de que o recurso está aqui dentro. É compreensível, porque elas estão, na maioria das vezes, vendendo almoço para comprar a janta. Não têm tempo para pensar e fortalecer a própria identidade, e assim vão fortalecendo um ciclo de escassez”.

Rodrigo lembra o histórico de atuação das OSCs, fundamentais para a Constituição de 88, destacando que essas organizações não eram financiadas pela sociedade civil, mas muitas por organizações internacionais. Os resultados gerados foram sem dúvida importantes, mas ele aponta que elas foram, ao longo do tempo, desaprendendo a se relacionar com a sociedade brasileira, que essa relação não é algo simples de ser retomado.

Por fim, ele levantou o tema da coragem para o risco, apostando que esta deve ser uma ponte entre as instituições, dos doadores institucionais e individuais. “Eu diria para qualquer financiador que há pelo menos quatro tipos de recursos que precisam ser alocados para as OSCs: capital financeiro; captação e formação de fôlego, de longo prazo; assistência técnica; atração de novos talentos”, completa.

Lançamento da rede

Para debater estas e outras questões relacionadas a esse universo de ampliação de cultura de doação e temas relacionados, foi lançada, durante o X Congresso GIFE, a Rede Temática de Grantmaking, coordenada pelo Instituto Humanize e pela Fundação Lemann.

“A ideia é que essa Rede Temática seja um lugar para a gente trocar e aprender. Ela surge de uma vontade coletiva, de alguns associados do GIFE, de acelerar o processo de aprendizado. E melhorar a compreensão desses temas, tanto para dentro como para fora. Acho que o intuito maior desse grupo é refletir como que a gente, coletivamente, dá conta desses desafios do Brasil. Como é que a doação conversa com gestão pública eficiente, com fortalecimento da sociedade civil como vigilante dessa política pública. Como temas mais áridos, ligados, por exemplo, à agenda de direitos humanos, podem ser tratados de modo mais organizado entre doadores, e como isso pode se refletir numa ação mais integrada e mais eficaz de relação com as OSCs”, diz Georgia Pessoa.

Iniciativas indicam caminhos e apontam tendências para fortalecer a cultura de doação no país

É fato que o fortalecimento das organizações da sociedade civil (OSCs) é fundamental para a construção da democracia e a garantia de direitos, tão essenciais para população. Porém, um dos principais desafios hoje colocados às OSC para que continuem exercendo seu papel a longo prazo e de forma autônoma é a sua capacidade de sustentabilidade econômica. Além dos recursos públicos, o financiamento privado, isto é, angariado por meio de doações da própria sociedade constitui-se em uma das principais formas de sustentabilidade das OSC.

A Pesquisa Doação Brasil, realizada pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), identificou que o Brasil é um país doador. Estima-se que, em 2015, foram doados R$ 13,7 bilhões por pessoas físicas a organizações socioambientais. Porém, embora sejam números significativos, existe um enorme potencial para o fortalecimento da cultura de doação no Brasil e, portanto, do fomento às doações, tendo em vista que elas representam apenas 0,23% do PIB (Produto Interno Bruto).

Este potencial de doação também precisa ser ampliado a partir do apoio dos investidores sociais às organizações. O Censo GIFE identificou, porém, que do total investido em 2016 dos associados (R$ 2,9 bilhões), 60% foi investido em programas e ações próprios e 21% em doações e patrocínios de iniciativas de terceiros, o que equivale a R$ 595 milhões, 33% menos que em 2014. Por outro lado, 78% dos investidores sociais disseram que pretendem manter ou aumentar os níveis de apoio às OSCs, além de haver aumentado o número de organizações que apoiam organizações da sociedade civil por acreditar ser parte da finalidade do investimento social contribuir para seu fortalecimento e sustentabilidade (de 21% para 35%).

Para trazer estas discussões à tona e pensar em novas formas de expansão da doação, o X Congresso GIFE, a ser realizado de 4 a 6 de abril, em São Paulo, terá uma série de mesas a respeito do tema. No dia 05, às 9h, por exemplo, a discussão será sobre Cultura de doação e grantmaking: superando barreiras para um país mais doador”, com a participação de Angela Dannemann, superintendente da Fundação Itaú Social; Rodrigo Alvarez, diretor da consultoria Mobiliza; Inês Mindlin Lafer, presidente do Instituto Betty e Jacob Lafer; com mediação de Georgia Pessoa, do Humanize.

A proposta será debater a respeito das estratégias que precisam ser implementadas e as novas formas de relacionamento entre OSC e potenciais investidores para que mais recursos cheguem ao campo.

Na opinião de Rodrigo Alvarez, as organizações precisam olhar com atenção o seu planejamento em captação de recursos e repensar sua forma de atuar e de se financiar. “Na forma de atuação, precisam parar de pensar em se manter e passar a pensar nos resultados reais que estão entregando para a sociedade, como resolver melhor os problemas sociais. No seu modelo de financiamento, precisam diversificar suas receitas e incorporar, quando fizer sentido, modalidades de geração de receita própria. Organizações com modalidades híbridas de receitas, desde que não comprometam seu propósito, tendem a ser mais fortes e autônomas”, acredita Alvarez.

Outro ponto fundamental apontado pelo especialista é a necessidade das OSCs abrirem mais canais de diálogo e participação com a sociedade, a fim de que as pessoas compreendam de fato a profundidade e complexidade dos problemas com os quais as organizações trabalham e, com isso, se motivem a apoiá-las. “Por isso a necessidade também de melhorar a comunicação das OSCs, tornando-a mais simples e mobilizadora. Para além disso, há os incentivos fiscais e a melhoria do ambiente regulatório”, destaca o diretor da Mobiliza.

Esse aspecto da comunicação, inclusive, será um dos pontos a serem abordados ao longo da mesa de debate por Inês Lafer. O Instituto, em parceria com outras organizações, tem se dedicado a compreender melhor quais aspectos são importantes de constarem nas mensagens e na comunicação das OSC para atingir um público potencial de doadores, com mais recursos para fazer doações de médio porte.

A ideia é pensar em estratégias de marketing e mobilização deste público que não é ainda acessado por grande parte das OSCs, fomentando, principalmente as doações de pessoas físicas para causas pouco apoiadas pelos investidores sociais, como política, direitos humanos etc.

“Falamos muito de cultura de doação, mas não de captação de recursos. Precisamos entender se a maneira como as OSC estão convocando as pessoas para doar é a forma correta. Esse ‘chamado’ precisa ser prazeroso e não uma cobrança. Precisamos pensar em como usar melhor as ferramentas de marketing para convencer possíveis doadores médios”, acredita Inês.

Hoje, o Instituto Betty e Jacob Lafer se configura com um grantmaking, e todo o recurso é direcionado para projetos desenvolvidos e executados por organizações da sociedade civil que são referência em causas ditas áridas, como justiça criminal, por exemplo.

“Escolhemos desde o início ser doadores e fortalecer as organizações para termos uma sociedade mais democrática, com diversidade de ideias e soluções. Assim, direcionamos os recursos para que elas possam desenvolver seus programas. Agora, cada investidor precisa entender a sua vocação e as expectativas dos mantenedores, seus objetivos etc., para definir se vão ser grantmaking ou também desenvolver seus projetos. Depende muito do que se quer fazer. A única questão é que não pode deixar de ser financiador porque desconfia dessa relação com as organizações da sociedade civil”, aponta.

Segundo Inês, o que colaborou neste relacionamento com as OSCs foi a escolha das parceiras, ou seja, o Instituto optou por apoiar organizações com capacidade institucional e estabeleceu um espaço de diálogo constante, de proximidade, para diminuir os possíveis ruídos. “O que ocorre, muitas vezes, é a linguagem entre investidores e organizações não ser a mesma. Muitos gestores que estão à frente desse relacionamento com as OSCs não têm tanta experiência no setor, e a lógica de gestão e o que espera de resultados é diferente. E é aí que, muitas vezes, ocorre o conflito. Precisamos superar e melhorar essa relação”, aponta.

Oportunidades e desafios

A conversa sobre sustentabilidade, cultura de doação e democracia continua em outras atividades do Congresso GIFE. Também no dia 5, às 16h30, como parte da programação aberta ao público, Ana Valéria Araújo, do Fundo Brasil de Direitos Humanos, e Eduardo Pannunzio, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), estarão à frente do debate coletivo “Sustentabilidade e fortalecimento da sociedade civil”.

A proposta será discutir a importância de se criar um ambiente regulatório que facilite e fomente o financiamento das organizações por meio das doações. Os especialistas irão refletir sobre questões como: Quais os entraves regulatórios que as organizações enfrentam para ampliação dos seus recursos? Como as organizações têm lidado com esses desafios? Quais mudanças legislativas podem favorecer concretamente a sustentabilidade econômica das OSCs?

Na sequência, a partir das 18h30, mais dois painéis abertos ao público tratarão sobre o assunto. O primeiro focará em cultura de doação, com a proposta de apresentar iniciativas que, de modos diferentes e complementares, atuam no campo para promover o tema, visto que criam um ambiente mais favorável e motivante para que todos os brasileiros se envolvam com causas e queiram destinar recursos a elas.

Na ocasião, o IDIS irá apresentar o estudo da CAF (Charities Aid Foundation) sobre o potencial transformador da doação da classe média até 2030, e a Conectas irá compartilhar a pesquisa sobre o perfil social, demográfico e comportamental do doador médio brasileiro para causas de direitos humanos.

Já João Paulo Vergueiro, diretor da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), compartilhará com o público presente o andamento das discussões sobre a criação do Marco Bancário da Doação, que visa promover a normatização da doação junto ao sistema bancário para que a doação seja reconhecida como uma transação financeira distinta das transações comerciais.

No painel, estarão ainda presentes Nina Valentini, presidente do Movimento Arredondar, que irá falar sobre a iniciativa de arredondamento em plataforma de e-commerce, e Rodrigo Bueno, sócio-diretor da consultoria Estúdio Cais, irá apresentar o projeto Viralize, que busca conectar a audiência presente na internet, por meio de influenciadores digitais, a causas e projetos que precisam de financiamento.

Simultaneamente a este debate, outro painel irá discutir sobre gestão institucional e acesso a recursos, com a presença de iniciativas como a Captamos, Rede de Filantropia e Justiça Social e Nexo Investimento Social.

Confira

Como esquenta para o Congresso GIFE, uma série de webnars foram realizados trazendo temas que seriam desdobrados no evento. O debate “Doações filantrópicas: é preciso tributá-las” contou com Eduardo Pannunzio e Aline Viotto e trouxe dados sobre o ITCMD e seu funcionamento. Confira:

Brasil precisa mudar tributação de organizações para ampliar doação no país

O Brasil vive hoje um ambiente de desincentivo às doações e de atraso frente a outros países que buscam fortalecer a atuação das organizações da sociedade civil (OSC), fundamentais para a garantia de direitos e o desenvolvimento da democracia. Essa é a análise de Eduardo Pannunzio, advogado, especialista em terceiro setor e pesquisador da FGV Direito São Paulo, que participou do último debate online antes do X Congresso GIFE, com o tema: “Doações filantrópicas: é preciso tributá-las?

O assunto tem ganhado cada vez mais espaço na agenda de discussões do GIFE, principalmente com a realização do projeto Sustentabilidade Econômica das Organizações da Sociedade Civil, realizado pelo GIFE e pela Coordenadoria de Pesquisa Jurídica Aplicada (CPJA) da FGV Direito São Paulo, em parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisas Aplicadas) e com apoio da União Europeia, Fundação Lemann, Instituto Arapyaú e Instituto C&A.

Aline Viotto, coordenadora de Advocacy do GIFE, iniciou o debate lembrando a importância de se discutir o tema diante do contexto atual de ameaça à sustentabilidade das OSC, com escassez de recursos públicos disponíveis para as organizações, redução de financiamento internacional e necessidade de se ampliar a cultura de doação da sociedade civil. “Uma das dimensões para ampliarmos as doações é justamente criarmos um ambiente regulatório favorável para tal. O projeto Sustenta tem essa perspectiva, a fim de que as regulações tragam e facilitem as doações e, assim, possamos ampliar os recursos para as OSC”, comentou.

Mas, afinal, como é o ambiente regulatório atual? O pesquisador da FGV elencou alguns aspectos fundamentais referentes ao ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação) e que tornam o cenário atual ainda complexo, confuso e burocrático para as organizações que querem seguir a legislação.

9 Strategic (and Inexpensive!) Ways Funders Can Support Grantee Staff

Nonprofits tend to sink or swim based not on mission and funding alone, but on the talents of employees. Keeping good employees and equipping them for the work is one of the critical challenges frequently cited by nonprofit leaders, yet funders tend to invest much less in the “people” aspects of nonprofit organizations than they do in other areas. Businesses spend four times as much per person on leadership development as nonprofits, and according to Foundation Center grant data from 1992-2011, less than 1 percent of foundation grant dollars are invested in developing the nonprofit workforce.

Uso de ferramentas online pode potencializar doações se for pautado pela transparência

O uso de ferramentas digitais e de narrativas baseadas em dados pode ser aliado do fortalecimento e sustentabilidade financeira das organizações da sociedade civil. Entretanto, grande parte das organizações acredita que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) contribuem pouco ou não contribuem para aumentar a captação de recursos. É o que aponta a 3ª edição da pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos (TIC OSFIL 2016), realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil.

Realizada entre maio e setembro de 2016, a pesquisa investiga a existência de infraestrutura de TICs e o seu uso pelas OSCs brasileiras. Mapeia também as capacidades e habilidades acumuladas nas entidades em relação às TICs. Ao todo, foram entrevistadas 4.001 organizações de diversos segmentos, tais como associações patronais, profissionais e sindicais e entidades ligadas às áreas de saúde e assistência social, educação e pesquisa, religião, desenvolvimento e defesa de direitos, dentre outras.

Grants Management Professional Competency Model

As a grants management professional, you need to be an expert in your work to help your grantseekers succeed. Your ability to connect the dots across knowledge, relationships, and systems is critical to improving grantmaking decisions. Be a champion for good practices in your organization.

PEAK Grantmaking’s Grants Management Professional Competency Model defines the professional knowledge, skills, and abilities expected of grants management professionals, like you, regardless of your area of specialization, the size of your organization, or your role within the field. By identifying both the functional responsibilities and the knowledge needed for success in every area of grants management, the competencies provide a comprehensive look at the profession. This model offers everyone working in grants management a pathway to professional success.

Grant Reporting: The Current State of Practice

Grant reports are a fact of life for funders and nonprofits. Generally structured as written narratives and detailed financial information, they serve variously as an accountability mechanism, a trigger for the release of the next round of funding, a way to document past activity, and a source of data and stories. At their best, grant reports are a platform for building relationships and making decisions, whether about an individual grantee or about overall grantmaking strategy. While there is a nearly universal belief that grant reports are necessary, there is far less agreement about frequency and format, required elements, and uses (never mind, usefulness!).

Staying Connected: How Five Foundations Understand Those They Seek to Help

<em>Staying Connected: How Five Foundations Understand Those They Seek to Help</em> profiles five foundations ranked among the top 15 percent of foundations that commissioned a <a href=”https://cep.org/assessments/grantee-and-applicant-perception-reports-3/” target=”_blank” rel=”noopener noreferrer”>Grantee Perception Report</a> (GPR) between 2016 and 2017 when it comes to how their grantees rated them on questions related to their understanding of intended beneficiaries’ needs. The work of these five foundations seeks to help beneficiaries in a range of focus areas — from students to children and adults in need of affordable health care.

Relationships Matter: Program Officers, Grantees, and the Keys to Success

Relationships Matter: Program Officers, Grantees, and the Keys to Success sheds light on what constitutes a strong funder–grantee relationship, what nonprofits say it takes for funders to foster such relationships, and the crucial role that program officers play in the equation.

The report finds that in the eyes of nonprofits, the most powerful ways that funders can strengthen their relationships with grantees are to: 1) focus on understanding grantee organizations and the context in which they work; and 2) be transparent with grantees. Less powerful, but still important to forming strong relationships, are the experiences grantees have during the selection process and how open they find funders to be to their ideas about the foundation’s strategy.

It’s time to address power in philanthropy

It’s time to address power in philanthropy

The Trust-Based Philanthropy Project reimagines traditional funder-grantee relationships. We work with foundations to create a philanthropic ecosystem that is trust-based. We build and curate the tools and resources to engage grantmakers around ways to embody this approach, and why it matters. And we invite others to join us by connecting new and experienced practitioners to learn from each other and help grow their trust-based muscles.

Core to this work are six key principles that put trust-based values into action

Iniciativas fortalecem credibilidade das organizações da sociedade civil para incentivar mais doações no país

Duas iniciativas têm colaborado para trazer ainda mais credibilidade e ressaltar o importante papel desempenhado pelas organizações da sociedade civil no país, ajudando, assim, a também garantir que mais doadores apostem em suas causas e ampliem as contribuições para sua sustentabilidade financeira.

Uma delas é o Prêmio “Melhores ONGs Época Doar”, que está com inscrições abertas para a edição de 2018 até o dia 15 de fevereiro. A premiação, promovida pelo Instituto Doar em parceria com a revista ÉPOCA, teve neste ano mais de 1500 inscrições de organizações da sociedade civil, sendo que 100 delas foram reconhecidas e passaram a fazer parte do Guia Melhores ONGs (clique aqui para conhecê-las). A publicação ajuda a orientar as pessoas na hora de decidir que instituição merece sua contribuição, além de construir referenciais para o setor e incentivar a cultura de doação entre a população.

Podem participar da seleção ONGs de qualquer setor e porte do país que dependam de financiamento externo, como apoio institucional de empresas, de fundos ou de doadores individuais. Fundações e institutos de empresas estão fora do escopo do guia, pois não são dependentes de contribuições externas, além de terem boas práticas de gestão já incorporadas.

Para orientar as organizações (veja o regulamento), o processo contempla um questionário, que avalia o trabalho das OSC em cinco temas: Causa e estratégia de atuação; Representação e Responsabilidade; Gestão e Planejamento; Estratégia de Financiamento; e Comunicação e Prestação de Contas.

Na edição de 2018, o processo de seleção contará com um novo modelo, com duas fases. Na primeira etapa, as OSC deverão preencher um formulário com perguntas mais gerais, sendo que algumas são eliminatórias. A proposta é que passem para a segunda fase cerca de 300 a 500 semifinalistas. Nesta etapa, as concorrentes deverão apresentar documentos comprobatórios, além de terem de cumprir critérios a partir de respostas mais complexas no questionário, sendo analisadas pelo comitê de avaliação. A seleção contará com o apoio da Junior Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Na avaliação de Marcelo Estraviz, fundador do Instituto Doar, o processo de participação na premiação se torna um momento de autoavaliação das OSC e a possibilidade de repensar processos e planejamento para conquistar mais doadores.

“Inscrever-se é a forma de descobrir quais são os critérios que a sociedade considera importante para decidir apoiar uma organização. Em relação à transparência, por exemplo, há um conjunto de critérios que podem ser resolvidos facilmente, bastando publicar no site itens que o potencial apoiador quer ver e conhecer, como o estatuto social, algo que muitas não faziam até então. Já em relação à gestão, percebemos que as ‘Melhores ONGs’ da edição passada têm processos estruturados de planejamento estratégico, plano de captação, plano anual etc. É assim que elas se destacam”, ressalta.

Segundo o fundador do Instituto Doar, é nítido que a primeira edição da premiação, em 2017, gerou um movimento no setor e um retorno positivo para as OSC vencedoras, que passaram a disseminar em seus materiais de comunicação o selo conquistado.

“Vimos neste movimento a necessidade latente de se mostrar importante e reconhecidas por terceiros. Sabíamos que cumpriríamos essa função, mas não esperávamos tamanho engajamento. Além disso, estamos desenvolvendo uma pesquisa sobre os resultados de ampliação de recursos e reputação na comunidade. O que temos já ouvido é que claramente as organizações são mais conhecidas e que os resultados financeiros começam a chegar, quando se posicionam. A nosso ver é cedo ainda para a análise, mas podemos afirmar que, sem dúvida, esse aumento de autoestima reflete principalmente no agir na busca de aliados e apoiadores”, acredita Estraviz.

Resultados a comemorar

Outra ação que vem dar visibilidade às OSC e convidar que mais pessoas passem a direcionar recursos para o trabalho das organizações é o Dia de Doar que, neste ano, foi comemorado em 28 de novembro. Esta nova edição, prova que, a cada ano, mais pessoas se engajam no movimento e já se sensibilizam com a proposta.

João Paulo Vergueiro, diretor da Associação Brasileira de Captadores de Recursos e articulador do Movimento por uma Cultura de Doação, destaca que os primeiros levantamentos produzidos mostram que o #diadedoar em 2017 evoluiu bastante, a partir de vários indicadores.

Em 2016, por exemplo, 78% das participações vieram apenas de três Estados. Nesta edição, foram registradas ações em São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná, Bahia, Rio Grande do Norte, entre outros. A campanha alcançou, inclusive, cidades e capitais distantes do eixo Rio-São Paulo, como Porto Velho (RO) e Rondonópolis (MT).

A edição deste ano cresceu 62% em relação ao ano de 2016, quando avaliado o seu impacto nas mídias sociais, alcançando 16 milhões e 800 mil pessoas nas três mídias avaliadas: Facebook, Instagram e Twitter. Em São Paulo, por algumas horas, o #diadedoar chegou a aparecer na lista das hashtags mais mencionadas do dia 28 de novembro.

A campanha também contou com muitas grandes empresas se engajando, como Central de Intercâmbio, IBM e Smiles; várias celebridades se manifestando a favor da doação, como Edson Celulari, Letícia Spiller e Marcelo Tas; além de inúmeras cidades, em todo o país, que desenvolveram campanhas locais de incentivo à doação.

No site do #diadedoar, foram cadastradas mais de 200 ações, além de tantas outras espalhadas pelo país que não foram registradas na plataforma, mas ganharam visibilidade via reportagens e posts nas redes sociais.

A cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, por exemplo, aprovou na Câmara Municipal, no dia 30 de novembro, apenas dois dias depois da edição 2017 do #diadedoar, o projeto de lei nº 228/2017, do vereador Péricles Régis Mendonça de Lima, formalizando, por meio de lei municipal, a celebração do #diadedoar.

Segundo João Paulo, a expectativa é que esta edição também traga um crescimento das doações – os resultados finais ainda estão sendo computados –, a contar com o que já foi relatado pelas OSCs. Uma das plataformas de doação, a Juntos.com.vc, por exemplo, processou três vezes mais doações esse ano em relação a 2016.

“Estamos muito empolgados com esses resultados. O #diadedoar ainda é uma campanha pequena perto do seu potencial, mas tem crescido vigorosamente. As organizações da sociedade civil já aderiram, e trabalhamos para engajar cada vez mais setores da sociedade. Tudo isso é inspirador, e em 2018 será ainda maior”, ressalta.

Benchmarking Program Officer Roles and Responsibilities

The role of the program officer at foundations is one of great importance. This is not news to the thousands of nonprofit organizations relying on program officers for crucial information, guidance, and funding. Yet, we know relatively little about the role that program officers play at foundations and with nonprofits. What are the backgrounds and experiences of program officers? What are the job responsibilities on which they spend the most time? How do they view their relationships with grantees? In the following pages, we share the results of a survey we conducted, in mid-2016, to gain a better understanding of the role of the program officer. We sent surveys to over 300 program officers who we randomly selected from foundations that give at least $5 million annually. We received responses from 150 individuals for a response rate of 48 percent.

Time to Reboot Grantmaking

Social sector organizations need a “healthy diet” of funding to achieve maximum impact, a concept neatly captured by the Grantmaking Pyramid now used by the Ford Foundation.

Communities in Schools (CIS) is the largest and most effective US organization dedicated to keeping disadvantaged kids in school and helping them succeed in life. Founded in the 1970s, today CIS serves 1.5 million students in 25 states and the District of Columbia. Some 91 percent of these students graduate from high school, a success rate that has earned CIS widespread acclaim. Yet, in the early 2000s, CIS found out the hard way that grant-fueled growth does not ensure operational efficiency or financial health. Just the opposite.

What’s Your Operating Capabilities Approach?

This infographic is part of GrantCraft’s Leadership Series paper Frameworks for Private Foundations: A New Model for Impactproduced in partnership with Rockefeller Philanthropy Advisors, which explores the core frameworks that shape private foundations, and offers a roadmap for funders interested in reflecting on these frameworks to better align purpose, public benefit, and action.

To optimize their overall performance to meet emerging challenges and opportunities, many foundation leaders are taking a hard look at their organizations’ operating capabilities—and navigating a variety of tensions. These tensions fall across six critical dimensions, all of which are interrelated. How a foundation approaches each of these capabilities may be considered as a point along a spectrum, as illustrated in this infographic.  For more information on the Theory of the Foundation click here.

The Future of Family Philanthropy: Predicting and Preparing

There is little dispute that philanthropy is undergoing a profound change. Traditional foundation grantmaking, and giving from perpetually endowed advised funds, are now just two options among a growing array of methods that family donors and social entrepreneurs can use to create impact. New organizational forms, new types of social investment, and new collaborations are part of an ambitious, boundary-blurring experiment in innovation for good. While many family donors are wary of these new approaches, looking for more information before venturing into the new spaces, others have become pioneers and are eager to share their experiences.

Sharing What Matters: Foundation Transparency

To better understand transparency in philanthropy — both its meaning and the current state of practice among foundations — CEP analyzed survey data from 145 foundation CEOs and more than 15,000 grantees and systematically reviewed more than 70 foundation websites. This report reveals that funders see grantees as the primary audiences for their transparency efforts, and both foundations and grantees believe transparency about the substance of foundation work, rather than about financial disclosures or governance, matters most to effectiveness.

¿Que es el fortalecimiento institucional?

El fortalecimiento institucional consiste fundamentalmente en la mejora de la eficiencia y la eficacia, principalmente a nivel organizacional. El término a veces se usa indistintamente con otros términos como desarrollo organizacional, desarrollo institucional y financiamiento. Es a la vez un verbo (la acción de crear la eficacia, a menudo mediante la mejora de capacidades organizativas específicas, tales como la infraestructura, operaciones, salud financiera, y programas) y un sustantivo (el resultado de una mayor atención a la eficacia).

En esta guía nos centramos tanto en la acción y en lo que resulta cuando las fundaciones donantes y las organizaciones sociales beneficiarias a las cuales apoyan, trabajan en conjunto para fortalecer la efectividad de las organizaciones.

Philanthropy and the Social Economy: Blueprint 2016

“Philanthropy and the Social Economy: Blueprint 2016” is an annual industry forecast about the ways we use private resources for public benefit. Each year, the Blueprint provides an overview of the current landscape, points to major trends, and directs your attention to horizons where you can expect some important breakthroughs in the coming year.

Recursos privados para fins públicos: as grantmakers brasileiras

A oportunidade de realização da pesquisa surge em um momento ricopara ambas as organizações. O GIFE se fortalece como ator relevante no universo do investimento social privado no Brasil e vem se constituindo como uma organização que produz e dissemina conhecimentos sobre esse tema. Simultaneamente, impulsiona a relação com o Synergos Institute, que fortalece seus laços com o Brasil.
O estudo das grantmakers no Brasil faz parte de uma pesquisa comparativa sobre este tema realizada pelo Synergos Institute em diversos países, dentre os quais duas nações latino-americanas: Equador e México. Embora um dos produtos da pesquisa seja a geração de um perfil organizacional de cada grantmaker mapeada, o estudo não se propõe ser um novo diretório de entidades financiadoras para ser utilizado por quem busca recursos para seu projeto ou instituição.

What Mindset is Needed to Support Collaboration?

Throughout history, social change has been possible only through the contributions and dedication of many people and organizations connected in tight and loose groups. Recognizing that operating within the confines of a single organization is often insufficient to create widespread, lasting change, grantmakers are adopting a different mindset that helps them see and do their work as part of larger, more diverse and powerful efforts. However, this mindset is different from how some foundations currently operate. It means valuing connectedness, shared ownership and openness. This piece introduces how we might shift from a traditional mindset to a more collaborative mindset, to think and act beyond the boundaries of our foundations to make progress on complex social problems.

Getting Inside the Story: Ethnographic Approaches to Evaluation

To get insight into a complex community, problem or process of change, sometimes you need to look beyond conventional research or evaluation methods. Ethnography is a powerful way to step inside the culture of an organization or community, hear ongoing feedback from multiple points of view, and understand a program’s real impact. In this guide, learn about ethnography’s benefits and pitfalls, and see how grantmakers use the method to document, evaluate and improve approaches to youth engagement, HIV education and neighborhood policing.
This guide is part of a series on evaluation techniques.

What Roles Can Grantmakers Play in Supporting Networks?

Grantmakers of all kinds care about tangible progress on tough problems, but we also seek harder-to-measure results. Networks for social change can help on both of these fronts, building new capacity for making progress on complex problems and achieving significant measurable results. Tapping into network connections is becoming the norm for social change makers, whether we’re mapping influential relationships for an advocacy campaign, coordinating a protest to fight climate change or spreading an approach to community engagement. For funders, supporting and investing in networks is a prerequisite for remaining relevant in a world of fast moving information and ideas and tackling persistent, complex problems. This piece introduces the value of networks for making progress on complex problems, along with typical roles that funders play in networks, and it offers recommendations for investing in them most effectively.

What Are the Different Ways to Collaborate?

In the nonprofit sector there are various forms of collaboration, ranging in formality, actors and purposes. Some of the most common types of collaboration include networks, coalitions, movements, strategic alliances, strategic co-funding, public private partnerships and collective impact initiatives. It can sometimes be difficult to differentiate among them and know which might be the best fit for certain situations. This piece defines these forms and offers guidance for grantmakers on when to use each, along with examples and considerations.

While not an exhaustive list, the following table breaks down some of the most common forms of collaboration in the nonprofit sector and provides guidance on when to use it, examples and considerations. It is important to note that these types of collaboration are not mutually exclusive — a collaborative effort may include two or more types at once. Also, each of these entails some level of formality, although the degree of formality varies. Usually, less formal collaborations, partnerships and/or intentional relationship building are important precursors to more sustained forms of collaboration to build a baseline of trust and common understanding.

How Can Grantmakers Support Movements?

Today, many grantmakers recognize the role of social movements in advancing opportunity, well-being and justice for all people. And more grantmakers are making a shift from solely supporting individual organizations and programs to supporting the multiple organizations and intersecting networks that make up movements. Supporting movements — as investors, brokers, connectors, learners and influencers — is a key way grantmakers can collaborate with others and facilitate grantee collaboration to tackle pressing social problems.

How Can We Be More Supportive of Nonprofit Financial Sustainability?

Grantmakers can take a number of steps to ensure that the support we provide to grantees, and the policies and procedures connected to that support, enables nonprofits to effectively fulfill their missions. The goal, as described by Clara Miller, formerly of Nonprofit Finance Fund, should be to “create an enterprise that can reliably attract revenue and deliver quality program over the long term.”By listening to grantees, hearing from them directly about the types of support they need and understanding each nonprofit’s unique financial picture, grantmakers can provide support that is both impactful and contextual. Additionally, grantmakers can support effective nonprofits by streamlining application processes, partnering with other funders to pool resources and exploring a full range of financial models.

Council On Foundations: Stewardship Principles For Family Foundations

These principles, developed by the Council on Foundations, are guiding ideals that describe how family foundations can reflect in their governance, management and grantmaking, fundamental values, including honesty, integrity, fairness and respect. Each principle has practice options, which are specific courses of action by which a foundation may improve performance related to the principle.

Conflicts of Interest: Safeguarding Your Foundation

This statement of principles and practices outlines measures that foundations may take to improve transparency and accountability in finance, governance and grantmaking. Aimed at the members of the Council on Foundations, it is designed to encourage greater compliance and adherence to legal and expected standards of accountability. Resources include articles by the Council on Foundations and sample conflict of interest policies for community foundations, private foundations and corporate giving programs.

Evaluating Social Innovation

The philanthropic sector has been experimenting with innovative grantmaking in the hopes of triggering significant and sustainable change. FSG’s latest research report, collaboratively written with the Center for Evaluation Innovation, challenges grantmakers to explore the use of Developmental Evaluation when evaluating complex, dynamic, and emergent initiatives.

Listen, Learn, Lead: Grantmaker Practices That Support Nonprofit Results: Executive Summary

Identifies opportunities to strengthen grantmaking practices and extend grantee impact. Emphasizes a more collaborative approach that builds on the knowledge and experience of nonprofits, with a focus on improving the grantmaker-grantee relationship.

Doing Good Today and Better Tomorrow: A Roadmap to High Impact Philanthropy Through Outcome-Focused Grantmaking

Describes Hewlett’s experience with implementing the outcome-focused grantmaking (OFG) process in its environment program as a guide for identifying a portfolio of grants with maximum impact. Outlines trials and errors, recent innovations, and challenges.

Foundations for Civic Impact: Advocacy and Civic Engagement Toolkit for Private Foundations

Offers guidance for private foundations on supporting grantees’ policy and civic engagement activities, including rationale, rules for private foundations as grantmakers and as advocates, sample grantmaking materials, success stories, and resources.

Advancing Good Governance: How Grantmakers Invest in the Governance of Nonprofit Organizations

Over the last decade, growing numbers of nonprofit organizations and grantmakers have recognized the need for capacity-building in nonprofit organizations. In 2006, U.S. funding for capacity-building topped $1 billion — a 126% increase over 2000. Leadership capacity has received particular attention, but utilizing the board of directors has often been overlooked. Today, nonprofits and grantmakers are seeking to leverage the inherent assets of these governing groups. This report represents a revealing overview of nonprofit grantmaking in the new economy.

The Power to Produce Wonders: The Value of Family in Philanthropy

Based on two years of research, this new report from the National Center for Family Philanthropy is the first ever in-depth examination of the value of family philanthropy to the family, to communities and to democracy. This report is the culmination of a research and education initiative that sought the perspectives of 300 family philanthropy leaders through individual interviews, discussions at 14 regional symposia and sessions at a national symposium in Washington, DC.

The report covers a few key questions:
<ul>
<li>How does philanthropy add value to the lives of donors and their families?</li>
<li>How does philanthropy add value to the lives of donors and their families?</li>
<li>How does the personal participation of donors and family members add value to the giving process and, more importantly, to the results and impact of that philanthropy?</li>
<li>What challenges affect each philanthropic family’s capacity to be effective and trusted stewards of the resources they manage for the public good?</li>
<li>What value does family philanthropy represent as a component and reflection of the proper functioning of democracy and democratic institutions in the United States?</li>
</ul>

Evaluation As A Pathway to Learning

Informed by the work of the 2005 Evaluation Roundtable, this report examines current topics in philanthropic evaluation and showcases the evaluation approaches of several grantmakers, both large and small. It explores the link between evaluation and grantmaking and contains tips on how to incorporate a results orientatation into your organization’s work without making a large investment.

SEED Funds – A Powerful New Approach to Corporate Social Investment

As multinational companies strive to become truly “global,” they have begun to see the scourge of poverty, hunger and disease in developing countries as inescapable problems that they can and must help to solve. The traditional tools of corporate philanthropy, however, often seem unequal to this task. Typical corporate grantmaking rarely takes advantage of the company’s unique assets, expertise and infrastructure, severely limiting the social and business value created. Even the desired reputational benefits for the business can be as unsustainable as a photo op in yesterday’s newspaper. In short, traditional corporate philanthropy is akin to pumping air into a leaky tire — once you stop pumping, the tire will quickly deflate. New approaches have emerged, however, offering far more leveraged and sustainable solutions. One of the most powerful new ideas is the Corporate Small Enterprise Economic Development (SEED) Investment Fund — a term coined by FSG to describe the use of corporate funds and expertise to stimulate investment in for-profit enterprises that address social problems and foster economic development.

The Evaluation of Capacity Building Grants: Key Learnings for a Successful Program

Whether prompted by venture philanthropy, high engagement grantmaking, or a growing interest in nonprofit management, many foundations now have programs aimed at capacity building for their grantees. Grants from these programs are often highly targeted to meet the specific organizational needs of individual grantees. But how can a foundation get from the apples and oranges of individual grantee results to a succinct way of reporting overall program achievements? This was the question that the Maine Community Foundation (MCF) brought to FSG. Our analysis not only helped them evaluate their program, it also highlighted three basic lessons that can increase the likelihood of success for any capacity building initiative.

Foundations and Public Policy Grantmaking

Foundations trying to better leverage their influence and improve their impact increasingly are being urged to embrace advocacy and public policy grantmaking as a way to substantially enhance their results and advance their missions. In fact, public policy grantmaking has been described as “one of the most powerful tools available to foundations for creating real change.”1 The argument for public policy grantmaking is clear. Achieving large-scale and lasting results for individuals or communities — a goal linked to many foundation missions — typically cannot be accomplished with private resources alone. Often, it requires public investments and government directives. While a foundation might identify effective interventions, for example, and fund their implementation in several communities, larger and more sustainable funding sources are needed to scale up those interventions and broaden their impacts. Securing such commitments requires changes in public policies. This reasoning is persuasive. Yet to date, relatively few foundations have incorporated public policy into their grantmaking agendas. Although there is little doubt that the number of foundations moving in this direction has increased in recent years, foundations that make policy grants are still considered innovators among their peers. This paper is designed to inform how The James Irvine Foundation might frame, focus, and advance efforts to achieve policy reforms in its primary program areas. It is organized around a framework developed to support the Foundation’s thinking about its grantmaking options.

The Power of Strategic Mission Investing

A growing number of foundations are offering low-interest loans, buying into green business ventures, and investing in other asset classes to advance their missions. Yet most mission investing remains haphazard and inconsequential. To bring about real change, foundations need to take a fundamentally different approach, making strategic mission investments that complement their grantmaking. Authors Mark Kramer and Sarah Cooch talk about strategic mission investing in the Fall 2007 issue of Stanford Social Innovation Review.

Prática de grantmaking não pode ser confundida com simples doação

Uma das tendências do terceiro setor no Brasil é a prática de grantmaking pelas organizações da sociedade civil e pelas empresas, ou seja, financiar projetos sociais já existentes em vez de criar novos e executá-los por conta própria. Apesar de ser um assunto novo por aqui, essa iniciativa é comum em outros países, cujas práticas estão sendo adaptadas à realidade brasileira.

“”O processo de grantmaking é longo e difícil, principalmente em países que não têm muita tradição neste movimento. Alguns têm programas bastante interessantes nesta área, como o Quênia e a Índia. Aqui no Brasil isso é algo novo, mas que começa a se tornar muito forte e já tem lições a dar””, diz a representante da Fundação Ford no Brasil, Ana Toni.

Ana explica que há escolhas a serem feitas para que a prática de grantmaking seja positiva. Como forma de auxiliar este processo, a Fundação Ford lançou recentemente o projeto Grantcraft – Practical Wisdom for Grantmakers. Desenvolvido para fortalecer os debates e as reflexões a respeito da prática de grantmaking, envolve guias, vídeos e estudos de caso com temas como: práticas e métodos que tornam as doações mais efetivas, dicas sobre relacionamento entre financiadores e financiados e lições sobre como organizar o trabalho para obter melhores resultados. Além disso, algumas apresentações, publicações e workshops desenvolvidos pela Fundação Ford nos últimos dez anos também foram disponibilizados. “”A doação não é um trabalho que pode ser feito sem profissionalismo””, explica Ana.

Prática – Uma das organizações brasileiras que já vem praticando o grantmaking é a Fundação Odebrecht. Na busca por uma prática de financiamento mais focada na missão e nos objetivos da entidade, ela optou, em 1997, por definir princípios, conceitos e critérios de atuação. “”A partir daí, articulamos com empresas, governo e instituições do terceiro setor parcerias para a implementação de programas novos ou já existentes, sempre tendo como operador das ações uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) criada ou identificada nesse processo””, explica o superintendente da organização, Maurício Medeiros.

Medeiros afirma que, ao assumir essa postura, não existem vantagens operacionais, mas a organização é levada a realizar projetos de vanguarda, sempre pautados no profissionalismo e na busca de impactos positivos para a comunidade. “”Com a crise financeira, as circunstâncias não são muito favoráveis para a captação de recursos, o que compromete o desenvolvimento de ações sociais. Mas nós acreditamos que sempre existem financiadores para bons projetos e estamos capacitando as organizações para elaborá-los e desenvolvê-los, para que não dependam exclusivamente do nosso aporte e caminhem rumo à sustentabilidade.””

Para a gerente de patrocínios do Instituto Telemar, Samara Werner, a crise financeira faz com que as empresas ganhem uma consciência ainda maior de seu papel no desenvolvimento do país. “”O que se vê hoje é o crescimento de iniciativas conjuntas entre Estado, iniciativa privada e as organizações da sociedade civil. As ONGs já realizam diversos projetos testados e bem-sucedidos, além de terem experiência e capacidade para propor iniciativas, mas muitas vezes não têm recursos suficientes. Construir parcerias promove uma união de esforços de pessoas e organizações com interesses comuns.””

O Instituto Telemar tem uma linha de financiamento a iniciativas que visem a criação de um modelo a ser replicado e busquem aproximar, capacitar e desenvolver comunidades por meio de tecnologias de comunicação. A avaliação de todos os projetos concorrentes ao Programa de Apoio, que abre inscrições em dezembro, é feita por uma comissão julgadora composta por especialistas que selecionam e destacam as melhores propostas.

Samara conta que a organização recebe os mais diversos projetos dos mais variados lugares do país. “”Dentro deste universo, acreditamos que a possibilidade de sucesso é muito grande. Para isso utilizamos critérios como avaliação de desempenho, impacto na comunidade, perspectiva de auto-sustentabilidade, diagnóstico prévio e potencial multiplicador, entre outros.””

Incentivo – O processo de financiamento da Fundação Avina baseia-se no apoio a líderes, não a projetos. “”Queremos apoiar a liderança porque a organização não é nada sem ela. Temos alguns critérios de seleção dos líderes e elaboramos o projeto em conjunto. É uma espécie de parceria””, explica Caroline da Costa, analista de projetos da representação de Brasília (DF).

Sempre que apóia um desses líderes, a Fundação oferece um valor a mais do que o necessário para desenvolver o projeto, mas que somente será entregue se o líder conseguir captar aquele mesmo valor junto à iniciativa privada brasileira. É o chamado Fundo Desafio.

“”É um prêmio para o líder que vai captar os recursos para o projeto, mas é também um esforço para que ele estimule a iniciativa privada brasileira a doar fundos para programas sociais””, conta Caroline. Com isso, além de incentivar a prática de grantmaking pelas organizações nacionais, pode contar com uma reserva de recursos para quando a parceria terminar.

Prêmio – Para identificar, sistematizar e divulgar uma série de soluções sociais criadas e colocadas em prática por diversas instituições espalhadas pelo país, a Fundação Banco do Brasil lançou, em 2001, o Prêmio Tecnologia Social.

“”Para que uma iniciativa possa ser reconhecida como tecnologia social, ela precisa ter baixo custo, fácil aplicabilidade e resultados comprovados na resolução de problemas que atinjam comunidades de baixa renda ou em situação de risco social””, explica o diretor de comunicação e marketing da fundação, José Humberto Vieira.

A cada dois anos são premiadas cinco tecnologias desenvolvidas por organizações da sociedade civil e uma realizada por empresa. Cada vencedor recebe R$ 50 mil para aprimorar e ampliar o projeto.

“”Ao ser reconhecida como tecnologia social, a iniciativa poderá ser utilizada por qualquer pessoa ou entidade interessada e o responsável se compromete a fornecer todas as informações para a replicação””, afirma Vieira.

Grantmaking requer responsabilidades de doador e donatário

Ana Toni é economista, trabalhou em diversas organizações não-governamentais estrangeiras e é a nova representante da Fundação Ford no Brasil.

Em entrevista ao redeGIFE, ela fala sobre como a crise financeira está afetando os investimentos na área social, o que as organizações devem fazer nesse período e a importância da prática do grantmaking no país.

redeGIFE – Por sua experiência internacional, quais são as diferenças que a senhora vê entre as organizações financiadoras internacionais e as brasileiras?
Ana Toni – Uma grande diferença é o tempo que as organizações internacionais já vêm trabalhando com uma relação sistemática de doação. No caso da Fundação Ford já são quase 70 anos. A maioria das organizações brasileiras faz há menos tempo e não tem tanta experiência, mas isso não significa que façam com menos qualidade. Outra diferença é que, como estão geralmente em vários países, as organizações internacionais têm a possibilidade de troca e aprendizado com essas diversas experiências. Se estamos restritos a um país, essa troca é bem menor.

redeGIFE – De que forma a crise financeira mundial está afetando o investimento social feito por empresas e organizações do terceiro setor?
Ana – Ela vem afetando bastante. Muitas fundações americanas e européias têm um endowment (fundo patrimonial) nas bolsas de valores internacionais e, com isso, conseguem financiar projetos. A crise internacional não está permitindo que algumas organizações façam as doações da maneira como gostariam. As organizações restritas a um só país têm menos dificuldades com a crise mundial, mas, em contrapartida, sofrem com a situação nacional. Normalmente, elas investem mais no setor social quando estão mais saudáveis economicamente e vice-versa.

redeGIFE – O que pode ser feito para evitar que as organizações do terceiro setor fiquem sem financiamento nestes períodos?
Ana – As organizações internacionais, quando estão com problemas financeiros, não costumam mandar seus donatários procurar outras financiadoras. Isso porque sabem que os outros doadores também estão passando por complicações financeiras. Dessa forma, o que as organizações que recebem o financiamento podem fazer é evitar alguns custos até que a situação se normalize. E nós, as doadoras, também estamos fazendo cortes internos. Assim, deve haver uma ação conjunta, ou seja, uma contenção de despesas tanto dos doadores quanto dos donatários.

redeGIFE – Podemos pensar com otimismo no aumento da prática do grantmaking feito por organizações brasileiras?
Ana – Tenho dois comentários sobre isso. Primeiro, o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, mas apesar da crise financeira e das dificuldades generalizadas há muitos setores com grandes possibilidades de doação e que ainda não estão explorados. Existe aqui um potencial de expansão muito grande na área de grantmaking. O segundo comentário é que as próprias empresas percebem as vantagens de colaborar e que há maneiras e maneiras de fazer isso. Todo mundo pode ajudar de diversas formas: com recursos para outras áreas sociais, mesmo dentro da empresa, entre outras coisas. A área de grantmaking é tão vasta que, mesmo com a dificuldade financeira, o potencial de algumas empresas em atuar nessa área não é eliminado. É uma área que vai além das verbas disponíveis e que pode ser feita com muita imaginação, criatividade e profissionalismo.

redeGIFE – A senhora falou em potenciais a serem explorados. O que pode ser feito para despertar esses potenciais?
Ana – Acho que a primeira coisa é ter maior entendimento do que é grantmaking. Isso para o público no Brasil ainda não está muito claro. O grantmaking requer responsabilidades tanto do donatário quanto do doador. Muitos vêem o grantmaking como um favor, não como uma parceria com obrigações mútuas. Acho que isso é um assunto importante, mas pouco discutido. Acredito que ainda existe espaço para se fazer isso e espero que o governo também possa ajudar, dando mais incentivos às empresas nessa área e trazendo à tona a discussão sobre os problemas sociais. E, logicamente, incentivos fiscais seriam uma grande ajuda para o setor. No caso do Brasil, as empresas não têm vantagens econômicas, como acontece em outros países, nos quais existem incentivos e isenções de alguns impostos.

redeGIFE – O que a senhora indicaria como bons motivos para uma organização nacional passar a fazer grantmaking?
Ana – Acho que o maior estímulo é colaborar para acabar com os problemas sociais e econômicos do país, o que é responsabilidade de todos. O grantmaking faz com que as empresas colaborem de maneira mais estratégica, e não apenas eventual. Muitas delas estão percebendo que isso faz parte da própria visão da empresa e estão sentindo a necessidade de criar uma fundação, de criar algum meio de grantmaking que vá além de pensar que os problemas sociais estão fora de seu âmbito. Esse tem sido um processo interessante.

redeGIFE – Algumasorganizações que já financiam projetos desenvolvem ações como prêmios e balcões de projetos para fazer a seleção daqueles que serão financiados. Quais outras ações podem ser boas alternativas para essa seleção?
Ana – Acho que prêmios e balcões são boas alternativas, desde que tenham por trás deles uma boa estratégia. É preciso saber para quê esses instrumentos estão sendo usados, o que se quer atingir, quais as suas limitações e porque elas existem. Mais importante que a própria escolha dos instrumentos é o estabelecimento de estratégias.
Antes de começar qualquer projeto é preciso parar e pensar o que se espera conseguir com seu grantmaking. Qualquer empresa ou organização que queira entrar nesta área realmente precisa saber quais são os seus objetivos. Tem que estar consciente do que se quer colher e de quais são as responsabilidades neste processo, porque não se pode parar na metade. Deve haver consciência de que podem surgir problemas, de que existem limitações e, ao mesmo tempo, ser persistente. É importante que as empresas e fundações procurem pessoas que têm expertise em grantmaking para auxiliar a formatar a área em que vão trabalhar. Assim, não se sentirão frustradas e não desistirão.

redeGIFE – Quais as principais mudanças pelas quais a Fundação Ford no Brasil tem passado?
Ana – Temos passado por diversas mudanças, mas acredito que a principal é que estamos tentando dar mais ênfase ao trabalho de investimento no potencial nacional. A fundação sempre trabalhou em prol da justiça social, mas agora pretendemos fazer um trabalho muito mais voltado diretamente aos atores sociais. Projetos que trabalhem com esses atores, que dêem bolsas de estudo, por exemplo.

redeGIFE – Soubemos que haverá a extinção do portfólio de Educação nas áreas de trabalho da organização. Quais foram os motivos para a escolha dessa área?
Ana – Primeiro eu gostaria de deixar claro que de maneira alguma a Fundação Ford está fora da área de educação. Esta é uma área fundamental e todas as outras com as quais trabalhamos têm uma relação muito forte com o mundo acadêmico, com o profissional da educação. Nós temos projetos específicos em universidades que irão continuar. O que está sendo eliminado é uma área que trabalha no sistema educacional, na participação nas escolas, que faz a parte de avaliação de professores e diretores, porque quando tivemos a necessidade de corte, analisamos que este processo já estava bastante maduro.